Outro post do Prof. Arnaldo Dias da Silva, professor jubilado da UTAD - Universidade de Trás os Montes e Alto Douro da área das Ciências Agrárias, que tão pouca atenção têm recebido entre nós (na foto um cavalo lusitano):
Sempre
gostei muito de cavalos – são animais encantadores! Quem teve oportunidade de
ver cavalos a correr livremente ao vento, aos pulos, alegres, em manada, numa
planície sem fim, dificilmente esquecerá tal cenário.
Tenho
muita pena de não saber montar! As Terras da Maia ou do Ave onde nasci e onde
actualmente vivo não são terras de cavalos. Muitas pessoas dessas terras, como eu, apesar
disso, gostam daqueles “bichos”.
Assim,
despertou-me alguma curiosidade ler as notícias sobre o interesse do ICBAS - Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar em construir um hospital veterinário orientado para cavalos algures bem
perto do Porto, entre as Guardeiras e a estação do Metro de Pedras Rubras. Podia ler-se notícia em vários jornais há poucos dias.
O ICBAS
é uma entidade pública, como todos sabemos. Procura obter financiamento para a
construção de um hospital veterinário – dificilmente poderia ou deveria seguir
outro caminho, parece-me, na hora que atravessamos.
Ou muito
me engano ou irá bater à porta do QREN - liderado pela CCRN - Comissão de Coordenação da Região Norte – que
facultará fundos muito disputados pelos municípios. A CCRN, naturalmente, disputa estes preciosos fundos - públicos, que todos teremos todos de
pagar, convirá não esquecer.
Depois se
verá.... - vamos aguardar. Costuma dizer o povo e assumem-no muitos políticos,
que enquanto o pau vai e vem, folgam as costas... Mais tarde, nós ou
outros depois de nós, vão ter de se desenrascar.
Que
importância (económica) actualmente tem a criação do cavalo para as gentes da Maia? E que importância pode vir a ter no futuro próximo? Seguramente que tem, terá
alguma, mas não devo errar se disser que ela é e será despicienda. E o cavalo para
recreio ou competição? Será talvez mais importante,
mas pouco mais; dependerá, sobretudo, do poder de compra das populações.
E o
cavalo é importante para a economia deste país? É e muito! Outros, mais
habilitados que eu, poderão confirmar. Da tauromaquia e dos desportos hípicos,
nada sei. Sou frequentador sempre que posso, mas raramente. Na Coudelaria
de Alter do Chão, havia (ainda há?) belos exemplares de éguas e cavalos
lusitanos. Uma
colega da UTAD teve a amabilidade de me informar que a piscina de Alter
está “às moscas”! Coitada, acabou por ter o
mesmo destino que uma linda piscina para cavalos inaugurada com pompa e
circunstância no consulado de José Sócrates na UTAD há bem poucos anos, evento sublinhado pelo relinchar de uma bela égua nas cavalariças... Assisti a esta cena.
Mas o
titulo deste crónica não sugeria outro assunto? De facto assim era.
Tardiamente, aqui vai. Recebi hoje a Newsletter de Outubro da
Universidade de Agricultura da Dinamarca (Aarhus). Nela surge destacado um contrato no valor de 62,5
milhões de coroas dinamarquesas, que vai ser assinado no próximo mês entre o
gigante sueco-dinamarquês da indústria dos lacticínios (ARLA) e a
Universidade local.
O
contrato prevê a duração de 5 anos. A universidade pretende formar 40
PhD e pós-doutorados. Ambos vão
estudar efeitos nutricionais e na saúde do humano provocada por dietas que
contenham produtos lácteos.
A Universidade do Porto (UP) fica no
Porto e em Vairão, cerca de 25
km a norte do Porto. A UTAD fica e m Vila Real, a
120 de distância do Porto. Fazem aquilo que que
sabemos. A LACTOGAL e AGROS, ficam em freguesias de Vila Conde, a
20-30 km
do Porto. São as maiores organizações de lacticínios portuguesas, ou seja,
dedicam-se, genericamente, à recolha , à transformação e comercialização do
leite de vaca. São importantes organizações cooperativas da lavoura do Norte de
Portugal.
Hoje,
Portugal já é – felizmente - autónomo no leite em natureza. Importa
ainda, sobretudo, alguns iogurtes e queijos. Enquanto isso, o ICBAS – que integra a UP - anuncia a construção de um hospital
veterinário para grandes animais – cavalos, sobretudo. A Universidade de
Agricultura de Aarhus, Dinamarca – país na vanguarda europeia e mundial dos
lacticínios - celebra contrato com a indústria de lacticínios (cooperativa e
não-cooperativa associada à cooperativa) para
para novos desafios alimentares.
Portugal está como está.
Alguma vai mal e, muito provavelmente, não será
no reino da Dinamarca...
Arnaldo Dias da Silva
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