O Prof. Jorge Calado, no seu recente livro "Limites da Ciência" (Fundação Francisco Manuel dos Santos), escreve assim sobre os administradores de Ciência:
"Julgo que foi C.
P. Snow quem primeiro notou que a criação de ciência e a administração da
ciência requerem qualidades humanas muito diferentes, quase opostas. Enquanto
o/a cientista tem de se dedicar a um problema, profunda e obsessivamente,
durante um longo prazo (meses e anos), o/a administrador/a de ciência tem de decidir
sobre muitas e variadas coisas (embora ligadas por múltiplas conexões) e
fazê-lo no curto prazo (semanas ou dias). O primeiro é um ouriço, enquanto o
segundo é uma raposa (para usar a terminologia de Isaiah Berlin). De facto, o
ouriço sabe uma coisa importante; a raposa, porém, sabe muitas coisas. Parte
dos problemas é haver cientistas (ou pessoas com as qualidades inatas dos
cientistas) a administrar ciência ou, pior, administradores de ciência a
(tentar) fazer ciência. Em Portugal, a tradição, duplamente errada, é enxotar
os cientistas incompetentes para a administração da ciência."
1 comentário:
Em Portugal a máxima parece ser: quem sabe fazer, faz; quem não sabe fazer, ensina: quem não sabe fazer ou ensinar, administra.
Enviar um comentário