O título deste livro de poesia pode enganar, uma vez que o poeta não é professor de Educação Física. Chama-se Mauro Filipe da Silva Ponto. Fez licenciatura e mestrado em Engenharia Biomédica (por isso, sabe Física). está a fazer o doutoramento na Universidade de Coimbra em Engenharia Informática, na área da Inteligência em Artificial. Concretamente, analisa sinais neurológicos de modo a podere fazer diagnósticos de doenças. É locutor e técnico de som RUC- Rádio Universidade de Coimbra. Publicou em Novembro de 2021 o seu primeiro livro de poesia, precisamente com o título de cima, na chancela da Doudacorreria, de Lisboa. O mesmo mês foi fértil para ele uma vez que, mesmo no final, no dia 24 de Novembro, foi anunciado o Prémio Francisco Rodrigues Lobo, da Livraria Arquivo de Leiria com o apoio da Caixa Agrícola, para a sua obra "Época da Laranja". O júri, presidido por Carlos André, integrava o saudoso João Paulo Cotrim, naquele que deve ter sido uma das suas últimas intervenções.
O livro, com ilustrações espantosas de combates orientais da mão de Sofia Vargues, fala muito de desporto, em particular de futebol, mas sempre com uma veia poética muito original. E também fala de ciência, ou não fosse o seu autor investigador científico. Sempre com a palavra bem segura e a metáfora surpreendente.
Muitos parabéns Mauro! Escolhi três poemas que dão a ideia do registo do novo autor (ainda bem que estão sempre a aparecer novos autores):
12.
a primeira falta dura
o primeiro beijo de língua
o primeiro golo
a primeira festa
o primeiro dedo na tomada
a primeira negativa
a primeira superbock.
dá sempre choque.
27.
o tempo é a grandeza
física melhor definida
que temos
o sistema internacional
de unidades conta o segundo
pelo número de vibrações
de um isótopo de césio
o tempo é a grandeza
física melhor definida
que existe
um segundo dão 9192631
vibrações de um isótopo
de césio
e o tempo por si só
nem existe, aceitamos
esta gelatina do espaço-tempo.
os físicos namoram
a relatividade geral
explicam aos invejosos
que o tempo pode correr
a diferentes ritmos nos
diversos lugares do mundo
eu cá acho que o tempo
é a melhor definição
de ignorância que existe
a ignorância passa sempre
à mesma hora
se pessoa fosse
acertaríamos até o relógio
por ela
49.
as teorias da origem da vida
falam de formas primitivas que
chegaram na colisão de um asteróide.
é nelas que me baseio quando
vejo jogadores de futebol atrizes
e ouço que não são deste planeta.
arrisco-me a dizer
é esse o segredo do mundo,
ninguém é de cá. somos estrangeiros
num absurdo viemos
à inauguração de um planeta
cortaram a fita e aqui estamos
neste filme fazemos
as vezes de pobre,
sem mota mas à pendura
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