quarta-feira, 12 de junho de 2013

"UMA GREVE GRAVE" NO "PÚBLICO"

Artigo de opinião publicado pelo "Público" hoje, em que desenvolvo apontamento publicado neste blogue com o mesmo título:

Certas greves são usadas como feitiços e, nesse caso, os dirigentes sindicais portam-se como feiticeiros. Os dirigentes dos sindicatos dos professores estão a usar a greve como feitiço para esconjurar ameaças à “classe docente”. Mas pode bem ser que o feitiço se vire contra os feiticeiros.
Uma greve na aviação não é grave, pois um passageiro pode escolher outra companhia ou, se não tiver alternativa, esperar um ou dois dias até seguir viagem. No entanto, uma greve aos exames nacionais feita por professores já é grave, pois os alunos não podem escolher outro sistema de exames e correm o risco de, com a continuação da greve e o fim do ano lectivo, perderem o ano. Na prática poderá ser uma retenção geral dos estudantes envolvidos.
Ao contrário das eleições autárquicas, não parece haver limitação de mandatos nas eleições sindicais, pelo que os feiticeiros são sempre os mesmos. Mantêm-se nas direcções autênticos "dinossauros", que não se lembram do que é uma aula ou uma avaliação. O seu horror aos exames dá a entender que nunca passariam num que fosse minimamente exigente. Para eles, os exames são evitáveis. O que interessa são as “competências”, o “aprender a aprender”, o “menos é mais” e todo o palavreado oco que repetem. O que os move é, para além da perpetuação nos seus cargos, que os isentam de aulas, a ideologia uniformizadora e facilitista que ignora o mérito e, claro, o combate político pela supremacia das suas cores partidárias. Em boa verdade, não querem saber dos professores e muito menos dos alunos.
Desta vez não encontraram outro modo de protestar do que uma greve aos exames, que sabem trazer prejuízos directos, quiçá irreversíveis, às crianças e jovens. Neste caso, a convocatória de uma manifestação seria contraprudecente pois ficaria clara a enorme diferença relativamente aos grandes ajuntamentos contra a avaliação de professores proposta pela ex-ministra Maria de Lurdes Rodrigues, que detonou um mal estar desnecessário que o actual ministro não quis ou não pôde debelar. Os eternos dirigentes sindicais querem agora mostrar não que os professores podem fazer bem aos seus alunos, como é normal e desejável, mas sim que também podem fazer mal, atrasando-lhes a vida num ano. Quaisquer que sejam as razões que invoquem, não se trata de valorizar os professores, mas sim de os diminuir perante os alunos e a sociedade. Ao dizerem que na educação não há e não deve haver serviços mínimos, estão objectivamente a desprezar o valor da educação de que eles deviam ser defensores.
Vivemos tempos difíceis e o actual governo é responsável por boa parte das dificuldades. Os professores sofrem, como sofrem quase todos os portugueses, devido a acções e omissões de um primeiro-ministro sem rumo. O governo está desorientado perante o falhanço das suas decisões nas áreas financeira, económica e social (dá pena ver o ministro Vítor Gaspar culpar a chuva, metendo ele próprio água num país que está seco). Basta olharmos para as folhas de salários para concluirmos que não temos quaisquer razões de contentamento com a situação. Podemos também olhar para o número galopante de desempregados, alguns em situação desesperada, e para o número de reformados em crescentes dificuldades. Pior do que tudo, não vemos uma luzinha nestes dias escuros, por não haver uma palavra fiável de esperança. Nas eleições, que devem ser efectuadas na altura própria, o chefe do governo saberá a opinião dos cidadãos a respeito da sua acção ou inacção.
Neste quadro geral de degradação, a chamada "reforma do Estado" está a ser feita à trouxe-mouxe, usando eufemismos do "economês" como “reajustamento”, "requalificação" e "mobilidade especial", que não ficam nada atrás dos do "eduquês". Os sindicatos da função pública têm todo o direito a fazer greve. Porém, a presente greve dos professores aos exames, da responsabilidade de dirigentes sindicais irresponsáveis, penaliza a escola pública em favor da privada e penaliza sobretudo menores de idade, que não têm direito a voto. As crianças e jovens nada fizeram para causar a crise e têm direito a um futuro sem atrasos. Cabe aos professores acender-lhes uma luz que os ilumine, de modo a permitir-lhes um caminho. A profissão de professor é uma das mais nobres por ser portadora de futuro. Não acredito que os professores queiram prejudicar a vida dos seus alunos em circunstância alguma. E muito menos que, aqui e agora, a prejudiquem mais do que ela já está com a agrura da sociedade portuguesa. Admito que haja professores de boa fé a querer fazer greve aos exames, mas não conseguem escapar às manipulações dos feiticeiros.

