Os dois livros mais recentes do Dr. Luís
Portela, "Ser espiritual" e "Da ciência ao
amor", não são de ciência nem de divulgação de
ciência. Serão de especulação, de auto-ajuda,
não sei. Tive dificuldade em lê-los, por nem sequer
entender alguns dos termos utilizados. Não
percebo muito do que dizem. O autor fala, por
exemplo, de "energia universal" mas a "energia" de que fala não tem nada a
ver com a energia da física, uma grandeza
física bem definida . Não se percebe o que é
essa "energia", pelo que a afirmação de que
"somos partículas de energia universal" apesar de usar as palavras "partículas",
"energia" e "universal," todas elas palavras
da ciência, nada tem de científico. Nem há, em
princípio, problema nenhum nisso, uma vez que
o ser humano tem dimensões para além das da
ciência.
A questão surge apenas se algum leitor pensar que as afirmações desse tipo do livro têm alguma base científica: não têm. O título "Da ciência ao amor" engana, pois a ciência não tem maneira de descrever nem explicar o amor assim como não tem maneira de descrever a espiritualidade. Ciência, amor e espiritualidade podem coexistir sem que a primeira tenha de dominar as outras: isso seria cientismo. Disse isto mesmo disse no debate sobre os livros em que estive presente em Lisboa.
Fenómenos ditos parapsicológicos como, por exemplo, a telepatia ou comunicação com mortos referidos nos livros não tem a mínima base científica. Muitos trabalhos citados não têm suficiente credibilidade.
Sei que a Fundação Bial tem apoiado um tipo de investigações muito estranho, que por vezes se aproxima da pseudociência, mas, como é evidente, é da sua responsabilidade gerir os dinheiros de que dispõe. Organiza colóquios no Porto, alguns dos quais já assisti, nos quais houve algumas apresentações interessantes: vi uma sobre o efeito placebo.
Não partilhando o seu interesse pela parapsicologia, tenho estima pessoal pelo Dr. Luís Portela, um gestor que mostrou as suas capacidades ao dirigir a Bial, uma empresa farmacêutica que fabrica medicamentos com base na ciência. É, além do mais, um verdadeiro "gentleman", que me tem dispensado atenções. Ele soube separar as águas, permitindo inteligentemente que a Fundação Bial se aproximasse de assuntos não científicos que são a sua paixão, mas mantendo a empresa Bial no campo estrito da ciência. O Dr. Luís Portela acredita genuinamente que a aplicação do método científico irá um dia explicar fenómenos parapsicológicos nos quais ele acredita. Eu concordo que tudo pode ser investigado, mas estou em crer que o método da ciência é limitado e não consegue abarcar todas as dimensões humanas. E na dita parapsicologia há muita fraude, para já não falar na psicologia, disciplina académica e profissional onde também há. A psicologia é uma ciência, mas há muita confusão à volta. Devemos, como disse o cientista e divulgador de ciência Carl Sagan, examinar tudo com o cérebro aberto, mas não suficientemente aberto para que nos caiam os miolos... Esse exercício permanente do espírito crítico não é fácil, mas é a única maneira de evitarmos os erros que são próprios da condição humana.
A questão surge apenas se algum leitor pensar que as afirmações desse tipo do livro têm alguma base científica: não têm. O título "Da ciência ao amor" engana, pois a ciência não tem maneira de descrever nem explicar o amor assim como não tem maneira de descrever a espiritualidade. Ciência, amor e espiritualidade podem coexistir sem que a primeira tenha de dominar as outras: isso seria cientismo. Disse isto mesmo disse no debate sobre os livros em que estive presente em Lisboa.
Fenómenos ditos parapsicológicos como, por exemplo, a telepatia ou comunicação com mortos referidos nos livros não tem a mínima base científica. Muitos trabalhos citados não têm suficiente credibilidade.
Sei que a Fundação Bial tem apoiado um tipo de investigações muito estranho, que por vezes se aproxima da pseudociência, mas, como é evidente, é da sua responsabilidade gerir os dinheiros de que dispõe. Organiza colóquios no Porto, alguns dos quais já assisti, nos quais houve algumas apresentações interessantes: vi uma sobre o efeito placebo.
Não partilhando o seu interesse pela parapsicologia, tenho estima pessoal pelo Dr. Luís Portela, um gestor que mostrou as suas capacidades ao dirigir a Bial, uma empresa farmacêutica que fabrica medicamentos com base na ciência. É, além do mais, um verdadeiro "gentleman", que me tem dispensado atenções. Ele soube separar as águas, permitindo inteligentemente que a Fundação Bial se aproximasse de assuntos não científicos que são a sua paixão, mas mantendo a empresa Bial no campo estrito da ciência. O Dr. Luís Portela acredita genuinamente que a aplicação do método científico irá um dia explicar fenómenos parapsicológicos nos quais ele acredita. Eu concordo que tudo pode ser investigado, mas estou em crer que o método da ciência é limitado e não consegue abarcar todas as dimensões humanas. E na dita parapsicologia há muita fraude, para já não falar na psicologia, disciplina académica e profissional onde também há. A psicologia é uma ciência, mas há muita confusão à volta. Devemos, como disse o cientista e divulgador de ciência Carl Sagan, examinar tudo com o cérebro aberto, mas não suficientemente aberto para que nos caiam os miolos... Esse exercício permanente do espírito crítico não é fácil, mas é a única maneira de evitarmos os erros que são próprios da condição humana.
1 comentário:
Uma investigação filosófica em torno de uma pedra da calçada, mesmo que fique muito longe de ser levada até às últimas consequências, desembocará, inevitavelmente, em mistérios indecifráveis pelas misteriosas mentes humanas. E se é verdade que o fim da Ciência já foi manifestamente mal anunciado mais do que uma vez no passado recente, as grandes questões filosóficas de todos os tempos permanecem de boa saúde! Provavelmente o Dr. Luís Portela fartou-se de aplicar o método científico na fabricação de medicamentos e quer agora experimentar métodos menos ortodoxos que lhe permitam investigar fenómenos parapsicológicos! O percurso habitual é ao contrário: os astrólogos, bruxos e curandeiros começaram por usar procedimentos não científicos, e agora querem todos ser reconhecidos oficialmente como Professores e cientistas!
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