"Qualquer coisa vem imperceptivelmente acontecendo ao ensino da Filosofia no Secundário que é talvez mais preocupante do que se pode crer (...). Assim se apaga lentamente, sem barulho, uma disciplina (...).
Porquê este menosprezo pela Filosofia? Uma certa corrente de opinião considera-a inútil, improdutiva, um luxo dispensável. Numa sociedade pragmática (no mau sentido) em que o valor e a pertinência de uma actividade se medem cada vez mais pelo critério exclusivo da produtividade económica, a Filosofia aparece como a disciplina menos necessária, mais vã e mesmo, para alguns, nefasta, porque perturbadora do funcionamento controlado da "sociedade do conhecimento". Pois não é certo que nem conhecimento produz? Não são os filósofos os primeiros a afirmar que a filosofia não tem nem objecto nem finalidade precisas? Abaixo, pois, a Filosofia — a religião substitui-a plenamente e com proveito para a boa ordem social (...).
Sobre aqueles que desprezam o ensino da Filosofia por ser inútil, direi que mesmo do seu ponto de vista se enganam redondamente: por exemplo, sabe-se que o ensino da Filosofia para crianças abre extraordinariamente as competências dos alunos na aprendizagem das outras disciplinas. E, porque é inútil, a Filosofia alarga o conhecimento, estabelece pontes novas entre domínios científicos diferentes, proporcionando a criação de novos objectos e novas disciplinas. O trabalho do conceito é um trabalho de criação, e a Filosofia é, antes de mais, criação de pensamento. Daí as suas repercussões, da política ao design — atravessando toda a cultura, a arte e o conhecimento; assim como na ética e prática da democracia. Daí a sua importância (reconhecida em vários dossiês da UNESCO) para a educação da cidadania (...).
"Sem a música, a vida seria um erro", escreveu Nietzsche. Extrapolando: "Sem a Filosofia, a vida seria um erro."
O texto integral pode se lido aqui.
quarta-feira, 10 de março de 2010
A formação da linguagem artística e a filosofia
Hoje, dia 10 de Março, às 16 horas, no Auditório 1 - Torre B da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, José Gil, professor catedrático do Departamento de Filosofia desse Faculdade dará a sua última aula, intitulada Formação da Linguagem Artística e a Filosofia.
Em entrevista, na rádio, ao princípio da manhã, disse que a docência lhe proporcionou múltiplas oportunidades de "pensar com...". São essas oportunidades, essência do ensino e da aprendizagem, que é preciso perguntar se estamos, de facto, a preservar. Sobre o assunto deixamos o extracto de um texto deste filósofo.
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3 comentários:
E sem a Poesia... que seria a vida?!... JCN
De Lisboa tem mérito e presença.
haveria de ser (Nova Lisboa).
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