Talvez inspirado pela recente estreia de "Cinquenta Sombras de Grey" (não vi, não vou ver, mas li o resumo do enredo), o governo português decidiu ser masoquista. Decidiu defender os excessos da troika, mesmo quando um membro da troika, Jean-Claude Junker, líder da Comissão Europeia, pediu desculpa por ter desrespeitado a dignidades de países como a Grécia, Portugal e Irlanda:
Mais disse Juncker que a troika não era democrática, juntando-se no "mea culpa" à posição, tomada há já algum tempo de Madame Lagarde, que em nome do FMI, já tinha reconhecido erros da troika nos países "sob programa" (quer dizer, tutelados), em particular em Portugal. Tanto o PS como o CDS - e bem - aproveitaram imediatamente esta mudança de direcção e flexibilidade da União Europeia, que apesar de ser em primeira linha dirigida à Grécia também nos inclui. Contudo, o actual governo de Portugal, por meio do seu porta-voz Marques Guedes, apressou-se a dizer que as declarações do Presidente da União Europeia eram "muito infelizes" e que tudo tinha corrido muito bem.
O representante do governo português - não quero acreditar que tenha sido uma posição oficial do governo português - porta-se como aquelas mulheres que foram violadas e acham tudo muito bem. Quando o violador, contrito, lhes pede desculpa elas dizem "não tem de quê" pois, imagine-se, terão gostado. Nunca Portugal esteve tão mal defendido.
3 comentários:
Como diz um jornal norueguês ( se a tradução for fidedigna) o primeiro-ministro português ergue-se sobre as patas traseiras. É a muitíssimo triste verdade!
Ivone Melo
Quero ver quando o Sr. Juncker vai fazer o"mea culpa" dos estímulos dados pela União Europeia em 2008-2009 aos países para gastar, gastar e gastar.
Mais uma vez tentaram resolver o problema económico de forma Keynesiana (lembro-me que li muitos op-eds a respeito do renascimento do Keynesianismo) e mais uma vez a receita não funcionou.
Lembra-me a famosa definição: "Insanidade: repetir a mesma coisa vezes e vezes sem conta esperando obter resultados diferentes.”
Desta feita estou com o Dr. Carlos Fiolhais, e não entendo como há quem siga na caravana do governo. Saramago tinha razão quando escreveu que este era um país de cegos. Não serão todos, mas há demasiados.
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