Há males que vêm por bem: Pode ser que, cumprindo-se o ditado sobre o feitiço, surja uma Ordem dos Professores, que valorize os princípios de ética profissional mais do que os sindicatos.  Não será difícil.

100 comentários:

Anónimo disse...

"(os alunos) correm o risco de, com a continuação da greve e o fim do ano lectivo, perderem o ano. Na prática poderá ser uma retenção geral dos estudantes envolvidos."

isto não me parece uma previsão muito realista

Anónimo disse...

Os professores podem fazer greve desde que não prejudiquem ninguém...de preferência em agosto....santa hipocrisia.
A educação não é um bem de primeira necessidade...ninguém morre por não saber ler...as pessoas podem prestar provas do seu saber quando quiserem e puderem....claro que nem todos somos amigos pessoais do ministro da educação, o tal que que dizia cobras e lagartos do ministério da educação como o fez à minha frente uma vez na Batalha, na presença do autor deste post e poucos meses depois já era ministro....

João Esteves disse...

Em velocidade de cruzeiro, faria-se uma greve em tempo de aulas por um dia, muito provavelmente com uma adesão sofrível ou fraca, por uma qualquer questão menor ou só para marcar posição. Mas não estamos em velocidade de cruzeiro. Estamos no meio de uma enorme borrasca, com a destruição de grande parte do país tal como o conhecemos, com a vida de milhares de pessoas destroçada, com a falta de perspectivas de futuro de muitos dos nossos jovens (alguns dos quais se poderão interrogar sobre qual o objectivo real dos exames a que se propõem). Perante uma tempestade são necessárias medidas de excepção.
O Carlos Fiolhais toma por adquiridos como factos alguns dos seus preconceitos sobre os sindicatos, os sindicalistas e as greves. Mas a verdade é que, por um lado, a militância sindical é escassa: poucos são os que se dispõem a essa vida com prejuízo da sua própria vida pessoal, familiar e profissional. Por outro lado, não há greves eficazes sem mossa, seja para a entidade patronal (que pode ser pecuniária ou política) seja para os beneficiários dos serviços prestados pelos trabalhadores em greve.

margarete disse...

"(os alunos) correm o risco de, com a continuação da greve e o fim do ano lectivo, perderem o ano. Na prática poderá ser uma retenção geral dos estudantes envolvidos."
parece-me uma previsão manipuladora para atingir os fins do seu texto, em que se baseia para afirmar isto?
Se a greve aos exames já está definida como não sendo relativo a um acto que exija serviços mínimos, porque será?

Aproveitem para mostrar aos vossos filhos o que é viver em democracia e a valorizar isso.
Repito o que disse no outro post:
Não entendo, não me cabe na cabeça (mesmo), que andem a discutir a legitimidade de alguém usufruir de um direito que tanto custou a adquirir.
Respeitem a democracia e ensinem os vossos filhos a fazê-lo também. Este é o momento ideal para mostrar que não são individualistas e que respeitam os princípios inerentes à vida em democracia.
Querem ver que gostam de viver em democracia mas... só quando lhes convém?
Que desilusão, Carlos Fiolhais.

Anónimo disse...

Mas afinal... desejavam tanto os exames, acham que são óptimos, e agora uma relativamente simples mudança de data já vai traumatizar as criancinhas para todo o sempre e estragar a sua vida? Não ficam todas em igualdaded e circunstâncias? Não é tal e qual a vida, em que os planos mudam? Isto é ouro, uma óptima oportunidade para as criancinhas se ultrapassarem e aprenderem a lidar com as agruras da vida!

E o ministério, ao insistir em medidas altamente gravosas para os professores, e por maioria de razão para todos os futuros alunos, não tem culpa nenhuma? Sim, pois, os professores são maus e têm agendas escondidas, o ministério é bom, é o nosso pai e sabe melhor. Tem-se visto!

Já o Autor deste post, como intelectual que é e com influência na sociedade, devia talvez reflectir um pouco antes de ceder aos seus preconceitos, ideológicos ou não. A não ser que seja desonestidade intelectual. Mas vai dar ao mesmo.

Anónimo disse...

Não sejam assim ! Isto é culpa das tontas das mulheres de letras que acreditam em horóscopos e alinham nestas "feitiçarias".

Às vezes, mandam-se estas bocas para ter piada, mas os mesmos que pregam a ética esquecem-se que, de facto, o "feitiço pode virar-se contra o feiceiro".

Sílvia disse...

