terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

A SINFONIA INACABADA DE EINSTEIN - 5 E ÚLTIMO



Finalmente encontrava um lugar onde esperava ter espaço e tempo para derrotar os teóricos quânticos e finalizar a sua Teoria Unificada.

Ao vir para o Instituto de Estudos Avançados, Einstein esperava encontrar aqui o isolamento criativo que lhe permitiria finalizar o trabalho da sua vida, dar os retoques finais na sua Teoria Unificada.

Mas, à medida que continuava a trabalhar sozinho, o mundo da Física avançava sem ele.

Einstein trabalhou em várias Teorias Unificadas, ou seja, a combinação da gravidade e do electromagnetismo, mas distancia-se de uma série de grandes descobertas.


Durante os seus anos em Princeton, a mecânica quântica tornara-se o movimento mais importante da Física. O mundo aceitara a sua estranheza uma vez que estas ideias estavam a proporcionar fantásticas descobertas tecnológicas. O transístor, um dispositivo que possibilitou a criação dos computadores que transformariam o nosso mundo, baseia-se na mecânica quântica. Os aceleradores de partículas iriam revelar ainda outras partículas subatómicas que se comportavam tão imprevisivelmente como a mecânica quântica o afirmara. Mas Einstein escolheu ignorar tudo isto, na esperança de que a sua Teoria Unificada acabasse por tomar o lugar da Mecânica Quântica.

Por isso, nos seus últimos anos de vida, os outros físicos viam Einstein como alguém que perdera completamente o contacto com a investigação moderna, e quase como um velho tonto, uma relíquia. Alguém que se respeitava, claro, como uma figura política importante, mas com quem não valia a pena perder-se muito tempo, quase como um pensador do século XIX.

Ele prosseguiu na sua luta contra a mecânica quântica até ao último dia da sua vida.

Enfermeira: Devia parar de trabalhar agora.
Einstein: Se eu não trabalhasse, não quereria viver.
Enfermeira: Não devia dizer isso.
Einstein: Que outro objectivo existe para continuar a viver? Não há razão para viver sem um objectivo. Sobretudo quando ainda se tem um trabalho a acabar.
Enfermeira: Bem, talvez o possa acabar amanhã.
Einstein: Sim, talvez amanhã. Acho que acabei por hoje.


Lamento anunciar a morte do Professor Albert Einstein
.

No dia 18 de Abril de 1955 Einstein morreu, deixando o seu grandioso projecto por terminar. Pouco se pode dizer dos últimos anos de Albert Einstein. Há quem sugira que Einstein, a maior inteligência da sua época, desperdiçou a segunda metade da sua vida com uma ideia disparatada. A sua incapacidade para aceitar a natureza da mecânica quântica e o facto de ter perdido o contacto com a física moderna, significavam que a sua Teoria Unificada nunca teria hipóteses de sucesso.

Retrospectivamente, percebe-se que Einstein não teria tido êxito neste seu projecto. Ele ignorava a mecânica quântica e todas as outras descobertas. Tornava-se claro que este projecto estava condenado à partida.

Mas embora, os seus últimos anos possam ser considerados decepcionantes, a maior parte de nós nunca conseguiria igualar as proezas de Einstein.

Os trabalhos de Einstein nos últimos anos da sua vida foram decepcionantes. Por outro lado, aos 40 anos, ele publicara os artigos mais importantes do século XX, o que permitiu o luxo daquilo a que podemos chamar fracassos na fase final da sua vida.

Actualmente existe uma ideia que pode ainda salvar o seu sonho de uma Teoria Unificada.

Continua a tentar-se descobrir uma espécie de Teoria Unificada de todas as forças. De algum modo, isto é a continuação natural do trabalho de Einstein no século passado. Neste momento, creio que o melhor candidato é a Teoria das Cordas.

A triste ironia é que, precisamente, no centro da Teoria das Cordas se encontra aquilo que Einstein foi incapaz de aceitar, a Mecânica Quântica.

Suspeito que, tal como as coisas estão neste momento, Einstein não teria, especialmente, apreciado a Teoria das Cordas, simplesmente porque ela incorpora a mecânica quântica, a que ele tinha grande aversão. Mesmo sentindo que ela continua o seu sonho, ele não ficaria muito satisfeito com isso.

A vida de Einstein esteve recheada de ironias. Foi uma das figuras principais da formulação da Teoria Quântica e, no entanto, não conseguiu aceitar as suas consequências. Era um pacifista, mas a sua equação E = mc², estava intimamente ligada à bomba atómica. E, embora fosse um grande comunicador, parecia detestar ouvir os conselhos dos seus pares.

Mas, acima de tudo, o seu combate contra a mecânica quântica demonstrou que, mesmo o maior cientista não conseguiu alcançar por si só a objectividade necessária para ler a mente de Deus. Como resultado, e embora com uma boa intenção, a versão de Einstein da Teoria Unificada ficará para sempre como a sua Sinfonia Inacabada.

FIM

1 comentário:

Anónimo disse...

Brasil, pará. em tempos novos, mas ainda acreditando no meu trabalho, em um corpo jovem, mas com a mesma mente... Deus... sim real. prescisão de mim...
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