A ideia de que, em contexto de ensino formal, o educador ou professor deve denotar uma atitude de absoluta neutralidade, sobretudo quando estão em causa valores, está perfeitamente implantada no nosso sistema educativo, apesar de não ser exclusiva dele.
É afirmada e reafirmada a cada passo nos documentos normativo-legais e curriculares produzidos ao nível do Ministério da Educação e das Escolas, e não é raro encontrá-la em documentos de orientação pedagógica produzidos pelas mais diversas entidades e pessoas a ela ligadas (que, assinalo, não são apenas afectos às Ciências da Educação, são afectos aos mais diversos sectores do saber...).
Apesar de ser uma ideia absurda (na verdade, educar implica sempre a tomada de decisões, nem que a decisão seja a de não educar), pelo que me é dado perceber tem acolhimento muito generalizado, mesmo entre educadores e professores.
A introdução da educação para a cidadania (com carácter transversal) no currículo do Ensino Básico já havia tornado a referida ideia incontornável, mas foi recentemente corroborada e destacada com a obrigatoriedade da educação sexual (também com carácter transversal).
Para os leitores interessados em discutir esta ideia no quadro desta última preocupação curricular, recomendo a leitura do artigo A pedagogização do sexo da autoria de Valentim Alferes, publicado na Revista Portuguesa de Pedagogia, em 1996.
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7 comentários:
Basófias das ciências da educação, mais lixo e poluição intelectual, levem à escola médicos que sejam bom comunicadores e expliquem às crianças como as coisas funcionam e como se devem proteger!
Ou então, limitem-se a ensinar e dar exemplo de como se tornar alguém que saiba usar o cérebro que cresce entre os ombros.
Isso já seria excelente.
A ideia de neutralidade não é absurda.
Acredito que, dentro do possível, não devo levar para a sala de aula as minhas posições políticas, religiosas, etc.
resumindo a neutralidade é coisa que não existe
Q.E.D....
tão simples de provar
Anónimo da 15.19, para quê levar médicos? Dentro do sistema educativo há excelentes professores de Biologia que devem esclarecer bem melhor.
O texto do artigo é muito interessante. Se não houver conhecimento, nada feito. Os afectos ensinam-se, ou, como diz o autor do artigo, é possível educação sem ciência?
Até que ponto tem a Escola ou o Estado servir-se dela para inculcar nas novas gerações a pensamento dominante?
Até que ponto é isto próprio da democracia ou estaremos a cair precisamente no mesmo paradigma da escola como instrumento de doutrinação da ideologia vigente?
Gostava era de ver alguma desta gente que faz leis a dar essas aula a algumas turmas que por aí há...
Se calhar era o/a professor/a a aprender umas coisas...
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