terça-feira, 16 de outubro de 2007

Livros fatais aos seus autores

O projecto Gutenberg, fundado em 1971 por um estudante da Universidade de Illinois, é a mais antiga biblioteca digital, constituida principalmente por livros em domínio público. Actualmente disponibiliza mais de 20 000 títulos, alguns dos quais em português.

Encontrei no projecto muitos livros que teria dificuldade em ler de outra forma, mas um dos livros que mais me despertou a curiosidade intitula-se «Books Fatal to Their Authors», escrito em 1895 por P. H. Ditchfield.

O livro inicia-se com o parágrafo:

«Since the knowledge of Truth is the sovereign good of human nature, it is natural that in every age she should have many seekers, and those who ventured in quest of her in the dark days of ignorance and superstition amidst the mists and tempests of the sixteenth century often ran counter to the opinions of dominant parties, and fell into the hands of foes who knew no pity».

O capítulo IV, que trata de cientistas e filósofos perseguidos pela sua obra, foi especialmente interessante porque, para além dos casos mais conhecidos como Roger Bacon, Galileu ou Giordano Bruno, apresenta muito sucinta e indirectamente o preâmbulo da história do renascimento do atomismo.

De facto, podemos remontar a Bernardino Telesio (1509-1588) as bases não só do método experimental como a recuperação do pensamento epicurista. Para Telesio, que preconizava uma abordagem estritamente empirista, isto é, epicurista, da filosofia natural (o que hoje é ciência), a natureza devia ser explicada «com os seus próprios princípios e não através dos conceitos aristotélicos ou da magia; conhecer a natureza com a própria natureza; ao homem que souber observá-la a natureza revelar-se-à por si mesma (De rerum natura iuxta propria principia «Sobre a Natureza de Acordo com seus Próprios Princípios», promovido ao Index Librorum Prohibitorum em 1596).

Telesio influenciou indelevelmente muitos pensadores, entre eles Tommaso Campanella, Giordano Bruno, Lucilio (ou Giulio Cesare) Vanini, Pierre Gassendi, Francis Bacon e Thomas Hobbes. Para os três primeiros, os livros que escreveram foram-lhes de facto fatais. Giordano Bruno foi julgado pela inquisição, condenado por heresia e queimado vivo no Campo dei Fiori (Roma) em 17 de Fevereiro de 1600.

De admirandis naturae reginae deaeque mortalium arcanis, o livro de Vanini publicado em Paris em 1616, mereceu-lhe uma sentença ainda mais dura: como nos diz a Enciclopédia Britânica (de 1911), em Novembro de 1618 Vanini foi preso pela Inquisição e, após um prolongado julgamento, foi condenado à morte pelo «crime» de ateísmo, sentença executada no dia 9 de Fevereiro de 1619. A sua língua foi cortada, Vanini foi estrangulado em público e o seu cadáver queimado.

Tommaso Campanella, cuja primeira obra em que defendeu as ideias de Telesio,Philosophia sensibus demonstrata, lhe mereceu logo uma acusação de heresia, passou 27 anos consecutivos de torturas inimagináveis nos calabouços de Nápoles - de 1599 a 1626 - pelo seu Atheismus triumphatus. No total, esteve mais de 30 anos na prisão por acusações sortidas, de obtenção de conhecimento de fontes diabólicas a sodomia. Escapou à sentença certa de morte fingindo loucura, uma vez que não era permitido executar um louco.

A sua «Cidade do Sol», Civitas solis, uma obra essencialmente idealista na linha da Utopia de Thomas More ou da República de Platão, é uma das obras-primas da literatura universal. Os nossos leitores podem lê-la em português, através do portal Domínio Público, uma iniciativa do governo brasileiro que pretende «aprimorar a construção da consciência social, da cidadania e da democracia no Brasil».

