terça-feira, 29 de novembro de 2016

GRANDE PRÉMIO CIÊNCIA VIVA PARA SOBRINHO SIMÕES


Foi há poucos dias, no decorrer da Semana Nacional da Cultura Científica, anunciado que o júri do Prémio Ciência Viva decidiu atribuir o Grande Prémio deste ano a Manuel Sobrinho Simões, e professor e investigador da Universidade do Porto, médico patologista especialista em cancro da tiróide, que foi Prémio Pessoa em 2010 e que foi considerado em 2015 pelos seus pares, na revista britânica "The Patologist",  "o patologista mais influente do mundo".

O prémio agora atribuído possui um enorme prestígio, até por ter sido atribuído no primeiro ano a Guilherme Valente, o editor da Gradiva e criador da colecção "Ciência Aberta" e depois ao geólogo e incansável divulgador das ciências da Terra  Galopim de Carvalho.

Sobrinho Simões, além de grande cientista, um cientista que formou uma escola que cresceu a olhos vistos, agregando jovens muito activos e criativos, tem sido um extraordinário defensor da ciência. Foi, em particular, uma voz muito lúcida e corajosa durante o ataque à ciência quer foi perpetrado no ministério de Nuno Crato. Nunca teve nunca papas na língua, apesar de aquele ataque ter sido realizado por alguns  seus colegas de profissão, médicos como ele. Desmascarou a pseudo-ideia de "excelência" que o governo quis, felizmente sem sucesso, fazer passar. Tem tido, no espaço público, um grande papel como comunicador sobre esse flagelo do mundo moderno que é o cancro. Veja-se o seu livro "O Cancro" publicado em 2014 na colecção de ensaios da Fundação Francisco Manuel dos Santos.

Apesar de ter escritos vários artigos para o público em geral e de ter dado inúmeras entrevistas, fica a saber a pouco o livro que publicou intitulado  "Gene, célula, ciência, homem" (Verbo, 2010), que constitui um concatenação de algumas das suas intervenções. Distingui este excelente livro na escolha que recentemente fiz para uma exposição na Universidade de Coimbra "20 anos, 20 livros de ciência para todos". Agora que Sobrinho Simões está a atingir a idade da jubilação, será a altura de ele nos brindar com a sua prosa em livros que permitirão decerto levar mais longe, no espaço e no tempo, uma das mentes mais brilhantes da sua geração.

Este é um prémio que honra  quem o recebe e quem o dá. Não tendo podido estar presente na cerimónia da sua entrega, aplaudo com as duas mãos.

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