terça-feira, 20 de setembro de 2022

A DITADURA DE COIMBRA

Por Jorge Paiva

[Texto em ligação a outro anterior e antes publicado no Diário de Coimbra e  n` As Beiras de dia 22 de Setembro]




Em Coimbra está instituído um regime ditatorial desde que existe a Metro Mondego, agora MetroBus. O primeiro grande disparate que fizeram foi terem destruído a linha férrea Serpins-Coimbra. Foi um disparate, pois era para a substituírem por uma via férrea de Metro de superfície. A Metro Mondego, na sua megalomania, não teve o cuidado de esperar pela atribuição de verbas para tal empreendimento e, com a pressa, derrubaram dezenas de plátanos da Avenida Emídio Navarro para a passagem do dito Metro. Agora alteraram o projecto para autocarros, a MetroBus. 

Conheço Metros de superfície, dois até em Portugal (Almada e Porto), todos em via férrea. Ao que em Coimbra estão a chamar Metro, não é Metro nenhum. Designam-no assim para camuflarem toda a incompetência e disparates que fizeram. Estão a aproveitar grande parte da via que era destinada para a via férrea do Metro, mas tiveram que efetuar algumas alterações, por isso resolveram derrubar, agora, mais uns monumentais plátanos.

Quando me solicitaram estar presente nas manifestações e reuniões na tentativa de salvar estes últimos plátanos, neguei-me e disse aos que me deram a honra de convidar que não ia, pois a MetroBus é ditatorial e nada do que tinham decidido fazer seria alterado, estivesse a população, a Câmara e até o Governo contra.

Na realidade, a Autarquia não tem qualquer autoridade. Infelizmente, em Coimbra estamos sujeitos à autoridade (ditadura) de cidadãos que não foram eleitos pelos munícipes e que até, creio, estão na MetroBus por nomeação e não por concurso público. Com este regime ditatorial, se eu fosse autarca de Coimbra, demitia-me. Mas, como munícipe que sou, nunca mais vou votar nas futuras eleições autárquicas, pois numa ditadura, as eleições servem apenas para camuflagem, porque os ditadores são sempre os mesmos. 

Para finalizar, esclareço que os plátanos são árvores de folhagem caduca (como devem ser as árvores das artérias urbanas de Portugal, particularmente no Norte), mas que no Inverno continuam a ser sequestradores de carbono e fábricas naturais de oxigénio, pois o ritidoma (vulgo casca) do tronco e ramos é verde. Assim, a contribuição anual purificadora e climática das dezenas de volumosos plátanos que a MetroBus derrubou é muito superior à dos Bus eléctricos, que até são mais poluidores do que um Metro em via férrea. 
 
Jorge Paiva
Um munícipe desiludido
Coimbra. Setembro 2022

Sem comentários:

O corpo e a mente

 Por A. Galopim de Carvalho   Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...