Voltando aos livros fatais, no século XXI, em que criacionismos sortidos fazem um regresso anacrónico, é curioso ver como continua actual o que o autor do século XIX, o século de Darwin, escreveu sobre o conflito ciência e religião:

«Science in its infancy found many powerful opponents, who, not understanding the nature of the newly-born babe, strove to strangle it. But the infant grew into a healthy child in spite of its cruel stepmother, and cried so loudly and talked so strangely that the world was forced to listen to its utterances. These were regarded with distrust and aversion by the theologians of the day, for they were supposed to be in opposition to Revelation, and contrary to the received opinions of all learned and pious people. Therefore Science met with very severe treatment; its followers were persecuted with relentless vehemence, and "blasphemous fables" and "dangerous deceits" were the only epithets which could characterise its doctrines.

The controversy between Religion and Science still rages, in spite of the declaration of Professor Huxley that in his opinion the conflict between the two is entirely factitious. But theologians are wiser now than they were in the days of Galileo; they are waiting to see what the scientists can prove, and then, when the various hypotheses are shown to be true, it will be time enough to reconcile the verities of the Faith with the facts of Science».

20 comentários:

Anónimo disse...

Curiosamente, hoje muitos evolucionistas invocam as crenças evolucionistas dos dois mais recentes Papas como forma de tentar levar os cristãos aceitarem acriticamente essas crenças, mesmo quando se avoluma todos os dias evidência científica contrária à evolução.

A recente Resolução do Conselho da Europa sobre o Criacionismo é um exemplo disso mesmo.

A lógica é: se o Papa e a maioria da comunidade científica aceitam uma determinada ideia, tu também deves aceitar!

E ai de quem tiver uma opinião diferente.

Nada mal, para quem se diz “bright” e “livre pensador”!

Curiosamente, foi esse mesmo o problema de Galileu.

Ele ousou enfrentar o Papa e a comunidade científica do seu tempo, que aceitavam a cosmologia aristotélico-ptolemaica, curiosamente uma cosmologia secularizada pré-cristã.

Mais uma razão para desconfiar dos “compromissos” entre os Papas e a comunidade científica.

A história acaba por demonstrar que os mesmos se baseavam num conhecimento erróneo e imperfeito da realidade.

Infelizmente o impulso da intolerância continua bem vivo, mesmo entre cientistas.

Eis alguns exemplos:

1) Recentemente, o website do Laboratório de Informática Evolutiva da Universidade de Baylor foi desactivado, em virtude de uma denuncia anónima ligando o laboratório ao movimento do "intelligent design".

2) O Astrónomo Guillermo Gonzalez viu negada a sua “tenure”, na Iowa State University, por ter defendido (fundamentando) a noção de que o Universo revela design e uma precisa sintonia para a vida.

3) O geofísico Marcus Ross, um criacionista defensor da idade recente da Terra, viu criticada pela darwinista militante Eugenie Scott a atribuição do grau de doutoramento em geociências pela Universidade de Rhode Island, apesar das credenciais científicas impecáveis do seu trabalho.

4) Em Dezembro de 2006, o Comité da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos sobre Reforma do Governo denunciou a politização e a intolerância no Smithsonian Institute, por este ter perseguido o cientista Richard Sternberg, apenas por ele ter admitido para publicação numa revista “peer-reviewed” um artigo de Stephen C. Meyer, um cientista proponente do “inteligent design”, tintitulado "The Origin of Biological Information and the Higher Taxonomic Categories."

5) Recentemente, uma campanha evolucionista procurou pressionar o Serviço de Parques Nacionais norte-americano para banir um livro, de Tom Vail, que propunha que o Grand Canyon faz mais sentido se se pensar que o mesmo foi o resultado de muita água ao longe de pouco tempo, e não de pouca água ao longo de milhões de anos (isto, à semelhança de outros Canyons que se têm formado subitamente com muita água).

6) Também circula na Internet um abaixo assinado com centenas de cientistas não criacionistas que se queixam de que todos os modelos cosmológicos contrários ao Big Bang tendem a ser censurados nas revistas e preteridos no acesso aos fundos de investigação.


