Meu depoimento ao CM sobre a anunciada clonagem de um macaco rhesus na semana passada:
Em 1996 foi clonada a ovelha Dolly, isto é, fez-se uma cópia de outra,
inserindo material genético de células adultas num ovócito, célula feminina
primordial, a que se tirou o núcleo.
Depois clonaram-se cabras, porcos e vacas. Em 2018 clonaram-se os primeiros
macacos, ditos de cauda comprida, pequenos (em comparação com os chimpanzés,
mais próximos de nós). E agora clamaram-se macacos, ditos «rhesus», que, apesar
de ainda serem pequenos, têm sido usados em experiências úteis para humanos: do
seu nome veio o factor Rh do nosso sangue.
A taxa de sucesso nestas experiências é bastante reduzida, cerca de 1%. Só
foi clonado um indivíduo. Mas os autores do clone reclamam que a produção de
cópias genéticas poderá ajudar ao desenvolvimento de fármacos. O trabalho,
feito na China, não pode ser repetido na União Europeia, uma vez que as nossas
normas éticas o impedem.
E clonar humanos? Este é um tema de ficção científica, mas hoje aceita-se
universalmente que, mesmo que a ciência e a técnica o permitam, não deve ser
feito. Entrar-se-ia num mundo nada admirável. A ciência tem de respeitar a
ética. Como disse François Rabelais, médico do século XVI: «ciência sem
consciência é ruína de alma.»
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