terça-feira, 11 de maio de 2010

A propaganda da Carris


O assunto será controverso, mas um nosso leitor colocou-o e nós aqui o deixamos para eventuais comentários. Deve uma empresa pública, cujo serviço de transportes é utilizado diariamente por pessoas de todas as religiões e mesmo sem religião nenhuma, fazer proselitismo religioso?

"Não sei se será um tema que vos interessa, e penso que até talvez escape ao contexto do blog. Mas deparei-me hoje com este site, que talvez possa ser interessante para comentarem:

http://www.carris.pt/pt/noticias/2010/visita-de-sua-santidade-o-papa-bento-xvi-a-lisboa/

O caminho acima leva-nos à secção de notícias. Mas o que está em causa neste local não é a informação dos utentes quanto a perturbações no serviço, que serão em grande número e portanto o mereceriam. O que aqui está em causa é a pura promoção de uma mensagem de uma religião específica e a promoção do evento em si. Isto não se coaduna com aquela que é (e deve ser) a política de uma empresa pública num Estado laico. E por estes dias isto é apenas um exemplo: temos vistos muito mais casos assim.

Já enviei um e-mail para a Carris e para o Ministério competente, tal como outras pessoas com quem partilhei o link. Ainda que não considerem interessante, fica a sugestão."

Ricardo Teixeira

2 comentários:

joão boaventura disse...

Não vejo inconveniente.

Como diz o nosso Padre Vieira:

"Em havendo olhos maus, não há obras boas",

ou, sob outro prisma, do mesmo Vieira:

"Se olharmos com simpatia até um rato preto nos parece branco; se olharmos com antipatia, até um cisne branco nos parece preto".

Não me repugna nada que o mesmo procedimento se aplique a qualquer figura maior de outras religiões ou igrejas que oficialmente visitem Portugal.

Se não se fizer uma rigorosa auto-crítica relativamente a temas deste teor, a Europa enleiar-se-á numa multividência vazia ou num lugar comum; se a Europa tem aceite a entrada de outros cidadãos, outras religiões, outras igrejas, é porque deseja o multiculturalismo.

E, se as outras religiões e igrejas entre nós permanecem, é porque respeitam as religiões e igrejas que vieram encontrar.

O facto de ser um Estado laico não dignifica que desrespeitem as religiões como fez a 1.ª República que chegou ao extremo de fazer mensurações antropológicas às cabeças dos padres e dos jesuítas, como se constituíssem povos primitivos.

Depois de tanta vergonha, a 1ª República, acabou por aceitar e respeitar os servidores da Igreja.

Laicismo puro não há, e não vejo em que desonra caiu o Estado de Direito, mesmo que siga o mesmo procedimento relativamente a outras religiões e igrejas.

Dario Silva disse...

Nao consegui abrir o link.
Se o mesmo referisse, como aconteceu com a CP (nomeadamente no Grande Porto), a realização de transportes especiais dada a esperada enchente, não vejo qualquer problema. A Carris tem como missão transportar pessoas.

Mas, como não consegui abri o link, mais não posso dizer.

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