sábado, 23 de setembro de 2023

O discurso de seita a comandar a Educação

Por Eugénio Lisboa

A Educação tem-se enredado num discurso de seita com vista à produção de robots comandáveis para bom uso do MERCADO. Uma autêntica fábrica de BÁRBAROS ÚTEIS e muito EFICAZES. 

É um ataque descarado e selvagem ao Humanismo e ao valor do conhecimento. Que as Escolas e as Universidades se apropriem dele e o usem é uma vergonha: abrem as portas à barbárie. 

Reprodução da dedicatória de Ionesco ao
historiador João Medida, que o entrevistou (aqui)
Dizer-se que o conhecimento não é importante é só o primeiro passo; o segundo será proclamar que ele é nocivo; o terceiro será considerá-lo perigoso. Isto é o prefácio de previsíveis fogueiras ateadas pelos bombeiros do romance de Ray Bradbury... 

Uma escola, uma universidade deve resistir à barbárie, não associar-se a ela. A cobardia dos que têm medo de não andarem "à la page" é a mais abjecta de todas. 

Estamos no meio de uma peça de Eugène Ionesco – O RINOCERONTE – onde todos se vão tornando rinocerontes, por incapacidade de resistência. 

Ionesco foi um dos grandes visionários do teatro do século XX. Glosando o que se passava nos regimes totalitários, antecipou este vendaval destrutivo que assola a Educação. 

Recomendo o envio urgente de exemplares da peça do grande escritor romeno aos ministros, aos directores, aos reitores, aos professores, acompanhado, talvez, da explicação do seu significado.

Eugénio Lisboa

4 comentários:

António Pires disse...

O paradigma da escola já não é ensinar e aprender. Trata-se mais de tomar conta de crianças e adolescentes, para que não se percam na rua. Os conhecimentos científico-humanistas, que exijam um mínimo de estudo, são eliminados dos currículos. As escolas só existem porque há pobrezinhos que precisam de diplomas para arranjarem bons empregos. Estas são algumas ideias peregrinas da seita que pretende espalhar a doutrina ubuntu por todo o mundo, por meio da educação escolar, na crença de que assim formaremos cidadãos democráticos. Há uma coisa que eu sei:
- Para que estas escolas-armazém funcionem bem, o problema não é termos professores de menos - é termos "professores" de mais!

Anónimo disse...

Realmente, o problema é termos muitos professores a compactuar com a instalação da barbárie.

Helena Damião disse...

A verdade é que, tal como explica o filósofo W. Hare (ver texto que acabo de publicar), tem sido feito um trabalho altamente especializado de doutrinamento dos professores, mesmo nas universidades (ou sobretudo nelas), de modo que eles doutrinem os seus alunos. Este reconhecimento não decorre de delirantes teorias da conspiração, tem, isso sim, a ver com o funcionamento neoliberal (que nada tem a ver com liberalismo) do mundo, no qual importa estabelecer um único modo de pensar, pelo menos para a maioria.
Cumprimentos, MHDamião

c.eliseu disse...

De vez em quando aparecem vídeos de escolas africanas e até chinesas que são 4 paredes sem reboco e sem janelas, um teto (///) de folhas de palmeira, com a presença de um(a) heróico(a) professor(a) cheio de competência e simpatia. Hoje, em Portugal, vemos um Parque Escolar renovado... e escolas boas e/ou razoáveis, no entanto, sem professores e até sem mesas (mesas!)...

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