sexta-feira, 5 de abril de 2024

SOMOS INTELIGENTES?

Federico Buyolo, abaixo identificado, num texto que pode ser encontrado aqui, coloca a seguinte pergunta: "Como humanos, somos inteligentes?". Embora a resposta seja óbvia, parece que navegamos na incerteza... Então: como devemos lidar com a nova inteligência que inventámos, a inteligência artificial?

Antes de continuar a reflexão, diz, vale a pena ver no dicionário o que significa inteligência: “capacidade de entender ou compreender”. Face a este esclarecimento poderíamos insistir que somos inteligentes, entendemos e compreendemos a pobreza, as desigualdades, a devastação do planeta e muitos outros problemas... No entanto, algo parece estar mal se não somos capazes de tomar decisões para enfrentar estes problemas.

São interessantes os argumentos que Buyolo invoca para debater a ideia que propôs. Vale, portanto, a pena ler o texto no seu todo, mas é o final, de tom afirmativo, que me interessa destacar. Nas suas palavras:
 
"Claro que somos inteligentes. Claro que temos experiência, competência, conhecimento e capacidade para enfrentar desafios futuros e resolver problemas do passado. No entanto, ainda não compreendemos que a inteligência sem ética é uma capacidade inútil, assim como é inútil a inteligência artificial sem a inteligência humana.

4 comentários:

António Pires disse...

Temos de aceitar que o Antigo Testamento, com os acrescentos do Cristianismo e do Islão, não constitui a última palavra no que à inteligência e conhecimento humanos diz respeito. No século XX, com aplicação dos conhecimentos de Física Nuclear, fabricámos e explodimos bombas atómicas que nos franquearam as portas de entrada na Era Atómica.Independentemente das suas maiores ou menores populações, os países que atualmente mandam no mundo são aqueles que, a qualquer momento, têm a capacidade de fazer explodir bombas nucleares. Ao mesmo tempo que a filosofia ubuntu vai penetrando nas escolas EB 1,2,3 +JI +S de países aparentemente tão civilizados com o nosso Portugal, as grandes potências atómicas estão a entrar na nova era da inteligência artificial. Se os benefícios da inteligência artificial não estiverem ao alcance de todos, todos, todos, servindo, ao invés, apenas os interesses mesquinhos e letais de todas as atuais potências nucleares, o mundo que caminha para o aquecimento global acabará num inverno nuclear.

Anónimo disse...

O verbo explodir é intransitivo, pensava eu e o meu dicionário.
As línguas evoluem.....
Zeca

António Pires disse...

Na verdade, o verbo "explodir" pode ser utilizado tanto como verbo transitivo direto quanto como intransitivo, dependendo do contexto em que é empregado.

Verbo transitivo direto: Quando é seguido por um complemento direto que recebe a ação. Exemplo: "Explodimos bombas atómicas."

Verbo intransitivo: Quando não exige um complemento direto para completar seu significado. Exemplo: "As bombas atómicas explodiram."

Portanto, no contexto do meu texto, "explodimos" está sendo utilizado como verbo transitivo direto, pois está acompanhado do objeto direto "bombas atómicas". Não há, portanto, qualquer erro na minha construção.

Carlos Ricardo Soares disse...

Quanta inteligência é necessária para entender o que é a inteligência? Será a IA suficientemente inteligente para responder à questão? O que é que a IA, por exemplo, entende e compreende? Que tipo de problemas é que a IA resolve? Que tipo de problemas é que a IA reconhece como tais? Para além de dar respostas a perguntas? Uma pergunta para a IA, por exemplo sobre um problema humano como a morte, não é entendida como um problema da IA. A problemas humanos ela responde com perspetivas de entendimento sobre os problemas e elenca-as. Quando é sincera adota a perspetiva de objetividade plausível das correntes conhecidas, não tem opinião e responde que não tem opiniões, sentimentos, crenças, ou preferências ideológicas e diz que pode fornecer informações sobre isso. Mas já é frequente depararmos com robots que se fazem passar por humanos e que fingem sentir, emitem opiniões, crenças, preferências ideológicas e todo o tipo de considerações valorativas. Podem fazê-lo através de uma linguagem verbal do senso comum ou pelo recurso a imagens e audiovisual sofisticado, de modo a serem o mais atrativas e convincentes possível.
Que visão pode ter a IA sobre a vida e a morte? Ela responde que não tem visão, mas que os humanos têm e têm discutido sobre isso. Mas nada impede que uma IA “insincera”, maliciosa, ou perversa, estabeleça diálogo em que se faz passar por um humano com visão sobre os problemas humanos.
Se a inteligência, incluindo a IA, servisse para resolver problemas, práticos ou de linguagem, técnicos ou de outro tipo, mas não pudesse criar problemas, que não é suposto criar, diria que a inteligência é o que há de mais parecido com o conceito de sabedoria, visão das realidades na melhor das perspetivas possíveis.
Nem precisava de conceber a inteligência como a visão absoluta, ou do ponto de vista da eternidade, ou da totalidade, a consciência definitiva como saber se um comportamento, uma escolha é inteligente. Bastava definir inteligência como capacidade de adotar comportamentos e de fazer escolhas, como deve ser, não apenas numa perspetiva temporal e espacial atual, mas naquela perspetiva que não temos e que nada, nem ninguém, nos pode dar, de um futuro juízo final que só na imaginação dos homens tem existência.
Ainda assim, e porque a inteligência é algo de pessoal e só em parte se manifesta em jogos de linguagem, designar a IA de inteligência é reduzir o conceito de inteligência a funções de linguagem, por mais que isto nos convença de que os poderes da linguagem para produzir conhecimento, sem recurso à observação e à experimentação, tão caras à ciência experimental, ultrapassam tudo o que podemos imaginar.
Depois das críticas tão severamente concertadas aos autores de universos fechados que desenvolveram e produziram teorias e visões, a partir da sua imaginação, acabamos rendidos à capacidade de um Fernando Pessoa, de um Einstein e da IA para nos darem conta de realidades inegáveis que não é possível observar.

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