terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Campo de Golfe (roubado ao) Público do Jamor

Há algum tempo que acompanho, como vizinho e utilizador do Estádio Nacional (ou como se diz agora "Complexo Desportivo do Jamor"), a questão da construção de um campo de golfe no supracitado espaço.

A ideia é que seja um campo de golfe "público", para os jogadores "pobrezinhos". A concretizar-se seria a maior infra-estrutura do Complexo Desportivo do Jamor (14% da área total) e implicaria a destruição da actual pista de corta-mato (apesar de os seus promotores dizerem que o campo seria compatível com a mesma, alegando talvez que os corta-matistas poderiam correr de capacete e até talvez aproveitar para apanhar umas bolas).

Trata-se da intenção de transformar um espaço público (cujos terrenos foram expropriado para esse efeito) num espaço vedado que na realidade seria utilizado por muito poucos. A área a ocupar (340 000 metros quadrados) e os potenciais praticantes fariam certamente do campo de golfe a infra-estrutura com menor número de utilizadores por metro quadrado.

Há também dúvidas quanto à sustentabilidade de um campo de golfe com "preços acessíveis para todos", o que deixa duas hipóteses: a subsidiação pública de uma coisa para muito poucos ou a viabilização por via da construção de "estruturas comerciais de apoio", ou seja transformar o Vale do Jamor em mais um centro comercial.

A concessão e construção, sem surpresa, está a cargo da Areagolfe, uma empresa ligada ao grupo Motal-Engil.

Há algum tempo que um grupo de pessoas se uniu para contestar o projecto e promover iniciativas nesse sentido. Para além de várias intervenções públicas, também avançaram com acções legais dirigidas a irregularidades e faltas de licenças. Tem havido ordens judiciais para parar as obras, frequentemente desrespeitadas.

O Complexo Desportivo do Jamor deveria ser um espaço para a promoção de um estilo de vida desportivo. Será que os 6 milhões de euros da construção do campo de golfe não poderiam ser melhor utilizados com vista a cumprir esse objectivo? A que acrescem 60.000€ mensais de manutenção, que se corre o risco de virem do Estado, de "zonas de restauração e lazer" ou de uma tosta mista.

Mas, especialmente (porque milhões para deitar fora há muitos, ò palerma), faz sentido comprometer metade do Vale do Jamor, com uma modalidade?

Em baixo: a área a ocupar pelo Campo de Golfe seria a zona a verde no quadrante superior direito (12 e 13):

4 comentários:

joão boaventura disse...

A obra foi enaltecida pelo Secretário de Estado do Desporto no final da reunião da Comissão de Educação e Ciência, ao arrepio do clamor dos Amigos do Jamor.

Anónimo disse...

Nunca vi tanta ignorância em tão pequeno espaço, e 14% rápidamente se transforma em metade, tanto preconceito contra o Golf. País de provincianos.NCB

joão boaventura disse...

A este propósito, e a quem quiser acompanhar a saga do Jamor convido as pessoas a consultar o postA sustentável leveza dos buracos, publicado no blog “Colectividade Desportiva”, em 13.07.2009, bem como os respectivos comentários.

O curador disse...

Olhando bem para o mapa, e para quem conhece (conhecia antes) o local, percebe-se que nenhuma parte da área a verde (a utilizada) estava a ser usada para coisa nenhuma (montes de terra e erbaçal). Somos uns tristes. Não se pode fazer nada nesta terra. Uma obra que deveria custar 6M acabará por custar o dobro devido a todos os embaraços causados. Mas fica bem ser do contra.
João Sá

O corpo e a mente

 Por A. Galopim de Carvalho   Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...