domingo, 14 de agosto de 2022

JORNALISMO E MIMETISMO

Na sequência deste texto, Jorge Paiva enviou uma carta ao director do jornal Público com o título "A biodiversidade na serra da Estrela" que foi publicada hoje e que, com a devida vénia, abaixo reproduzo. 
Nela o biólogo chama a atenção para duas coisas fundamentais que estão ligadas. Uma é a má qualidade do jornalismo que dá forma aos telejornais: a informação objectiva e responsável cede lugar à activação das emoções (através de imagens e de depoimentos). Outra, é o mimetismo comportamental que essa activação provoca e que está bem estudada na Psicologia Social.
São raros os jornalistas que pesquisam para obterem dados credíveis para publicarem artigos sobre a relevância da biodiversidade. Conheço um que trabalhou no PÚBLICO, o Ricardo Garcia, que até me acompanhou em digressões através de alguns ecossistemas da África Tropical. 
Creio que não conheço pessoalmente Daniel Dias, que deve ser o jornalista a quem neguei dar informações pelo telefone, pois só o faço para jornalistas credíveis e que conheça pessoalmente. Lamento, pois o artigo sobre a biodiversidade ameaçada da serra da Estrela (PÚBLICO, 13.08.2022) é excelente, preciso e elucidativo. Felicito o jornalista e o PÚBLICO. É por isso que sou um leitor diário do PÚBLICO, pois tenho informação fidedigna. 
Não vejo telejornais das televisões portuguesas, onde os repórteres, ao noticiarem os incêndios florestais, parecem estar a relatar um desafio de futebol, tendo sempre como imagem de fundo a Natureza a arder, com o que incentivam os pirómanos. 
Muitos dos nossos incêndios iniciam-se à noite, depois dos telejornais. Na década de 80, demonstrei isso com o testemunho de alunos meus. Fomos para o cume de uma montanha, com ampla panorâmica circular e observámos o início de meia dúzia de incêndios após os telejornais. 
Porque é que esses “voyeurs” não mostram imagens dos suicídios, que os há quase diariamente?

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