1) Pagar os tratamentos aos doentes mais urgentes pelo preço que a farmacêutica Gilead Sciences quer.
2) Trabalhar para começar a produzir o medicamento Sofosbuvir à revelia da patente, de preferência em parceria com outros países.
3) Negociar com a farmacêutica os direitos para a produção do medicamento, descontando os valores pagos pelos tratamentos iniciais (na ordem dos 60 milhões de euros para tratar 600 doentes).
É absolutamente imoral que a farmacêutica cobre 100 mil euros para tratar cada doente, por um medicamento que custa entre 68 a 136 dólares produzir, para um tratamento de 12 semanas. Claro que há outros custos a considerar, para além da produção, como os de marketing, distribuição e os direitos justos pela investigação e desenvolvimento. Mas nada justifica esta imoralidade.
Face a esta imoralidade e ao interesse público, deveria avançar-se com a produção do medicamento, deixando para depois uma negociação de direitos, que seria feita numa situação muito mais favorável do que a actual. A patente do Sofosbuvir só expira em 2029. É muito tempo para estarmos reféns desta empresa, que já demonstrou não ter escrúpulos.
Não parece uma molécula fácil de produzir. Mas felizmente temos investigadores na área da química de síntese, engenharia química e de processos, capazes de a fazer. Pode demorar seis meses, um ano, dois anos. Mas a indústria farmacêutica faz isso a toda hora, quando as patentes começam a expirar.
Claro que isto era uma estratégia para a qual não se vislumbra centelha de coragem do nosso governo para adoptar. Mas é a que eu recomendo. A indústria farmacêutica não pode impunemente ter este tipo de atitudes. Acima dos acordos da Organização Mundial de Comércio (OMS) está a nossa Constituição e a Carta dos Direitos do Homem. E mesmo os acordos da OMS seriam cumpridos, após a obtenção de um acordo e um preço justo.
Em alternativa:
Ponto único, comprar o Sofosbuvir à Índia, cujo escritório de patentes já disse que não quer saber da patente do Sofosbuvir para nada.
Em alternativa:
Ponto único, comprar o Sofosbuvir à Índia, cujo escritório de patentes já disse que não quer saber da patente do Sofosbuvir para nada.
1 comentário:
(*OMS -> OMC)
A questão é complicada mas face aos factos esta solução parece-me razoável. Poderia (iria?) era trazer uma série de consequências negativas na forma em como passaríamos a ser vistos/tratados por estas ou outras industrias. No entanto não se trata de uma situação qualquer. Quando falamos de coisas como a vida de alguém, não deveria até haver algum tipo de controlo que impedisse que certos grupos se aproveitem desta forma absurda?
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