terça-feira, 11 de novembro de 2014
REITOR DOS REITORES INSISTE NA CRÍTICA À "AVALIAÇÃO" DA ESF/FCT
António Cunha, Presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas a partir de hoje, insiste na crítica muito forte que ele e os Reitores portugueses têm feito, em uníssono à "avaliação" (quer dizer, pseudo-avaliação) da ciência nacional. O certo é que o ministro Nuno Crato não mexeu ainda uma palha num processo mal conduzido, cheio de falhas e com resultados desastrosos não só para a ciência nacional mas para a credibilidade do governo, em particular a dele. Quase toda a gente já percebeu que esta "avaliação" está ferida de morte após a carta dos Reitores, que nºao obteve ainda qualquer resposta talvez porque fosse impossível argumentar contra os factos graves para os quais os Reitores chamam a atenção. Eis um extracto da entrevista dada ao jornalista Samuel Silva e publicada hoje no Público (sublinhados meus):
"No dia seguinte à sua eleição, o CRUP emitiu um comunicado particularmente violento em relação à avaliação das unidades de investigação pela FCT. Foi uma coincidência?
O comunicado é assinado por dois presidentes: um cessante e outro eleito. Desde o princípio, levantámos grandes reservas ao modo como esta avaliação foi conduzida. As questões que mereceram reserva foram sempre as mesmas: a tipologia dos painéis, que considerávamos que não tinha a abrangência necessária, e o facto de não serem feitas visitas aos centros.
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O que justifica que o comunicado recente seja mais assertivo?
Houve uma fase de audiência prévia, onde várias das nossas reservas não foram resolvidas. Aquela reunião do CRUP [na qual António Cunha foi eleito, a 14 de Outubro], foi a primeira que tivemos depois de serem conhecidos os resultados da audiência prévia. Nada mais do que isso.
O que deve ser feito agora?
O sistema científico evoluiu muito e é bastante mais robusto e complexo do que era em 2007. Não me parece fazer muito sentido estar a comparar avaliações. Mas as coisas deveriam ser feitas de um modo diferente. Já o dissemos: foi uma oportunidade perdida. Gostaríamos que esta avaliação pudesse ser pedagogicamente usada pelas universidades para, dentro das suas casas, confrontarem os diversos centros com o que devia ser o caminho correcto e as soluções menos adequadas. Como a avaliação tem falhas, e há situações que são inexplicáveis, dificilmente podemos usar esta avaliação com essa lógica.
Qual é o caminho agora?
Seria muito bom que a FCT considerasse que esta avaliação não é o melhor processo de avaliação algumas vez feito e que fosse capaz de admitir as falhas. A resposta que a FCT tem dado é completamente autista. Eu não tenho dúvidas que, se me convidassem para ir avaliar os hospitais suecos, e eu tivesse a irresponsabilidade de aceitar, faria uma avaliação independente, porque não tenho qualquer ligação com qualquer hospital sueco. Agora não ia ser uma avaliação competente. A independência por si só não chega. É preciso que o processo seja competente e há evidências de coisas incompreensíveis.
Uma avaliação como esta é reformável?
Se a FCT quiser, sim. Era isso que devia acontecer. Há certamente mecanismos para percebermos onde estão as situações que não fazem sentido e tentarmos corrigi-las. Se, por causa desta avaliação, formos fechar um centro de investigação num local onde só há aquele centro a fazer aquela actividade, os custos e os estragos disto para o país são enormes.
Qual vai ser o legado deste consulado Leonor Parreira/Miguel Seabra?
Esperemos que não seja a destruição de algumas estruturas de investigação reconhecidas internacionalmente e que, em alguns casos, correm o risco de ser postas em causa devido a um processo de avaliação que, desde o princípio, tem fragilidades."
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1 comentário:
Será que não seria mesmo possível pedir uma providência cautelar para parar esta pseudo-avaliação?
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