sábado, 18 de outubro de 2014

A ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PROFESSORES E O PLÁGIO

A Helena tem razão no post anterior. A atitude da Associação Nacional de Professores, de "branqueamento" do plágio de João Grancho é incompreensível. A dirigente daquela associação chegou a afirmar que a notícia do Público pretendia  impedir a subida de Grancho em breve a ministro da Educação e Ciência (mas alguém é capaz de a imaginar o ex-secretário de Estado, com o currículo limitado que tem, a ministro da Ciência?). E acrescentou que não há "fundamento efectivo" para a denúncia.  

Do Público on-line:´
Num comunicado divulgado este sábado, a direcção da ANP considera que a esses motivos [os motivos pessoais invocados]  “não será alheia a denúncia de plágio” e classifica-a como “um vil ataque pessoal, com fins inconfessáveis, e sem fundamento efectivo”. 
Em declarações ao PÚBLICO, Paula Carqueja afirmou estar “absolutamente certa” de que Grancho "seria incapaz de se apropriar intencionalmente do trabalho alheio" e disse acreditar que ele "não citou os autores na bibliografia por esquecimento". “É daquelas coisas que dizemos “faço mais logo” e depois passam”, considerou. Isso terá acontecido, reforçou, “por as ideias explicitadas nos extractos coincidirem totalmente, e se confundirem, com a posição da associação sobre a matéria que estava em causa”.
Quer dizer, para aquela Associação, que pretende representar os professores portugueses, se existir uma coincidência total de posições alguém terá uma boa desculpa para  plagiar  livremente qualquer autor. Se, por exemplo, eu estiver plenamente de acordo com Descartes poderei dizer "penso, logo existo" sem as aspas, como se fosse meu. E o mesmo para qualquer outra afirmação do filósofo francês, bastando eu concordar. É assim que a Professora Paula Carqueja ensina os seus alunos?

Neste caso o que mais me faz impressão não é isso, mas uma outra coisa. Por que é que o ministro não demitiu logo João Grancho, tendo antes esperado que ele se tivesse demitido por "razões pessoais"? Não deveria o ministro ser o guardião supremo, entre nós, da ética educativa e científica?  Não haveria neste caso razões institucionais antes das razões pessoais?

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