Há cerca de sete anos a Society of Fellows do Scripps Research Institute em San Diego, California, convidou James Watson para uma palestra que se revelou controversa, pela qual Watson mereceu acusações de sexismo e de fazer comentários étnicos inadmissíveis.
Watson começou a conferência - para uma plateia constituida quase exclusivamente por alunos de doutoramento e post docs europeus, não havia nenhum membro do staff nem do Scripps nem dos vizinhos Salk Institute ou UCSD, onde Crick se encontrava na altura - com uma longa explicação de que não queria ser ofensivo na palestra que já proferira em Berkeley e que noutros tempos lhe teria merecido alcatrão e penas, tal a indignação provocada.
A palestra da época tinha a ver com a proteína pom-C (pró-ópio-melanocortina), envolvida na produção da melanina responsável pela diferente pigmentação humana e de beta endorfinas, as moléculas que nos dão uma sensação de bem estar. A pom-C está ainda relacionada com a leptina (da palavra grega para magro, leptos), o peptídeo envolvido na regulação do apetite e mecanismos neuroendócrinos, na indução de obesidade e que afecta eixos hipotalâmico-hipofisários.
Watson, que é um conversador brilhante, começou a palestra propriamente dita contando a história de um cientista na Universidade do Arizona que tentou induzir quimicamente a produção de melanina num paciente. O cientista procurava descobrir se era possível alterar a pigmentação da pele como forma de protecção contra cancro de pele e foi surpreendido pelos resultados colaterais da experiência, equivalentes aos do Viagra.
Watson explicou que por razões pessoais, ele próprio tivera vários problemas de cancro de pele, se interessou pelo tema e tentou perceber porque cargas de água teríamos evoluído com uma ligação entre estas hormonas. Infelizmente, mesmo após o preâmbulo explanatório, Watson pareceu-me insensível às reacções alheias uma vez que apresentou as suas lucubrações sobre o tema de forma que muitos continuaram a considerar sexistas, potencialmente racistas e ofensivas.
Pouco depois, Watson voltou aos cabeçalhos de vários periódicos pelas piores razões, desta vez por considerar que a estupidez (e a fealdade feminina) é uma doença genética que devia ser curada.
Esta semana Watson voltou a ser notícia por declarações ofensivas que debitou ao The Sunday Times, nomeadamente por ter afirmado que os africanos são menos inteligentes do que os ocidentais e, por isso, se declarava pessimista em relação ao futuro de África.
As reacções às palavras de Watson não se fizeram esperar. O instituto Cold Spring Harbor Laboratory afirmou em comunicado que «decidiu suspender as responsabilidades administrativas de James Watson, à espera de novas deliberações da comissão directiva».
A directoria do laboratório declarou que os comentários de Watson são pessoais e não reflectem os pontos de vista da instituição. Esclareceu também que «está em franco desacordo com essas declarações, indignada e entristecida de que [Watson] as tenha feito».
A série de palestras planeadas para a Grã-Bretanha do Nobel foi igualmente cancelada. Watson iria viajar por solo britânico para promover o seu mais recente livro, mas já voltou para casa, informou Kate Farquhar-Thomson, da Oxford University Press, que estava encarregada da promoção da obra, intitulada "Avoid Boring People" (Evite Pessoas Maçadoras).
Antes do anúncio de que Watson voltaria para os Estados Unidos, a conferência marcada para ontem no Museu de Ciências de Londres - para o qual as entradas estavam esgotadas - também foi cancelada, assim como a conferência na Universidade de Edimburgo, na Escócia.
Ontem, num artigo no jornal «The Independent», Watson pede desculpas pelas ofensas que a sua afirmação possa ter causado e tenta justificar o injustificável reafirmando que o estudo dos genes poderá ajudar a compreender as diferenças de inteligência entre os indivíduos.
O cientista norte-americano diz compreender muitas das reacções provocadas pelas suas declarações e afirma que não quis dizer na sua polémica entrevista que a África é «um continente geneticamente inferior».
