O artigo sobre a média na colocação de professores saído no Observador foi muito visto, mas o problema
continua actual pois o MEC está surdo, cego e mudo, neste problema como noutros (como os da escandalosa avaliação da ciência). Estive a ver melhor e agora, depois de ter visto e ouvido, eis o
que tenho a dizer:
- A fórmula aplicada no programa GPC/2 + CE/2
(onde GPC = Graduação
Profissional do Candidato e CE = Critérios da Escola; aparentemente na lei não está uma fórmula mas uma descrição por
palavras, mal escrita, como acontece com muitas leis do MEC) é simplesmente idiota. Não faz sentido nenhum
pois como diz o seu artigo não se somam coisas de duas escalas diferentes para no fim dividir por dois. É absurdo,
é somar alhos com bugalhos.
- A fórmula GPC/2 + GPC/2 x CE, proposta por um professor, também não serve. Outras fórmulas, como uma que vi publicada em comentário ao artigo, também não serve.
- O que se tema fazer é muito simples. Normalizar para a mesma
escala as as duas classificações GPC e CE e só depois dividir por dois. A 2.-ª está numa escala de 0 a 100
(com um máximo que não oferece dúvidas, pois por definição não
pode haver 101%). Então tem simplesmente de se ver quanto é 100% para a 1.ª, GPC. O
máximo resulta de somar 20 (máximo de valores) a 10 (máximo de anos para aqueles professores, não acredito que
sejam mais, mas se forem 15 ponha-se 15). Depois por uma proporção simples, passa-se o máximo para 100% e o GPC fica dado em
percentagem. Têm-se então 2 percentagens faz-se a média aritmética
simples (somar e dividir por dois) e fica-se com uma ordenação em
percentagens. Ficam todos ordenados de acordo com a lei que mandar
dar peso idêntico a cada factor.
- O que está feito, seja para 2, para 20 ou para 2000 professores
está errado. Como eu disse à jornalista Catarina Martins do Observador é injusto, por dar muito mais valor à
CE do que ao GPC, e ilegal, por não cumprir a lei.
- O MEC tem de emendar isso. A 5 de Outubro está pejada de pessoas
que nem calcular uma proporção sabem. O ministro sabe, mas não os
pode despedir (apesar da incompetência deles), nem, o que é pior, os quer
emendar. Está refém deles! O problema é a existência de
professores inocentes que são vítimas da incompetência dessa gente e da falta de respeito à verdade e
falta de coragem do ministro. Se há professores colocados ao
abrigo desse erro devem ser imediatamente descolocados, pois um erro deve emendar-se
imediatamente. Não há nenhuns direitos adquiridos: se o meu banco
me transferir dinheiro que não é meu para a minha conta, eu terei de devolver o dinheiro.
O emprego não é de quem o ganhou com uma trapaça, embora não feita
pelo próprio.
A desculpa que se tem feito assim, i.e., que há uma tradição nesta matéria, é
ridícula. É algo parecido com defender a escravatura ou a proibição
de voto das mulheres com base na tradição. O ano passado fizeram um disparate (minorado, pois
parece que a 2.ª parcela tinha o máximo de 10 e não de 100). Se o
MEC o quer repetir, significa que é incapaz de aprender. Como quer que os outros
aprendam? Como quer esta gente supervisionar o ensino?
4 comentários:
"A 5 de Outubro está pejada de pessoas que nem calcular uma proporção sabem. O ministro sabe, mas não os pode despedir..."
Uoooa... espere lá sr. prof. O que diz até poderá ser verdade (embora tais acusações devessem ser acompanhadas de argumentos masi substabciais). Mas duvido muito que a definição de tal regra tenha acontecido a um nível abaixo de director geral, ou seja uma cargo político. E nesse caso pode ser despedido ou, quem sabe, nunca deveria ter ido para lá.
É caso para perguntar se foi um erro Crasso, um erro cratino... ou se foi de propósito e por quem tem responsabilidade.
Eis Carlos Fiolhais inventa o ministro-vítima. A FCT anda a ceifar tudo o que mexe? A culpa é do Seabra, o pobre do Crato não pode fazer nada para evitar; é uma vítima. O MEC faz asneira? A culpa é dos funcionários, o pobre do Crato não pode fazer nada para corrigir; "está refém deles!". Pobre Crato: queria implodir o ministério e, segundo Fiolhais, acabou implodido. Uma vítima. Quando sair daquele inferno devemos dar-lhe lenços impolutos - e muitos! - e abraços fraternais. Depois choraremos enquanto rimos com o Moedas como comissário da Ciência. Nada que o Crato pudesse evitar.
Independentemente de quem teve responsabilidades, o erro é por demais evidente e foi tornado público. Logo deveria ter imediatamente surgido um ordem do mais alto nível no ministério para corrigir esse erro. Se essa ordem não surgiu só podemos concluir que os responsáveis mais altos do ministério (leia-se ministro Nuno Crato) pactuam com esta actuação e estão contra o espírito da lei, aprovada pelo próprio governo a que pertencem. A meu ver isto deve seguir para os tribunais, com responsabilização directa do ministro.
Eu concordo consigo. Os ministros são os responsáveis primeiros dos actos do ministérios. Mais ainda quando não corrigem erros. É isso que está aqui em questão: existe um erro matemático grosseiro e a responsabilidade é do ministro Crato. Contudo, para o Carlos Fiolhais todos são culpados de tudo menos o Crato. Esse é sempre um pobre refém do ministério. Isto é uma forma de corrupção moral muito típica do vilarejo que insiste ser Portugal.
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