Como se vê, é ingénuo quem pense que o conhecimento científico é inteiramente objectivo, aberto, racional e de base exclusivamente empírica, e desconheça o papel que a ideologia e os interesses desempenham ainda hoje nas Universidades.

Existem muitos que só aceitam discutir ideias com aqueles que concordam consigo.

Já dizia o Cardeal Bossuet: "eu tenho o direito de te perseguir, porque eu estou certo e tu estás errado!"

JSA disse...

É incrível a estupidez destes criacionistas cristãos, que julgam que apenas são eprseguidos por terem aquela religião. O evolucionismo contesta (cientificamente) qualquer criacionismo, seja ele cristão ou não. Já aqui no De Rerum Natura se desmontaram os mitos criacionistas islâmicos ou hindus. A visão aristotélico-ptolomeica era também ela religiosa e pouco científica. Por isso errada.

Quanto a essas "perseguições", são naturais para quem queira trabalhar na ciência sem a usar. Quando vir alguém a querer usar argumentos religiosos e teológicos para defender alguém numa sala de tribunal, também irá ver que essa pessoa será "perseguida". Se um geofísico, por exemplo, quer apresentar um paper numa revista de qualidade defendendo o dilúvio como factor de formação do Grand Canyon, obviamente que será rejeitado, uma vez que não há a mais pequena prova (ou evidência) que sustente a tese.

Anónimo disse...

No passado dia 15 de Setembro teve lugar em Denver, no Colorado, mais uma conferência RATE (Radioisotopes and the Age of the Earth).

Muitas pessoas aceitam o tempo profundo ("deep time") como facto.

Elas pensam erroneamente que a Terra tem mesmo 4,5 biliões de anos, como decorre do modelo teórico da formação do sistema solar a partir de uma nebulosa (hipótese que nunca ninguém observou e comprovou).

Em 1997 sete cientistas norte-americanos resolveram explorar a fundo esta questão.

E o que é que eles descobriram?

Descobriram que a evidência científica realmente observável aponta para uma Terra muito mais recente do que normalmente se pensa.

O seu projecto de investigação, intitulado RATE—Radioisotopes and the Age of the Earth, consistiu numa investigação de mais de 8 anos (na verdade ainda em curso), tendo o mesmo revelado que em vez de milhões ou mesmo biliões de anos a Terra é muito mais jovem.

A sua investigação abrangeu uma análise de todos os métodos de datação e das premissas (indemonstráveis) que se encontram subjacentes a cada um deles.

Os cientistas são, entre outros, os Drs. Gary Parker, John Baumgardner, Russell Humphreys e Donald DeYoung.

Os resultados do projecto RATE encontram-se publicados em vários volumes e disponíveis on line na enciclopedia criacionista:

www.creationwiki.org

Seria bom que as pessoas os lessem antes de tiraram conclusões precipitadas.

A tendência para juízos precipitados por parte dos evolucionistas em domínios como o Homem de Piltdown, o Homem de Orce, a Lucy, os Neandertais, o órgãos vestigiais, o junk-DNA ou as "penas" de dinossauros, etc., etc. deveria ser mais do que suficiente para levar as pessoas a não confiarem cegamente naquilo que os mesmos afirmam ser um "facto irrefutável".

Fernando Martins disse...

"Descobriram que a evidência científica realmente observável aponta para uma Terra muito mais recente do que normalmente se pensa."

Aposto que descobriram, ao olhar para o céu, que foi criada há cerca de 6.000 anos. Para saber tal coisa bastava-lhes ler um texto de um obscuro arcebispo irlandês e poupavam um data de massa...

Luis Correia disse...

RATE's Ratty Results: Helium Diffusion Doesn't Support Young-Earth Creationism

Young-Earth Creationist Helium Diffusion "Dates"
Fallacies Based on Bad Assumptions and Questionable Data
by Kevin R. Henke, Ph.D.

http://www.talkorigins.org/faqs/helium/zircons.html

Anónimo disse...

