Estava, de facto, inoperacional o acesso aos formulários constantes no sítio da Direção-Geral da Educação para recolha de contribuições relativas aos novos documentos da disciplina de Cidadania e Desenvolvimento no processo de consulta pública que abriu há poucos dias.
Tal como pensei (ver aqui), o espaço disponibilizado pela tutela é incompatível com a infindável tarefa que será comentar devidamente tais documentos. Se alguém a levar a sério e quiser explicar o que diz com base em conhecimento não é capaz. Eu não sou. E não é pelo número de páginas, é pelo seu conteúdo, que não faz qualquer sentido. Isto se se adoptar, como se deve, uma perspectiva realmente educativa, ou seja, não doutrinal nem pedagógica "de trazer por casa" (expressão usada por Gusdorf para se referir a um certo tipo de pseudo-pedagogia como a que está em causa).
Comentar aqueles dois documentos em 500 caracteres é uma tarefa mesmo impossível. O título do artigo da jornalista Ana Margarida Alves está certo. Só não percebo que apenas os pais/encarregados de educação se queixem...
7 comentários:
A disciplina de Cidadania, embora teoricamente fundamental para formar cidadãos conscientes e respeitadores, tornou-se quase irrelevante face ao estado de balbúrdia generalizada nas escolas e universidades portuguesas. Quando alunos de 40 anos de uma Faculdade de Direito agridem física e psicologicamente as professoras, por serem apanhados a copiar, temos de propor, à maneira de Isaltina Martins e Helena Damião, a obliteração de aberrações pedagógicas como são a atual educação para a cidadania, por domínios transversais e longitudinais, e o "documento de referência" PASEO (Perfil do Aluno à Saída da Escolaridade Obrigatória).
Sentem-se a uma mesa com quem sabe de educação e apresentem proposta novas e exequíveis para o estudo e aprendizagem de cidadania.
Só os encarregados de educação se queixam porque são os únicos que leem tal documento…
Os professores tornaram-se acéfalos há muito tempo.
Quem educa crianças e jovens, hoje em dia? Os pais e afins, os pares e os media. Não é a disciplina de Cidadania, 1 hora por semana ou na transversalidade ou lá o que é do currículo, que vai alterar o comportamento ou a forma de ser seja de quem for. A prova disso é que essa disciplina já existe há algum tempo e não vejo melhorias comportamentais, nem pessoais, nem sociais. Eu retirava-a simplesmente e carregava na História, cheia de exemplos de Cidadania ou da sua falta. Filosofia, desde tenra idade, com centralidade no desenvolvimento da capacidade de refletir e de pensar.
Sexualidade e empreendedorismo e educação financeira no 1.o ciclo! Valha-me Deus e o seu porquinho mealheiro! Não há pachorra! Desculpem-me a falta de argumentação! Há muito que deixei de discutir o indiscutível, o óbvio e o inútil.
Mas obedeço a tudo o que me põem à frente, acefalamente, porque não adianta pensar num sistema que se perpetua no erro e em interesses não pedagógicos.
A postura educativa dos professores é horizontal da cintura para cima e vai piorar quando entrar em pleno o estatuto do Director!
Educação financeira desde o jardim-de-infância, caro Leitor: https://dererummundi.blogspot.com/2025/05/a-educacao-financeira-no-pre-escolar.html
Cumprimentos, MHDamião
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