sexta-feira, 19 de março de 2010
Daniel Pink e a "Nova Inteligência"
Ainda do "Jornal de Leiria", o resumo da intervenção de Daniel Pink, o autor do livro "A Nova Inteligência" (Academia do Livro), no Fórum "Inovação e Futuro", onde ele faz o resumo do seu livro:
“Design, história, sinfonia, empatia, diversão e sentido” ou como triunfar no século XXI
Perante os três grandes problemas que se colocam ao Mundo Ocidental e que designa como os três “A” - Ásia, Automação e Abundância -, o autor do bestseller A nova inteligência, Daniel Pink, diz que se devem procurar soluções baseadas em seis características: design, história, sinfonia, empatia, diversão e sentido. Trata-se de disciplinas reguladas pelo hemisfério direito do cérebro e que devem ser destacadas na nova economia do século XXI, assumindo um papel mais relevante, perante o raciocínio lógico, sequencial e analítico, características predominantes na economia do século XX, que assentava em processos repetitivos e mecânicos.
Durante o fórum, o especialista em motivação organizacional chamou a atenção para o facto do modelo económico actual estar esgotado pelo papel que a Ásia tem vindo a assumir. “Na Índia, há pessoas com cursos universitários, muito especializadas que fazem trabalho a metade do custo do praticado nos EUA ou na União Europeia. Se apenas 15% da população da Índia – sem falar da China – começa a realizar essas tarefas, teremos 150 milhões de pessoas especializadas capazes de fazer tarefas complexas. Portugal tem uma população de dez milhões e os EUA têm uma população activa de 139 milhões. Conseguem perceber o desafio?”
Daniel Pink referiu ainda que a automação de processos, outro dos problemas, atinge já profissões menos “manuais”, como advogados ou contabilistas.
Finalmente, o especialista identificou o terceiro problema: abundância. “Os meus avós, que eram da classe média e para quem ter um carro era um luxo, nunca conseguiriam perceber o actual nível de vida”.
Perante estes desafios, como dar a volta à questão? Pink, dando o exemplo do iPod, iPhone e iPad – que ainda não foi lançado no mercado, mas que já tem mais de 200 mil encomendas - preconiza soluções que sejam difíceis de automatizar, difíceis de copiar por outros países e que criem novas necessidades.
Como chegar a elas? Usando o hemisfério direito do cérebro e a capacidade de colocar em prática, no domínio dos negócios e das relações empresariais e interpessoais, design, história, sinfonia, empatia, diversão e sentido.
Design – Um concorrente da Apple pensou que iria fazer um grande sucesso com os seus computadores ao pintá-los de cor-de-rosa, de acordo com as tendências. Foi um fiasco. “O design não está só nos produtos, mas também nas necessidades. Não basta seguir as tendências. Isso é apenas decoração. O design deve ser usado para resolver problemas complexos”, explica Daniel Pink.
História – A história de um produto – quem o fez, onde, como e porquê – pode ser determinante para a decisão de compra.
Sinfonia – A capacidade de perceber todo o contexto. De ter uma visão abrangente e de ligar todos os pontos, descobrindo um padrão ou uma tendência que será crucial no futuro. Nos EUA, há escolas de Medicina – disciplina lógica, regida pela lado esquerdo do cérebro - que dão aulas de arte aos alunos, para que estes adquiram a sensibilidade para o detalhe dos pintores – lado direito do cérebro.
Empatia – Capacidade de perceber as necessidades dos outros ao ocupar o lugar do público-alvo. Há uma ligação directa e oposta entre os líderes e a empatia. Quanto mais alto o posto, menor a empatia. Os líderes precisam de ter noção disto, pois há uma correlação entre design e empatia que permite perceber e criar necessidades num mercado potencial.
Diversão – Essencial na ligação entre empregador e empregado ao criar um ambiente leve e acolhedor.
Sentido – A busca de um significado para o que se faz. Não basta trabalhar apenas para ter lucro, mas também é necessária uma finalidade. Um propósito. Ou como diria Pink: “uma finalidade que seja maior que o próprio produto”.
Jacinto Silva Duro
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6 comentários:
É decepcionante ver o De Rerum reproduzir propaganda pra coisas de tão baixo nível quanto isso aí.
Caro Danilo Albergaria
Eu assisti à conferência e também considero algo decepcionantes não só as mensagens desses gurus da gestão mas principalmente o modo como eles as embalam. Fazia lembrar o protagonista do filme "Nas Nuvens" (George Clooney) que fazia charlas sobre carregar a mochila. A certa altura, quando Pink pediu aos espectadores para escreverem algo na testa com o dedo, receei que ele fosse mandar fazer o sinal da cruz, como fazem os evangelistas. Por norma não leio esse tipo de livros que ensinam a criatividade. Mas é interessante e merece decerto comentários o fenómeno da literatura e conferências de "auto-ajuda" para os profissionais da gestão e do marketing, dada a opularidade desse tipo de serviço. Finalmente: no "De Rerum Natura" não há assuntos tabu...
Cordialmente
Carlos Fiolhais
Caro Professor Fiolhais,
Eu assisti á conferencia e gostaria de felicitá-lo pela pertinência das suas opiniões e pela forma criativa, divertida como contou as suas histórias e pela empatia que criou com o público.
Permita-me que discorde da sua opinião e que, embora pensando que não seria a sua intenção, me parece desvalorizadora da importância dos gestores e profissionais de marketing. Daí talvez consiga a perceber o que me leva escrevo a escrever o seguinte.
Do debate fiquei com a sensação que nas equipas de investigadores da àrea da fisica não são incluídos investigadores ou especialistas da área da gestão ou do marketing (não é propaganda). Parece-me ser uma lacuna importante e que, em parte, justifica a falta de divulgação das pesquisas cientificas em curso bem como as suas conclusões junto do mundo empresarial.
Os meus cumprimentos
"Do debate fiquei com a sensação que nas equipas de investigadores da àrea da fisica não são incluídos investigadores ou especialistas da área da gestão ou do marketing (não é propaganda). Parece-me ser uma lacuna importante"...
Magnífico!
Vou-me fartar de rir durante mais de um mês só a pensar nisto.
Escreve-se "área" e "Física".
Daniel Pink
É autor de quatro instigantes best-sellers sobre o mundo do trabalho e da inovação, entre eles O cérebro do futuro – descrito por Tom Peters como “um milagre” – e Motivação 3.0, ambos traduzidos para mais de 20 idiomas.
Seus artigos sobre trabalho e tecnologia aparecem nas mais prestigiosas publicações, como The New York Times, Harvard Business Review, Fast Company e Wired, da qual é articulista.
Também escreve uma coluna mensal para The Sunday Telegraph, de Londres, e é comentarista convidado de negócios da CNN, CNBC, ABC, NPR e outras redes dos EUA e do exterior.
Profissional independente, seu último emprego fixo foi na Casa Branca, onde trabalhou de 1995 a 1997 com o vice-presidente Al Gore.
Pink formou-se com honras em Linguística pela Northwestern University e em Direito pela Yale Law School.
Interessante o Curriculum, estava procurando referências do autor.
Adorei este livro:
http://numadeletra.com/a-nova-inteligencia-de-daniel-h-pink-73844
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