O quadro de Pablo Picasso "Les Demoiselles d' Avignon" (na figura de cima) é o centro das olhares no Museum of Modern Art de Nova Iorque (MOMA), um pouco como a Gioconda de Leonardo da Vinci é o centro dos olhares no Museu do Louvre (dos olhares e desses olhares artificiais que são dados pelas câmaras fotográficas: o "New York Times" fazia notar, há poucos dias, num artigo de primeira página que muitos visitantes do Louvre preferiam visionar os quadros pelos visores das suas câmaras fotográficas, para ver depois). De facto, o quadro que fez 100 anos em 2007, é considerada uma obra-prima, a obra que inaugura o cubismo e, por extensão, a pintura moderna. Há até quem tenha procurado paralelismos com a obra inovadora que Albert Einstein publicou, na área da física, em 1905.
Não deixa, porém, de ser injusto que, no MOMA numa sala mesmo ao lado, algumas telas de Henri Matisse, o artista francês contemporâneo de Picasso, gozem de atenção menor (na figura de baixo "The Music (sketch)", de Matisse, 1907). Picasso e Matisse foram dois gigantes da arte moderna e talvez tenha sido Matisse um dos poucos amigos de Picasso que viu a sua obra inovadora de 1907, acabadinha de pintar, e que se terá apercebido da sua importância (a obra só foi exibida publicamente em 1916 e só nos anos 20 do século passado o seu significado para a história da arte passou a tornar-se, pouco a pouco, claro). Na arte como na ciência, o juízo dos pares, a "peer review") é um meio determinante da avaliação. Como foi Picasso avaliado por Matisse?
O historiador de ciência Arthur I. Miller, um dos estudiosos das relações entre a arte de Picasso e a ciência de Einstein, na sua obra "Einstein-Picasso. Space, Time and the Beauty that Causes Havoc" (Basic Books, 2001), descreve como Matisse viu as "Meninas de Avinhão" (o quadro retrata um grupo de prostitutas da rua de Avignon, em Barcelona, um ambiente que Picasso conhecia bem):
"Matisse was outraged. Fernande writes thaty after seeing the painting he "talked of getting even with Picasso, of making him beg for mercy." This reaction must have particularly struck Picasso because the two men had become somewhat friendly despite their different styles. On many Fridays Picasso would visit Matisse's studio, and they saw each other on Saturday's evenings a the Steins'. They also exchanged paintings by 1907. Matisses's rage may well have rooted in the realization that Picasso had overtaken him. Apparently Matisse and the art critic Fénix Fénéon came over to the Bateau Lavoir to see the Demoiselles and exploded in laughter. The most that Matisse would offer Picasso was the backhanded compliment, "a little boldness discovered in a friend's work was shared by all." "
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