"they are waiting to see what the scientists can prove, and then, when the various hypotheses are shown to be true, it will be time enough to reconcile the verities of the Faith with the facts of Science."
O autor será futurista? Como é que pode garantir uma afirmação destas?
Sem querer fugir aos erros da Igreja Católica quanto à proibição de certos livros ou ideias e à condenação dos seus autores, por que razão só ela é o alvo das alusões quando se fala deste tipo de perseguição? E por que se esquecem os interesses de poder político (ou científico!) que a pressionaram a muitas dessas atitudes?
Pois é, a Igreja tem uma história contínua, e a responsabilidade de tudo quanto fez, principalmente se foi mau, permanece nela até ao fim dos tempos. As más memórias de uma nação limpam-se com um qualquer 25 de Abril; das da Igreja não há Concílio Vaticano II que as livre. As da Ciência, que primeiro condenou Galileu, anulam-se com a condenação da Igreja por ter condenado Galileu. Critérios...

Joana disse...

A mania da perseguição dos católicos já enjoa!

Se calhar o autor do livro, que por acaso é inglês e por acaso cita Huxley, o buldogue de Darwin como lhe chamavam, se calhar estava a falas da Igreja Anglicana no parágrafo que tanto irritou o Daniel de Sá :)

Se calhar até há teólogos sem serem católicos e se calhar o autor estava a referir-se aos teólogos em geral não aos da ICAR :)

Joana disse...

Grande post e excelentes links :)

Já fiz o download do livro :) ABsolutamente priceless :)))

Anónimo disse...

...E a mania de perseguir os católicos também já enjoa. Tal como esse imaginário poder de adivinhação que fez com que a Joana me julgasse irritado.

JSA disse...

Ainda estou para saber porque é que os católicos se julgam perseguidos. Têm direito a acordos especiais com os governos, têm direito a ser "representados" por um estado que não é exactamente democrático e não se pode dizer que sejam assim tão poucos e com uma voz propriamente amordaçada. Vou arriscar um pouco e dizer que talvez seja o facto de andarem a ser contrariados, coisa que não aconteceu durante uns bons séculos.

«Sem querer fugir aos erros da Igreja Católica quanto à proibição de certos livros ou ideias e à condenação dos seus autores, por que razão só ela é o alvo das alusões quando se fala deste tipo de perseguição?» Ainda pergunta? Fala de perseguição, de queima de livros, de condenação de autores, esquece-se (convenientemente) da Inquisição e ainda pergunta porque é que as pessoas falam da Igreja? Os políticos teriam certamente as suas agendas nestas histórias e não terão sido poucos os autores condenados porque um determinado político não gostava deles. O que chateia é que normalmente esses políticos usassem a Igreja para essas perseguições. E chateia que a Igreja se prestasse tão prontamente a tais atitudes. Também conviria lembrar que a Igreja foi durante muito tempo um poder temporal, mais que apenas espiritual. Em tempos, o Papa tinha realmente divisões.

Anónimo disse...

:)))

Os seis mil anos dizem tudo sobre a tamanha ignorância destes senhores.

Leiam um pouco sobre física nuclear (só uns livritos de divulgação ciêntifica não é necessário tirar curso superior de física), entendam o que é a meia vida dos isótopos radioativos etc etc e vão ver que tudo faz sentido, tentem perceber de que modo a luz está relacionada com os átomos. De repente verão que tudo isso implica, sem margem para dúvidas tempos maiores que o vosso, e implica também que se o que sabemos estivesse errado nem discos rígidos nem semi-condutores teriamos para estar aqui a trocar idéias. Sim é simples façam lá um esforço!

AH! E olhem lá por um bom telescópio para Andrómeda e para Orion e deixem-se maravilhar.

Se souberem trignometria podem usar a paralaxe para fazer umas continhas. Façam uma pesquisa, vejam quais as estrelas a que devem apontar e façam umas medias no verão e outras no inverno. Peguem nos dados, façam as contas e vão ficar surpreendidos pela facilidade da coisa! Só é cego quem não olha para ver... está mesmo ali é só olhar! Coisa de criança diria eu.