«O sequenciamento do ADN deveria dar a resposta», acrescenta o investigador, que se diz preocupado com a possibilidade de que «algumas pessoas sejam naturalmente más», acrescentando que «a ciência não existe para nos tranquilizar, mas para responder a perguntas ao serviço do conhecimento».
Watson continua dizendo que «Eu sempre defendi que nós devemos basear a nossa visão do mundo no conhecimento, nos factos, e não naquilo que gostaríamos que fosse. É por isso que a genética é importante. Porque ela nos levará a respostas a várias das grandes e difíceis questões que têm atormentado as pessoas por centenas ou milhares de anos.
Mas essas respostas podem não ser simples, porque, como eu bem sei, a genética pode ser cruel. O meu próprio filho pode ser uma das suas vítimas. Aos 37 anos, Rufus não pode viver uma vida independente por causa da esquizofrenia. Quando ele passou para a adolescência, eu comecei a temer que a origem da sua vida diminuída estivesse nos genes. Foi essa percepção que me levou a ajudar a estabelecer o Projecto Genoma Humano».
Voltando à história do framing de ciência, diria que Watson tem demonstrado uma capacidade invulgar de apresentar as suas lucubrações nos frames mais desastrados e ofensivos que se possa imaginar. Assim, embora concorde com a apreciação do homem feita por Greg Laden (e o meu voto vai para a primeira hipótese da lista com que termina o post) não posso deixar de assinalar a contribuição muito importante que deu à ciência em geral e à genética em particular.
Existem exemplos de cientistas que admiramos pelo seu trabalho e desprezamos como pessoas, por exemplo, William B. Shockley, prémio Nobel da Física em 1956 pela descoberta do transistor. Schockley foi nomeadado pela Time como um dos cientistas mais influentes do século XX, mas o artigo que ressalta a importância da descoberta do transistor não esquece a mundivisão racista de Schockley, que advogava uma recompensa monetária às pessoas com QI inferior a 100 que aceitassem submeter-se a esterilização.
Durante os breves instantes em que conversei com Watson e especialmente com a mulher Liz (curiosamente muita magra) fiquei com ideia de que ele não era de facto nem racista nem especialmente sexista, apenas invulgarmente insensível ao efeito dos disparates que volta e meia disparava. Como esses instantes foram apenas isso, breves, não tenho obviamente certeza na minha apreciação nem pretendo que Watson não seja o que os seus comentários sugerem. Obviamente também, gostaria que ele nunca os tivesse feito, especialmente porque certamente serão aproveitados por detractores da ciência para ataques ad hominem sugerindo que a evolução é um «mal» porque um evolucionista eminente é racista.
A ciência é uma construção humana cujos mecanismos auto-regulatórios fazem transcender os homens que contribuem para essa construção. Isso significa que não temos profetas nem gurus: embora reconheçamos as contribuições fundamentais que muitos cientistas deram nos respectivos campos isso não significa que aceitemos acriticamente tudo o que debitam. Como referiu o Desidério há uns tempos, «Dado que não temos a ilusão de pensar que os nossos métodos são infalíveis, criamos mecanismos de controlo de erros. O mais importante desses mecanismos é cada cientista ou cada filósofo submeter as suas teorias à análise crítica aberta e frontal dos seus pares».
Acrescentaria que não temos ilusões sobre a falibilidade do cientista mais eminente. Os pares criticaram aberta e muito frontalmente as teorias racistas e eugénicas de Schockley, embora ninguém deixasse de usar transistores por isso. Como criticam actualmente as declarações de Watson e o farão no futuro em relação aos disparates de qualquer outro sem deixar de reconhecer a boa ciência que fazem ou fizeram!
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22 comentários:
Difícil será se um dia for evidenciado que ele está certo, aí quero ver o que irião dizer...
É evidente que o homem tem razão e sabe o que diz.
Falou verdade e é racista?
Não pode ser. Toda a gente sabe que é verdade. Está mais que provado que o homem negro depende inteiramente do branco.
Não tem inteligência nem discernimento suficiente, por isso depende e tem de ser ajudado pelo homem branco. Isso é ofensivo? Não acho.
