Particularmente abundante na China, no que é hoje conhecido por Planalto do Loess, é um material facilmente erodível, de coloração habitualmente amarelo acastanhada (devido à presença de hidróxidos de ferro), que tinge dessa cor as águas de escorrência e fluviais, como são as do Rio Amarelo e as do mar, entre a costa leste da China e a costa oeste das duas Coreias e, por isso, conhecido por Mar Amarelo.
Paisagem no Planalto do Loess, província de Shanxi, China |
Catarata no Rio Amarelo (China), cuja cor resulta
da enorme carga de loess que transporta.
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Loess transportado pelo vento, em Milles County
(Iowa EUA)
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Boneca de loess
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Migrando em profundidade, o carbonato vai gerar concreções muito características deste depósito, conhecidas por löss Kindchen (bonecas do loess).
Bastante poroso, o loess, naturalmente afectado por fendas verticais, permite a formação de escarpados talhados a pique.
Escarpado natural no loess de Vicksburg (Mississippi, EUA)
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Exposto ao gélido e seco vento do norte, forte e prolongado por milénios, este “pó de pedra” voou para latitudes temperadas, nomeadamente, na Alemanha, Áustria, Bulgária, Roménia e Hungria, nos Estados Unidos da América (Iowa e Nebraska) e na China, onde deu nome ao “Planalto do Loess” e cobre cerca de 640 000 quilómetros quadrados com dezenas de metros de espessura.
O carácter pouco coeso do depósito e a sua estrutura vertical permitiram escavar habitações, como acontece na China, nas províncias de Shanxi, Shaanxi e Gansu.
Habitação rústica escavada no loess (China)
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Duas décadas mais tarde, o geógrafo alemão Ferdinand von Richthofen (1833-1905) confirmou e divulgou esta interpretação, na obra «China: Ergebnisse eigner Reisen und darauf gegründeter Studien», em cinco volumes editados entre 1877 e 1912.
Para que se tenham acumulado a grande extensão e a espessura dos depósitos de loess foram necessários uma fonte de poeira siliciclástica, a energia eólica adequada para a transportar, uma área suficientemente plana de acumulação e uma quantidade tempo na ordem de muitos milhares de anos. As vastas planuras aluviais de canais entrançados (anastomosados) que, na Primavera e no Verão transportavam grandes volumes de água do degelo dos glaciares, carregada de sedimentos, ficavam a seco no Outono e no Inverno, expondo os referidos sedimentos, dos quais o vento levantava a dita poeira (silte e argila), transportando-a para Sul.
Sistema fluvial entrançado
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A. Galopim de Carvalho
Notas:
[1] Neste contexto, a palavra argila tem significado granulométrico, isto é, o da fracção inferior a 0,004 mm. Além de minerais argilosos (caulinite, ilite e montmorilonite), há quartzo, feldspato, micas e outros minerais, reduzidos a pó, o que é normal sob um clima acentuadamente frio, onde a meteorização química das rochas é, praticamente, inexistente.
[2] Embora em percentagens mínimas, além de cinzas vulcânicas, é grande a variedade de espécies identificadas, mesmo das mais instáveis, dada a pouca agressividade química própria do tipo de ambiente correlativo.
2 comentários:
O meu computador não tem trema. É americano.
Gosto da sua boneca, Professor Galopim. É linda!
Um abraço mesmo apertado e os meus parabéns pelo uso que deu ao magnífico cérebro que lhe calhou na lotaria genética.
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