"Agora vou... obrigado", disse, fixando a câmara de filmagem, um condenado à morte enquanto o conduziam para o local de execução. Era o remate duma entrevista para um programa de televisão autorizado, que tem audiências de milhões.
Muitas outras entrevistas deste género foram e serão feitas para que, quem quiser, assista e lhe sirva de exemplo. As últimas palavras emdirecto intervaladas com imagens da família em desespero.
O leitor já percebeu que não se trata dum quadro medieval: é do presente. O país é oriental, mas assisti à notícia noocidente e não vi qualquer estremecimento por parte dos jornalistas, que a deram de modo objectivo e profissional, logo passando para o desporto com aquela ligação “e agora…”. Não pude deixar de pensar que a barbárie não tem fronteiras e a pior é a que se quer fazer por normalidade.
Apenas uma nota: a jornalista-entrevistadora desse tal país disse que se vê como “testemunha da transição da vida para a morte”, mas chorou e também disse que tem “muita porcaria no coração”. Deve ter!
2 comentários:
Sim, Professora Helena
Na atualidade, já não sabemos se
evoluímos ou se regredimos.
Chegámos agui. E agora, nós, refiro-me
particularmente aos (mais)
pobres, os que o éramos, e sempre fomos,
e os que, rapidamente, estamos a passar
a ser, "agora vamos... obrigados".
Inapelavelmente. E paramos. E estamos
perdidos. Mas, se paramos estamos perdidos.
Porém, podíamos, ao menos, estar/seguir
acompanhados. E atentos. E colaborativos.
E combativos. E solidários. E dignos. E
alérgicos ao horror.
Podíamos.
Mas não nos deixam, caro Professor! A barbárie repele... a Poesia! Ai das rosas! JCN
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