Anónimo disse...

Se o Lemaître (sou um fã incondicional), padre e primeira pessoa a propor a teoria do Big Bang, fosse vivo hoje o que diria sobre o Criacionismo?

Talvez algo como "o Big Bang/evolução encaixam muito melhor na crença de um criador. Tudo o resto é ignorância que advêm do facto de não se olhar a natureza com olhos de ver e assim não se perceber o que implicam as suas propriedades".

Anónimo disse...

JSA
Não se trata da mania de perseguição. Trata-se de já estar cansado de vir aqui à procura de novidades, e deparar muitas vezes com o mesmo discurso e os mesmos argumentos. Algo se passa com o De Rerum para que o Desidério Murcho tão poucas vezes apareça, ou o Jorge Buescu esteja desaparecido. O que tem valido são os “convidados”, como o Rui Baptista, por exemplo. Porque o Carlos Fiolhais eu leio-o no PÚBLICO ou nos livros que felizmente vai publicando com regularidade, enquanto que a Palmira Silva, que traz em cada cinco um artigo com verdadeiro interesse, no mais se limita a combater o criacionismo como se este fosse o único problema cultural da actualidade.
No entanto, e conforme disse João Caraça (num excelente colóquio em Ponta Delgada em que com igual brilhantismo estiveram o nosso Carlos Fiolhais e o Nuno Crato), nos EUA e na Inglaterra metade da população ainda acredita que o Sol anda à volta da Terra, e nunca vi aqui ninguém escrever contra o geocentrismo.
Pois que continue a evocar a Inquisição e Galileu quem não sabe mais. E da Real Mesa Censório, desse déspota que terá feito quase tantas vítimas em duas décadas e meia quantas a Inquisição em dois séculos e meio? E da I República, que extinguiu jornais e exilou jornalistas? E dos libertários de Abril que mandaram queimar bibliotecas escolares, nas quais havia por exemplo livros que apenas se limitavam a ensinar o cultivo da horta ou do pomar?
De Sócrates a Anna Politkovskaya, passando por quantos foram condenados por imperadores chineses, pelo nazismo, pelo fascismo, pelo estalinismo, pelo castrismo e outros que tais, a lista é horrível e imensa. Percebeu?

Joana disse...

Pois eu e muitos outros já estamos fartos do Daniel de Sá que parece um cão de fila sempre à espreita de um post onde imagine insultos à sua religião para colocar comnetários maldosos.

Já estou farta também do desfiar do rol dos feitos do daniel de Sá e das pessoas importantes que conhece, dos seus ataques à ciência, etc., etc..

Se está farto do blog tem bom remédio :) tenho a certeza que muitos agradeceriam não ver aqui o seu veneno insinuoso.

Mas gosto de ver a sua defesa dos crimes do catolicismo, o tal que se arroga ser o detentor das verdades absolutas e reveladas há 2000 anos :)

A lista de crimes é horrível e imensa mas não foi só o catolicismo, o legítimo e único representante de um mito, que cometeu crimes. Fantástico :)

Porque houve e haverá psicopatas na história da humanidade, porque a humanidade evoluiu (o catolicismo não, isso seria relativismo) - a moral e a ética evoluiram e já não se aceita a (i)moralidade religiosa - não se pode falar nos crimes da Igreja, actuais ou passados.

Anónimo disse...

Creio que uma actualização para o seculo XX traria principalmente as perseguições motivadas pelas ideologias politicas, sejam elas o comunismo ateu ou os seas adversários.
O problema não me parece derivar tanto das crenças ideologicas ou religiosas mas da colocação em causa de um determinado poder, seja ele politico, economico ou ideologico.

Cam

Anónimo disse...

Bem tenho uma amiga k diz que tanto o sol gira em volta da terra, como o a terra gira em volta do sol, pois isto depende do ponto que tomamos como referencial. Diz que isto é um paradigma da fisica!!! Eu como não tenho fisica à alguns anos queria saber qual a possibilidade de isto ser verdade ou alguma verdade!!!Agradecia uma pequena explicação.

