Romântica, noturna, antifascista e anticomunista, lasciva,
comunicadora ímpar, mordaz e verrinosa, Natália Correia destacou-se na poesia
com os livros: Dimensão Encontrada, Mátria e Sonetos Românticos.
No livro com a sua poesia completa (O Sol Nas Noites E O Luar
Nos Dias), encontrei dois poemas, até então inéditos, inspirados na ciência. O
primeiro vai desde a grandeza e a doçura da ciência até à pequenez e ao amargor
da mesma. Enquanto o segundo transmite-nos, através do movimento relativo, a
imagem que a poetisa teve do país antes da revolução dos cravos.
1-Da
Claridade À Negra Ciência
Uma laranja
cai
E o chão
impede
Que ela
infinitamente caia.
Impedimento
Ou o vento
De uma
ciência
Que já foi
gaya
E agora é
triste-
Mente
astronómica.
Raios partam
A bomba
atómica!
2-Comboio
Aqui
(movente ou parada?)
Vou contra a
vida que foge
Nos campos
que à desfilada
Vão ao invés
do que corre.
Que deus me
ilude ou me mente?
Porquê na
hora fugaz
Eu julgo que
vou para a frente
Se tudo
avança para trás?
Acaso
regressa o tempo
Ao que era
antes do mal
Nas árvores
que recuam
À floresta
inicial?
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