terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

BOINAS VERMELHAS

Anos atrás, contaram-me  que um desgraçado estava amarrado a um poste numa praça pública no Norte de África com as costas em carne viva por ter sido vergastado, com vespas a morderem-lhe as costas aumentando-lhe o atroz sofrimento. Um europeu apiedado que ia a passar tentou afastar as vespas. O desgraçado, com voz quase inaudível, diz-lhe: Não faça isso que estas já estão saciadas e outras que vierem serão piores. Será por isso que socialistas masoquistas descontentes com a geringonça continuam a votar no PS?  O pior é haver políticos que por mais que comam nunca ficam saciados!

Esta história traz-me sempre à lembrança o actual estado da vida política portuguesa em que o PS mascarado de geringonça - a hora carnavalesca  é propícia a isso - vai-se mantendo à  frente dos destinos de Portugal, atiçando as brasas da corrupção de muitos dos seus políticos com sinecuras, com danças das cadeiras em nomeação escandalosa do maior número de ministros e secretários de Estado de que há memória. Apesar do seu número, nenhum deles marcou presença no funeral de Marcelino da Mata preocupados, talvez, que andariam em ir buscar o seu traje de Carnaval ao baú imenso dos seu  fatos e vestidos carnavalescos.

Como argamassa que mantém este edifício de pé, o recurso ao passado autoritário do Estado Novo com a odiosa, repito odiosa, Polícia de Estado (PIDE) que nos decénios  da sua actuação não cometeu tantos crimes como a COPCON em meses sob a chefia de Otelo Saraiva de Carvalho. Ou seja, quase se pode pensar que estes são os verdadeiros  "heróis" que merecem a consideração da Pátria, evocando, "pour épater le bougeois", a figura autoritária de Salazar que, em1961, quando do genocídio em Angola de brancos e negros, teve esta frase lapidar: “Para Angola, rapidamente e em força”.

Para a esquerda, e hoje interrogo-me onde ela começa e acaba, sabendo apenas que quem não é de esquerda é tido como um perigoso fascista, "heróis" foram os militares que ordeiramente permaneceram mudos e quedos  em Moçambique, perante o genocídio em que famílias de brancos, na estrada do aeroporto, eram metidos nas bagageiras dos seus automóveis sendo-lhes deitada gasolina que carbonizavam corpos em vida. E tudo isto sob a impassividade do governo central revolucionário com ordens dadas para os militares portugueses não intervirem.

Recordações dolorosas trazidas pela não representação oficial de um simples dirigente socialista nas exéquias do tenente-coronel Marcelino da Mata, em contraste com o Presidente da República que, com muita dignidade, merecedora do nosso aplauso respeitoso, esteve presente em representação de Portugal

Manifestação de portuguesismo foi a dos inúmeros boinas vermelhas presentes honrando a memória deste militar e a memória do seu grande comandante, o falecido coronel Jaime Neves, que, com poucos boinas vermelhas  sob as sua ordens, evitou que Portugal caísse nas garras da União Soviética e de loucos e antipatriotas  sob as ordens de um esgazeado de seu nome Diniz de Almeida. 

Bem sei que, segundo Goethe, "qualquer ideia proferida, desperta outra contrária". Felizmente que assim é porque viver em democracia o permite e impõe!

4 comentários:

Manuel M Pinto disse...

http://entreasbrumasdamemoria.blogspot.com/2021/02/a-guerra-colonial-nunca-existiu-nem.html?m=1

Rui Baptista disse...

Obrigado pelo seu comentário. Apenas teria preferido em conhecer a sua opinião pessoal e não de uma jornalista, se bem me recordo, de seu nome Ana Sá Lopes!

José Figueiredo disse...

O senhor Rui Baptista detesta o PS e quase diariamente vem aqui mostrar o seu desprezo por esse partido. Claro que tem todo o direito de detestar quem quiser. O que me incomoda não é isso, eu não tenho filiação nem simpatia por esse partido nem por qualquer outro. O que me incomoda é a constante manifestação de ódio partidário num blog em que há tantos assuntos: Arqueologia, Astronomia, Biologia, Geologia, etc. etc. etc.

Rui Baptista disse...

Desprezar o Partido Socialista, ou qualquer outro Partido, seria não lhe dispensar qualquer atenção. Criticar é um dever que me assiste num Estado Democrático e que me não mantém isolado. Agradar a gregos e a troianos não me é da minha natureza. "Mea culpa", sou obrigado a confessar, a minha mágoa, como de muitos milhares e milhares de "retornados" pela descolonização que nos despojou de vidas de trabalho e de bens, trazidos em pequenos contentores, e, por vezes, em simples sacolas de mão, em prol do engrandecimento de um Portugal que cruzou os mares em cascas de noz para a criação de um Império comparável ao de Inglaterra! Finalmente, não posso deixar de lhe agradecer a atenção que me dispensa, em citação sua, "quase diariamente" que quase diria
me dá imenso prazer. Bem haja|

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