quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

OS PROBLEMAS DE PORTUGAL 2

Ainda de Vitorino Magalhães Godinho, do livro "Mudar de Rumo" (Colibri, 2009):

"Sobre o caos em que se abateu o ensino universitário abateu-se o chamado processo de Bolonha, obcecado pela uniformização, baralhando os títulos e graus, e eivado por uma pedagogia simplista. O primeiro acto de qualquer governo com um mínimo de sensatez tem de ser a revogação das abstrusas disposições deste pseudo-acôrdo feito à revelia de professores e investigadores, que não tiveram a coragem de o rejeitar e se sujeitaram a passar sob as forcas caudinas. Uma das riquezas culturais da Europa são as suas escolas superiores diversas - como a École des Hautes Études ou a École des Chartes de Paris, a London School of Economics de Londres, o Collège de France. Não interessa equiparar títulos, o importante é reconhecer o seu valor universal. Como não interessa que os estudantes saltem de universidade em universidade para seguir os mesmos cursos. Só depois de adquirida sólida formação é que se está apto a beneficiar da frequência de escolas e centros diferentes, que aliás devem ser criteriosamente seleccionados. tenha-se o bom senso de não cair no turismo universitário. Temos de regressar à licenciatura como termo de um curso completo, e não etape sem significado. os mestrados não podem confundir-se com cursos profissionalizantes ou, pior, toimar o lugar de licenciaturas; devem ser preparações exigentes à investigação. A formação ou o aperfeiçoamento profissional devem ter os seus cursos próprios."

1 comentário:

Anónimo disse...

Tal o que venho dizendo aqui, as licenciaturas de 3 anos já não ensinam o mínimo essencial e os mestrados já são usados para ensinar o que não se ensinou na licenciatura mas quando e onde se aprende o que se aprendia no mestrado antigo?

Por mim o processo de Bolonha deveria ser extinto, é uma mentira e um retrocesso, se querem equiparações metam cursos de 4 anos no mínimo.

Então e eu conheço casos em que pessoas vão de Erasmus e quando voltam tem equivalências a disciplinas feitas lá fora que nem existem de perto cá dentro, como pode ser isso?

Fala-se em uniformidade se nem dentro de Portugal os cursos já em Bolonha obedecem a essa uniformidade!

Afinal para que serve Bolonha?

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