Acredito que cada ser humano é único com capacidades e falhas próprias. Uns são melhores numas coisas e outros noutras. Isso é uma evidência global. Não vejo em que é que extrapolar isso para cor de pele ou sexo tenha vantagens.
Que me interessa que os Homens sejam mais rápidos (em média) que as mulheres? Da mesma maneira, que diferença faria se (hipoteticamente) os Caucasianos fossem mais inteligentes que os Africanos? Somos todos diferentes, todos iguais, já diz o adágio, e temos de conviver com isso salutar e eficazmente. A diferença é uma coisa boa!
Está mais que comprovado, até pelas teorias evolucionistas, que quão mais diferentes formos maiores serão as nossas hipóteses de sobrevivência contra os males que nos vão apoquentando.
Nunca me esquecerei de um indivíduo que eu conheço que passou a vida a falar contra os "pretos" - até ao dia em que teve de ir trabalhar, durante algum tempo, para um país do Norte da Europa...
Aí, para sua grande surpresa e revolta, ele é que era encarado como preto!
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Outra questão:
Se tiver de optar, quem é que um racista-típico prefere convidar para sua casa: um preto rico ou um branco pobre?
Acerca do facto que atrás referi (um indivíduo que se achava "muito branco quando estava entre pretos" e que passou a se considerado "preto quando colocado entre brancos-mais-brancos"), será curioso ver o fenómeno [aqui] documentado.
os comentarios que li até agora não fazem menção ao artigo original de watson no sunday times, e como tal têm o efeito perverso que eu imaginava que estas declarações iriam provocar. Argumentar o inargumentavel só porque um prémio nobel o disse. Se lerem a entrevista, o que este senhor diz, ou melhor, a razao que aponta para o que ele diz ser inteligencia inferior nos africanos, nao se baseia em nenhum estudo. O que ele afirma é que toda a gente que trabalha com pessoas de raça negra pensa isso. E isto sinceramente é uma estupidez. O mesmo pensam os franceses e suiços dos portugueses, e alguns dos comentadores anteriores deveriam passar uma temporada fora do pais antes de tentar fazer algum dissertacao sobre graus de inteligencia.
Ana Petronilho,
«O mesmo pensam os franceses e suiços dos portugueses, e alguns dos comentadores anteriores deveriam passar uma temporada fora do pais (...)»
Esperava que tivesse lido o que eu escrevi no comentário anterior ao seu...
porquê curiosamente magra?
Não sei se há bases científicas, para as afirmações do investigador, mas não vejo razão para que o acusem de xenobobia;
Dizem que há muitos estudos, que indicam, que os pretos têm o pénis maior que os brancos e nunca ouvi falar em xenofobia.
Porra!
Eu sou branco!
Não será a lei da natureza; dar mais inteligência ao branco para o recompensar da inferioridade no tamanho do pénis?
Parece que fica claro que mesmo para os melhores cientistas e para aqueles que tão rigidamente defendem a "predominância absoluta do conhecimento científico" na actualidade há limites seríssimoe e inultrapassáveis. Mesmo que esses limites sejam indesmostrados ou indemostráveis pelos que os impõem ou estabelecem. Portanto, mesmo para os mais insignes cientistas, há outros iguais ou muito menores que se aprestam com afã e lhes impõem cercanias. E estes acorrem prontamente e encarniçam-se contra os proferentes das "modernas e pós-modernas heresias". Só não há, felizmente, as "fogueiras de antanho", porque esse poderia ser um eventual destino a considerar (?). Que se afanem então, e para bem da ciência e do seu valor franco e aberto, os censores ora tão prontos a desfazerem cientificamente de vez essas inintelectualidades e desumanidades, já que acham que a ciência basta a tudo para o Homem e a Humanidade! Porque isso da ética e da moral, que normalmente é de somenos para os "absolutistas", acaba por vir à superfície epidérmica ferida mal "um não-alguém" se atreve a passar os "poderosos limites". E entre nós, com um Nobel que apassarava seres humanos, o primeiro, e um outro, e último, que defende impenitente o desaparecimento do "Cantinho" sem que o vozeio de ora se faça pio, há que convir que é obra moderna, muito moderna, pós-moderna e muito politicamente correcta essa imediata e inultrapassavel censura. Nem mais seria expectável...!
