segunda-feira, 27 de abril de 2020

"Telépolis, a distância, a velocidade e a ressonância"


Vale a pena ler o texto de João Maria André, professor de Filosofia da Universidade de Coimbra acima identificado. Começa assim:
Em 1994, num livro intitulado Telépolis, o filósofo espanhol Javier Echeverría descrevia nestes termos o perfil dessa nova forma de polis ou de cidade à distância que então se ia consolidando na sua emergência: 
“Telépolis não está assente sobre um território bidimensional que pudesse ser cercado por círculos concêntricos e vias de saída, nem é reduzível a um conjunto de volumes edificados sobre tal planta: não tem perspetiva visual, nem geografia urbana desenhável sobre um plano. É multidimensional pelo seu próprio desenho e nem sequer a partir do alto é possível aceder a uma visão global da nova cidade. Para nos orientarmos minimamente nela já não valem os antigos mapas de cidades: há que recorrer a múltiplas bases de dados, cada uma das quais nos oferece apenas um corte ou aspeto. As possíveis delimitações que se proponham na nova cidade já não estarão baseadas na distinção entre interior, fronteira e exterior, nem, portanto, nas parcelizações do território, mas em estruturas reticulares, arborescentes e inclusivamente selváticas, sem prejuízo de que na imensa complexidade futura possamos chegar a distinguir novas formas de identificação e de classificação rigorosamente estruturadas. Para começar a investigar esta nova estruturação do espaço social, utilizaremos inicialmente um recurso puramente metafórico, mostrando que as componentes clássicas de uma cidade (as suas casas, os seus quarteirões, os seus bairros, as suas ruas, as suas praças, os seus subterrâneos, os seus cemitérios, as suas vias de saída e de entrada) mudaram radicalmente, ao perder o primado um conceito extensivo da polis e ao modificar-se a sua estrutura topológica.”
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