Lembro-me bem do início do projecto MINERVA (Meios Informáticos Na Educação, Racionalização, Valorização, Actualização), sobretudo do entusiasmo e boa-vontade que envolvia as escolas e os professores que a ele aderiram. Por isso mesmo penso perceber as seguintes palavras de Dias Figueiredo, que revelam uma realidade perfeitamente instalada:
Do ponto de vista político, um dos objetivos centrais do MINERVA era contribuir para viabilizar uma indústria nacional de computadores, a exemplo do que acontecia em outros países, como o Reino Unido, França, Holanda e Suécia. No entanto, ao assumir a coordenação do projeto, visitei os projetos daqueles quatro países e apercebi-me de que impunham uma ligação entre educação e indústria que limitava o desenvolvimento de projetos pedagógicos autênticos, descentralizados e abertos. Por isso, uma das decisões mais difíceis que, solitariamente, tive de assumir foi abandonar o objetivo de usar o projeto para viabilizar uma indústria nacional de equipamentos, o que muito desgostou o meu grupo de investigação, onde tinha nascido o computador que beneficiaria dessa política.
O projeto MINERVA manteve-se, assim, aberto a todas as políticas de equipamentos. Não faltaram, nos anos seguintes, pressões fortíssimas no sentido de o condicionar a um único fabricante. O governo francês, por exemplo, enviou a Portugal o adjunto do seu ministro da educação com a incumbência de me convencer a adotar o equipamento daquele país. Anos mais tarde, uma grande multinacional colocou idênticas pressões sobre o governo da altura, propondo um monopólio para o fornecimento de equipamentos para a educação em Portugal. Também nesse caso, a nossa recusa foi perentória.
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