E não há aqui ninguém que diga que já foi feito um estudo do Q. I. dos diferentes povos da Terra, e que todos são semelhantes? As diferenças estão simplesmente no meio cultural em que cada um vive.
Caro(a) Pimpinela:
Na tal palestra a que assisti Watson insistia que as mulheres brancas magras eram as pessoas mais infelizes do mundo. E que a pessoa mais feliz era uma latina gorda e de ancas largas...
Sobre a inteligência primeiro tenho sérias dúvidas sobre os testes de QI. Depois sobre os factores determinantes, para além de factores socio-culturais há outros factores muito importantes nomeadamente de nutrição.
o homem é o mamífero superior cujas crias nascem mais impreparadas para o mundo, numa fase em que o seu cérebro mal começou a desenvolver-se. Isto é, nos humanos o cérebro continua a crescer com taxas próximas às fetais durante cerca de 1 ano; nos outros mamíferos (incluindo primatas) o crescimento rápido do cérebro ocorre apenas antes do parto.
Para esse desenvolvimento é necessário muita gordura.Uma dieta pobre em gordura nesse primeiro ano tem repercussões a nível do desenvolvimento cerebral da criança.
Como é óbvio e já foi apontado as declarações no mínimo infelizes de Watson não têm qualquer suporte científico.
Queridos/as,
Tenho acompanhado os desenvolvimentos desta polémica, não apenas porque sou geneticista de formação, como também porque me interessei desde cedo pelas controvérsias científicas.
Na controvérsia do racismo, desde sempre, o sector que refere haver substanciais diferenças entre «raças» (*um termo impossível de definir cientificamente, pois não existe na espécie humana uma distribuição de genes comparável às raças verdadeiras presentes em outros seres vivos, desde animais domésticos a raças naturais, que são ao fim e ao cabo, populações em processo de especiação)
afirmou que A «RAÇA» NEGRA ERA INFERIOR. Nunca ninguém desse campo veio dizer que estudos «provam» que a «raça» branca é inferior. Isto é curioso, para indivíduos supostamente desapaixonados e «objectivos», que seriam «os cientistas»...
Simplesmente, isto JÁ não é polémica ou controvérsia científica, SEQUER.
Watson e outros transformaram-se em CABOTINOS, bajulados por uma fama (**merecida ou imerecida, note-se que o 3º autor dos estudos estruturais do dna é um cristalógrafo cujo nome, [wilkinson(?), briggs (?)] é raramente referido mas tão importante como Watson e Crick, na génese do famoso modelo da dupla hélice).
Como todos os cabotinos (o nosso Saramago é outro), gozam, dizendo o que lhes apetece, por causa da sua aura de nobeís.
Manuel Baptista
Para quem quiser saber mais alguma coisa sobre as vergonhas científicas à volta da inteligência humana e do famigerado QI, Stephen Jay Gould trata esse assunto de uma forma exaustiva e séria, no seu livro “The mismeasure of man – A falsa medida do homem”.
Quem até à data tentou medir a inteligência deu com os burros na água, porque é uma aptidão de tal modo complexa que é o aspecto qualitativo que conta. E se já é difícil medir qualidades, muito mais difícil é saber as suas causas entre centenas de factores causais. De tal modo se enredaram em sarilhos que alguns acabaram por cair em desonestidades ridículas, as quais acabaram por ser todas facilmente desmascaradas.
A maioria dos biólogos concorda que não há uma base genética para a maior parte das diferenças comportamentais entre os grupos humanos. A inteligência não passa de um conceito abstracto convencionado por um grupo humano num contexto histórico. Pois trata-se de definir uma pluralidade de aptidões comportamentais nas mais diversas situações da vida e nos mais diversificados contextos do mundo. O que choca é, sendo fácil saber isso, certas pessoas que têm grandes responsabilidades intelectuais não terem a mínima vergonha de serem tão desonestos qundo debitam ideias sem qualquer fundamento. Qunado muito o fundamento é pessoal e insondável, que de certeza não está nos genes dele.
