O Banco Mundial apresenta todos os anos um relatório dedicado a um assunto/problema específico que diga respeito ao mundo. Neste ano o assunto/problema foi a educação.
"Relatório sobre o desenvolvimento no mundo 2018. Aprender para realizar a promessa da educação", é o seu título (versão em inglês aqui, em francês aqui e em espanhol aqui).
Além da Introdução ("Aprender para realizar a promessa da educação", é composto por quatro partes:
I - A promessa da educação;Depois de quase 200 páginas em que se desenvolvem estas partes, apresenta, em síntese, três mensagens fundamentais, três dimensões da crise da educação e três medidas para a superar.
II - A crise da aprendizagem,
III - Inovações e evidências para a aprendizagem e
IV - Fazer o sistema funcionar no sentido de uma aprendizagem para todos.
Principais mensagens:
A escolarização não é sinónimo de aprendizagem;
Sem aprendizagem, a escolarização não é só uma oportunidade perdida constitui também uma enorme injustiça;
Os baixos resultados académicos não são inevitáveis em países mais pobres
Três dimensões da crise de aprendizagem:
O desempenho escolar é fraco;
A dimensão da crise reporta-se às suas causas imediatas;
A crise é sistémica.
Três medidas para lidar com a crise:
Tornar a aprendizagem um objectivo sério;
Actuar à luz de evidências para que a escola esteja ao serviço de todos;
Alinhar os diversos interesses para que o sistema, no seu todo, promova a aprendizagem
Imagem obtida aqui, p. 3 |
Numa leitura não especializada, o título, o sumário e a síntese afiguram-se razoáveis; a informação apresentada só pode conduzir à concordância. Na verdade, as palavras e os argumentos além de apelarem aos melhores princípios, são de tal modo genéricos que não se podem ser verdadeiramente discutidos.
Contudo, se nos detivermos
- na equipa que o realizou e nos seus coordenadores (economistas do Banco Mundial)
- nas entidades e nos agentes envolvidos (muitos dos quais participam noutras instâncias com poder nos sistemas de ensino)
- na extensa bibliografia convocada (a maior parte com ligação directa à economia),
- no vocabulário que está na base do texto (repleto de termos provenientes da economia),
- na orientação das interpretações e recomendações (que incidem numa certa ideia de progresso económico),
percebemos, muito claramente, o sentido de educação que nele está em causa.
Esse sentido é o de tornar a educação favorável à economia mundial, ou seja à produção de "capital humano" (expressão que surge natural e frequentemente no relatório) para servir essa economia num mercado de trabalho global.
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