segunda-feira, 3 de maio de 2010

O senhor da guerra


Transcrevo a minha carta publicada hoje no jornal Público:

"A recente crónica de Helena Matos, publicada neste jornal (22/4)), intitulada 'O admirável mundo dos sindicatos', refere as ameaças bélicas de Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, contra a actual ministra da Educação, Isabel Alçada: 'Se o governo quer guerra é guerra que vai ter"'(Abril 2010). Aliás, declaração de guerra já feita em termos idênticos à sua antecessora, Maria de Lurdes Rodrigue, em 2008.

Saiu-se bem Mário Nogueira, com o apoio de retaguarda das hostes da chamada plataforma sindical, na campanha contra Maria de Lurdes Rodrigues que foi empurrada, em boa hora, do último piso da 5 de Outubro para fora com a bandeira branca da rendição. E quando tudo parecia correr numa relação perfeita entre ele a novel Ministra da Educação, Isabel Alçada, por ela ter um passado de dirigente da Fenprof, de um momento para o outro, foram ocupadas trincheiras diferentes por a actual titular da Educação não ceder terreno às ameaças do secretário-geral da Fenprof que tem vindo a perder crédito por dar uma no cravo e outra na ferradura com o evidente desagrado de muitos docentes.

As desavenças, entre ambos, começaram quando Isabel Alçada afirmou 'estar empenhada na criação de um sistema de avaliação de professores que recompense o esforço e a qualidade' (Diário Económico, 26/11/2009). Aliás, tenho dificuldade em compreender como sindicalistas ao serviço de partidos políticos se arrogam ao direito de discutir assuntos de avaliação sem a vivência diária dos problemas dos professores.

O principal pomo de discórdia parece ser a avaliação dos professores que quando discutida à mesa de várias negociações ficou prejudicada pela ameaça de Mário Nogueira de se retirar de imediato se não fossem satisfeitas as suas condições prévias de um diálogo entre si e os seus botões. Bem mais pacífico foi, porventura, o sistema de avaliação dos dinaussaros do dirigismo sindical que chegaram ao topo da carreira docente afastados das escolas onde seria presuntivo estarem a dar aulas se não se tivessem tornado profissionais do sindicalismo. Entretanto, professores bem mais credenciados academicamente e com experiência de vida docente invejável marcam passo por um acesso congelado a escalões mais altos da carreira docente porque aprisionados em teias de uma mediocridade que muito tem prejudicado um ensino em que só através de uma maior justiça do actual sistema de avaliação dos professores, separando o trigo do joio, se poderá pôr cobro à situação de Portugal se ter tornado num país de oportunistas, parafraseando Ortega y Gasset, com 'ódio aos melhores'".

4 comentários:

Anónimo disse...

O sindicalismo hoje não têm força alguma, está preso a ideologias fossilizadas, vulgo PCP, e a interesses corporativos!

Mário Nogueira não quer a avaliação, esta nem nenhuma, ele anda tão agitado porque o tempo em que se passava anos numa escola a arrastar-se sem fazer nada e subir automaticamente, acabou, falo obviamente dos maus profissionais.

Este sindicalismo foi tomado por pessoas que já nem sabem o que é ser professor ou dar aulas, querem é tachos, se o governo lhe der 1 tacho bem grande este senhor cala-se e é disso que têm andado à procura!

Anónimo disse...

Os professores têm de ser bons fabricadores de papéis, bons arquivadores de papéis, bons patetas-alegres (bons colegas, senso-comum), bons pacificadores de ânimos... tudo menos bons seres pensantes, actualizados na área em que tiraram as suas licenciaturas e honestos. Apenas um desabafo inútil de mais uma que, como muitos outros, procuram desesperadamente uma alternativa a este inferno.
Helena Rodrigues

Anónimo disse...

De facto, um bom exercício contra os sindicatos!
Por onde anda o juízo?

Carlos Magalhães

Rui Baptista disse...

Caros comentadores: Obrigado pelos vossos 3 comentários.

A minha carta do Público foi publicada em tempo oportuno por contraditar um artigo de opinião do secretário-geral da Fenprof com o título : "Esta Fenprof incomoda que se farta!"

"Esta" Fenprof? Haverá outra Fenprof?

Pelo desenrolar do texto, verifica-se que quem se sente incomodada é a Fenprof, ela mesmo, com a acção dos blogues e dos movimentos independente de professores. O próprio Mário Nogueira o diz.

Para não gastar mais cera com ruim defunto, transcrevo, apenas, uma declaração de "O senhor da guerra":"A Fenprof não confunde a acção sindical com 'guerras' pessoais e adopta a postura política e institucional que dela esperam os docentes".

Que docentes? Todos os docentes deste país? Mesmo aqueles de dela saíram descontentes? Mesmo aqueles de outros sindicatos? Mesmo aqueles que nunca foram sócios de qualquer sindicato?

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