Ana

Anónimo disse...

Que pena ser práticamente irrelevante no nosso tempo qualquer teoria politeísta sobre a génese humana.
Eram (e são) de facto muito mais espirituosas e interessantes (mesmo sob o ponto de vista do mundo actual) as discussões e argumentações filosóficas e científicas entre deuses do que a completa aridez patente no discurso dos defensores do "god almighty".
As religiões monoteístas que têm dividido o mundo por áreas de influência são manifestamente tristes mas suficientemente sanguinárias para decretarem a justiça em nome do ser supremo, o qual não admite contraditório (como é óbvio).
Seria preferível eu ter um deus a quem recorrer para proteger a minha conta bancária e que estaria evidentemente em litígio com o deus do banco cuja função é sem dúvida proteger o alto juro e altas comissões do que ter um só deus a regular as minhas relações com o banco na base da justiça celestial, do lugar no céu e na caridade que os ricos devem ter para com os pobres.
E de facto tenho alguma dificuldade em aceitar que o ser supremo, simultâneamente magnânimo e castigador, deixe falar em seu nome alguem que pretende vender o peixe dos tais 6000 anos biblicos sem lhe enviar um raio que o parta.
Cumprimentos

Anónimo disse...

Para poupar trabalho, limito-me a parafrasear a JOANA, fazendo apenas as devidas alterações. (Convém reler o que a JOANA escreveu, para que não se pense que exagerei na falta de educação.)

Pois eu e muitos outros já estamos fartos da Joana, que parece uma cadela de fila sempre à espreita de um post da Palmira onde haja insultos a quem pensa diferente para colocar comentários maldosos.

Já estou farto também do desfiar do rol da sua sabedoria nunca provada, e das pessoas importantes que conhece, dos seus ataques aos supostos inimigos da ciência, etc., etc..

Se não está farta do blog não temos remédio :) tenho a certeza de que muitos agradeceriam não ver aqui o seu veneno insinuoso.

Mas gosto de ver a sua defesa dos crimes do ateísmo, o tal que se arroga ser o detentor das verdades absolutas e reveladas há 140 anos :)

A lista de crimes é horrível e imensa mas não foi só o comunismo, o legítimo e único representante de um mito, que cometeu crimes. Fantástico :)

Porque houve e haverá psicopatas na história da humanidade, porque a humanidade evoluiu (o ateísmo não, isso seria relativismo) - a moral e a ética evoluíram e já não se aceita a (i)moralidade ateia - não se pode falar nos crimes do ateísmo, actuais ou passados.

Anónimo disse...

Ana, a teoria da relatividade diz isso mesmo, podemos descrever o movimento em qualquer dos referenciais.
O sistema ptolomaico no fundo fazia uma decomposição do movimentos dos planetas em series de fourier. E descrevia bem esses movimentos (o que pelas caracteristicas matematicas do processo não admira).
Galileu observou que a descrição do movimento fica mais simples se em lugar de tomarmos o centro do movimento como a terra o tomarmos como o sol.
A diferença entre os 2 processos é apenas esta, um é mais simples que o outro. A simplicidade tem sido procurada na ciencia e em particular na fisica, quando é mais simples descrever um processo de uma forma suspeita-se de que há uma razão profunda para isso. Até agora esta regra tem sido uma boa regra embora nada diga que virá a ser sempre assim.
A razão fisica para a diferença observada entre os 2 referenciais só foi descoberta bastante mais tarde, por Newton e as suas formulas para a atração gravitacional. Até aí apenas razões de simplicidade, ou de estetica, justificariam a preferencia por um outro referencial.
Ou seja, a sua amiga tem razão, os referenciais são equivalentes. Mas é mais facil descrever os processos no referencial solar e o que motiva os movimentos observados é a força gravitacional do sol, algo que se torna evidente no referencial solar e não no terreste.

Cam

Anónimo disse...

Senhor Cam
Obrigado pela explicação! Foi bastante esclarecedora!!!

Ana

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