Os genes são responsáveis apenas por uma pequena parte do que nós somos, da mesma maneira que os neurónios são apenas pequenas peças no conjunto duma coisa muito mais vasta que se chama mente. Nem os genes nem o cérebro são a causa dos pensamentos que as pessoas têm. O pensar é uma actividade relacional com o mundo, pois por absurdo, sem mundo nós não pensávamos coisa nenhuma. São as pessoas que pensam e não os seus cérebros. São as pessoas que urinam e não os seus rins. São as pessoas que andam e não as suas pernas. Aqui teríamos que saber o que é uma pessoa, mas a conversa já vai longa. Claro que sem cérebros as pessoas não podiam pensar, sem genes não existiam, assim como sem pernas não podiam andar. Mas daí não se pode inferir que está lá tudo. São falácias desmesuradas e erros conceptuais infantis certas coisas que tenho visto escritas.
Ah, então as afirmações foram no sunday times! Obrigada pela informação, Ana Petronilho. E se a justificação que ele deu é a que a Ana Petronilho descreve, então é a prova de que os Nobel também podem ser ignorantes em algumas coisas. A questão é a de saber o que entendemos por «melhor» e «pior». A pergunta é: melhor para quê? Se for para colonizar os demais, esse indivíduo ainda deverá ser considerado como «melhor»? Ser mais rápido é melhor? Já tenho pensado que há certos textos meus (contra o automóvel e as velocidades excessivas, por exemplo), aliás bons textos, que eu provavelmente nunca teria escrito se não fosse um bocado pitosga. Já viram as consequências que poderiam advir de todos podermos vir a ser «melhorados» geneticamente (e não só)?
Adelaide Chichorro Ferreira
Por essas e por outras lord Byron falava do "fardo do homem branco".
E o "fardo" de facto era pesado. Havia muito ouro, pimenta e marfim roubados para transportar.
Há situações de racismo verdadeiramente estranhas:
Entre guinenses e cabo-verdeanos; entre tutsis e hutus; entre a etnia de José Eduardo dos Santos e a de Savimbi...
Na África do Sul, os zulus acham-se de tal modo superiores aos outros negros que eram utilisados, no tempo do apartheid, na repressão racial.
Entre os japonses também há racismo face a outros "amarelos" asiáticos, etc.
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«O Racismo não Existe» era o nome de uma peça de teatro universitário que, nos Anos 60, explicava uma coisa simples:
Da mesma forma que o Homem se serve dos animais "porque são seres inferiores", numa situação de exploração violenta o explorador fica de consciência tranquila se se auto-convencer de que o explorado é, igualmente, inferior a si.
E nada é mais simples do que o "crermos quando queremos"...
A primeira frase do comentário anterior do Carlos Medina Ribeiro, conhecido coleccionista de humor, só se explica com o seu "racismo" imanente. A última, é a ilustação de desconhecimento do pensamento - por exemplo - de Nietzsche.
Pobre, débil, triste. A figuração perfeita do anti-pensador que invade o status da pretensa intelectualidade nacional. Um exemplar a reter e não copiar.
O direito à liberdade de expressão inclui o direito à asneira e ao disparate. Por isso, sou contra qualquer tentativa de silenciamento ou penalização das parlemices que são publicadas ou verbalizadas.
No caso de James Watson considero exagerado o seu afastamento da administração do instituto ou o desconvite para as palestras.
Tem de se quebrar o círculo vicioso de se responder a um disparate, a um argumento inaceitável, com outro disparate e uma intolerância condicionadora da liberdade de expressão.
Começa a ser assustador o clima histérico que se gera quando alguém emite alguma opinião ou ideia mais controversa.
É necessário que se levantem vozes contra uma certa intolerância bem pensante que prefere a censura ao debate e que pretende penalizar quem pensa de forma diferente, mesmo que esses pensamentos sejam disparatados ou deploráveis, como é o caso dos de James Watson.
pois, pois.
Adelaide Chichorro Ferreira
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