segunda-feira, 10 de agosto de 2009

SOBRE A INTERRUPÇÃO DE COMENTÁRIOS

A opinião recebida do leitor Alexandre Wragg Freitas sobre a actual interrupção da afixação automática de comentários no De Rerum Natura, um assunto que continuamos a avaliar. É claro que a opinião recebida dos leitores pesa nessa avaliação. Entretanto, publicamos esse comentário, como temos feito com todos os que recebemos:

Constato, após um período de ausência, que os autores do "De Rerum Natura" optaram por interromper a publicação de comentários. Tenho pena que tenham tomado essa decisão.

Concordo integralmente com a opinião do João Sousa André. Mas acrescento.

Desde há tempos que tenho notado um certo mal estar dos autores do blogue com as opiniões de outros, sejam eles comentadores do blogue ou não. Parece-me que há um problema fundamental que os autores deste blogue ainda não ultrapassaram, nomeadamente o de optar entre (1) uma divulgação massificada, sujeita a debate e discussão, sujeita a todo o tipo de contra-argumentos, de estilos de exposição, de temperamento ou (2) uma divulgação que eu diria aristocrática, de elites para elites, sem direito a resposta.

Todos nós (eu também) desejamos unir os benefícios de ambos: uma divulgação para todos, sim, mas em que todos se respeitam e em que todos têm ideias e comentários "razoáveis". Mas isso não é possível sem a existência de uma relação de poder capaz de triar e de separar, como disseram, o trigo do joio. E isso, por sua vez, levanta sempre duas questões bicudas: a de saber qual é a legitimidade desse poder e a de saber o que fazer com o joio.

Em geral, estratégias que se pretendem inclusivas mas que fazem depender a inclusão de determinadas condicionantes acabam por ser exclusivas.

A grande maçada das tentativas de inclusão é precisamente a de nos obrigar a esburacar através das diferenças, com o desconforto e o desagrado associados, e sem garantia de sucesso.

Para mim, ler os jornais não é diferente de ler os comentários anteriormente publicados no "De Rerum Natura". Misturado com muito lixo há também muitas coisas interessantes. Mas mais do que isso, a exposição, em doses controladas, a elementos patogénicos aumenta as nossas defesas naturais. E ainda mais, permite (pelo menos tentar) compreender o outro lado da barricada. Permite incluir e integrar.

Por isto e porque, como disse, concordo com as demais críticas do João Sousa André, o meu interesse no acompanhamento do vosso blogue tem diminuido drasticamente. Se eu quiser ciência tenho outras fontes onde a ir procurar. O debate aberto e livre, com todas as suas aberrações, esse sim, é que não vem nos livros.

Cumprimentos e boas opções.

Alexandre Wragg Freitas

Sem comentários:

O corpo e a mente

 Por A. Galopim de Carvalho   Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...