Chegou-nos do nosso correspondente no estrangeiro, arguto analisador da "avaliação" da ciência portuguesa, este "Passatempo de Verão FCT", que temos o maior gosto em divulgar:
Tendo em conta que a maior parte
dos investigadores estará de férias, e se calhar só 50% estão preocupados com a
avaliação (deixamos à vossa escolha se são os 50% que passaram à segunda fase
ou os que não passaram; a resposta depende se os primeiros já tomaram
consciência do que os espera no final de Dezembro), aqui fica hoje um pequeno
passatempo.
A ideia é descobrir quantos erros
é que há na justificação apresentada pela FCT reproduzida aqui a partir de uma
notícia do jornal “Público” de 18 de Julho:
«Esta
sexta-feira, após a divulgação dos contratos, o PÚBLICO questionou novamente a
FCT sobre a definição prévia de uma quota de sucesso. A fundação, através da
sua porta-voz Ana Godinho, justifica que aquele valor dos 163 centros era
apenas “uma estimativa” feita com base na avaliação de 2007: “[Nessa altura]
cerca de 50% das unidades teve Mau, Razoável ou Bom.”»
Esta justificação, apresentada
pela primeira vez pela referida porta-voz da FCT, tem sido depois repetida pela direcção
da FCT para justificar a não existência de quotas.
Já mostrámos anteriormente
porque é que a justificação dada acima sobre a indicação do número de centros a
passar à segunda fase que surge no contrato não é séria.
Resumidamente, pretende a FCT que
esta estimativa, baseada no número de centros com as classificações
correspondentes na avaliação de 2007, tinha como único propósito permitir
estabelecer o valor a pagar à ESF. Para além da comparação não fazer sentido
nenhum uma vez que tanto a escala de classificações como os financiamentos
foram alterados, o facto de esta instrução também surgir num anexo do contrato
onde estão descritos os procedimentos a seguir pelos painéis não deixa margem
para dúvidas sobre o que a FCT encomendou.
Mais precisamente, é indicado
nesse anexo o que se espera do resultado da primeira fase, a saber,
“Stage 1 will result in a shortlist
of half of the research units that will be selected to proceed to stage 2.”
Contamos pois já dois erros: o
número indicado não era uma estimativa, mas sim uma consequência das instruções
dadas aos painéis sobre o que devia ser o resultado da primeira fase da
avaliação, e o facto de não se poder comparar duas escalas de classificações e
financiamentos diferentes – aliás, estes erros já apareciam identificados na
notícia do "Público" mencionada acima.
Mas conseguirá o leitor atento
descobrir mais erros?
As respostas poderão ser enviadas
para dererummundi@gmail.com até às 17h de sexta-feira dia 8 de Agosto,
colocando “Passatempo de Verão FCT” no assunto da mensagem. Como é hábito neste tipo de
iniciativas, os funcionários da FCT (e os seus familiares) não podem participar
por possuírem informação privilegiada.
Os vencedores do Passatempo
receberão o título de "FCTbusters" honorários.
1 comentário:
Eu faria um pequeno ajuste a posteriori das regras do passatempo.... Algo do género:
De todos os participantes (independentemente de conseguirem detectar mais erros), cerca 50 % passarão à segunda fase do passatempo. Aí prometemos exotismo mais sofisticado
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