quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Na educação como na medicina...

Quando li no texto Ciência diluídade Carlos Fiolhais,
"Não deixa de ser irónico que os responsáveis directos pela diminuição drástica da ciência sejam todos médicos, tal como o Secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde. É médica a Secretária de Estado da Ciência e Tecnologia, é médico o Presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia e é médico o Presidente do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia."
não pude deixar de pensar que, lamentavelmente, não é só no domínio da educação que a pseudo-ciência ganha terreno e legitimidade legal. Isso é tanto mais lamentável quando se percebe que a responsabilidade final cabe a pessoas encartadas na matéria.

A medicina, que apesar de muitas derivações, tem conseguido manter um estatuto científico, (presumo que) cede agora a pressões, a modas, ao que quer que seja.

A legitimação de práticas que não são medicina como medicina é uma derrota também para a educação, pois revela que, em termos de pensamento social, ao contrário de caminharmos para uma separação de águas, do que é científico e do que não é, caminhamos para a confusão.

O que eu disse não pode ser interpretado como revelador de uma atitude de cientismo, como é frequente ser interpretado. Reconheço à arte, à religião, à filosofia... a mesma dignidade que reconheço à ciência. Trata-se de formas de conhecimento de que precisamos, mas é preciso percebermos as especificidades e regras de raciocínio de cada uma delas.

Atitude de cientismo denota, sim, quem estando noutra área que não a científica reivindica entrar nela à força e contra todos os argumentos.

2 comentários:

Anónimo disse...

Que eu saiba estamos a Portaria regulamenta a actividade apenas, não legitima a homeopatia como ciência.

Anónimo disse...

A Homeopatia nasceu de médicos e os seus maiores expoentes têm sido médicos, não deixa de ser curioso. Será que aquilo de que se queixam não será da sobrevalorização da ciência, cada vez mais cientificista? Repare-se no que a grande maioria dos seus profissionais se tornaram? Eles estão prisioneiros da Ciência, da crença que se pode vivier uma vida estritamente seguindo o conhecimento provisório do método científico, a maior falha actual dos profissionais da ciência (do Sistema) é a gradual secundarização das Humanidades, isso tem levado a uma excessiva fragmentação das disciplinas científicas, o mesmo é dizer que um doutoramento é algo como saber tudo sobre uma determinada partícula, com o custo de ter perdido a sua relação com os outros aspectos da humanidade, essa é a crença que está a ser sobrevalorizada como um Bem, não o sendo. A ciência é cada vez mais um fim em si mesma, em vez de ser um meio, obviamente a humanidade tem sofrido crescentemente com isso. Está é a encruzoilhada, a crise que vivemos hoje.

"A escola pública está em apuros"

Por Isaltina Martins e Maria Helena Damião   Cristiana Gaspar, Professora de História no sistema de ensino público e doutoranda em educação,...