A greve é feita pelos PROFESSORES e eles estão nas escolas, dão aulas e avaliam! Ao contrário da mensagem que está a passar neste artigo de opinião, esta não é uma guerra entre os sindicatos e o MEC. É uma guerra entre os professores e o governo, que quer a todo o custo destruir a escola pública! É assim tão difícil de entender isto?

Sílvia disse...

Já agora gostava de perceber o que é que a criação de uma Ordem de Professores tem a ver com a convocação de uma greve! Já alguma vez viu a Ordem dos Médicos intrometer-se nas greves dos médicos, convocadas pelos seus sindicatos? Eu não, mas pode ser que me tenha escapado!

José Fontes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
José Fontes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
José Fontes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
José Fontes disse...

Quando fui aluno do ensino primário (1954-58) tive como professoras 4 regentes escolares, uma em cada ano, que tinham como habilitação académica, precisamente, a 4.ª classe, o nível que eu atingi naquele ciclo escolar.
Chegavam à minha escola na aldeia a 7 de Outubro, trabalhavam até 9 de Junho, não tinham subsídio de férias, de Natal, nem recebiam um escudo sequer nas férias grandes.
Ganhavam 300 escudos por mês (1,5 euros hoje), embora se tenha que fazer os devidos ajustamentos na moeda, no seu valor relativo.
Era um ordenado de miséria, ainda assim um pouquinho melhor do que o que ganhavam os rurais que se apresentavam diariamente na «praça» a oferecer-se para trabalhar. E não apanhavam sol nem chuva.
Voltavam ao trabalho em Outubro do ano seguinte, se não voltassem não recebiam subsídio de desemprego (não havia). Mas havia uma miséria generalizada, posso garantir.
Nunca soube o que foi uma greve, a professora estava sempre na escola, muito menos nos dias dos exames, que fiz na 3.ª e na 4.ª classe, na vila sede do concelho, pois a escolaridade obrigatória terminava na 3.ª classe. Só seguia para a 4.ª quem quisesse prosseguir estudos, no liceu ou nas escolas industriais e comerciais. Ainda guardo os 2 diplomas enfeitados com os garbosos lusitos da Mocidade Portuguesa.
Da minha escola, 40 alunos, 4 classes na mesma sala com uma professora, apenas 2 prosseguiram estudos, um no liceu, outra no ensino comercial.
Grandes tempos, que saudades de quando era jovem.
E guardo boas recordações da escola, estava muito bem equipada, embora fosse uma simples casa de habitação de aldeia. Tinha uma sala de aulas estreita e comprida, com carteiras corridas para 4 alunos e tinteiro de porcelana embebido nas mesmas, um quadro preto, ponteiro, régua (a menina dos 5 olhos) e umas orelhas de burro feitas de papel de jornal, para pôr na cabeça dos alunos que dissessem 2x3=5, sendo expostos ao ridículo na janela para a rua por onde transitavam os habitantes da aldeia que iam buscar água à fonte, ao fundo da rua. Havia ainda uma sala escura ao fundo, para outros castigos, e um grande quintal cheio de ervas para dar saltos nos recreios. E saía-se, de facto, muito bem preparado da escola, capaz de se singrar na vida com as contas de cabeça e as redacções sobre a vaca (que era muito nossa amiga porque nos dava o leite), as quais se faziam na escola e se sabiam na ponta da língua, recitando-se nos exames. Nunca ouviram dizer que se ficava a saber mais com a 4.ª classe antiga do que com o 12.º ano de hoje, quiçá com uma licenciatura? É «vox populi».
E, acima de tudo, não havia greves.
Que saudades desses tempos sem greves,
A paz, a concórdia e a felicidade reinavam neste nosso amado Portugal.
Mas as coisas estão a compor-se, não tardará o regresso das regentes escolares, da menina dos 5 olhos, das orelhas de burro em papel de jornal (hoje talvez em plástico). A tabuada e os exames na sede da «vila» já cá cantam. A seguir virá a greve só nos feriados e fins-de-semana, depois a proibição dessas excrescências que são os sindicatos.
Já não era sem tempo o regresso à tranquilidade, à paz e à ordem, sem as quais não haverá progresso.

José Batista disse...

Mais que graves, certos textos são imensamente tristes e infelizes. E este do Prof. Carlos Fiolhais, em minha opinião, é-o sobremaneira.
Estou antes de acordo com a opinião de Pacheco Pereira, expressa no seu blogue "Abrupto" (http://www.abrupto.blogspot.pt/). Transcrevo:

[...] "quem faz greve a sério, escolhe os momentos que mais prejuízo provocam, como fazem os pilotos da TAP, os maquinistas da CP, os trabalhadores dos transportes, os professores, e, numa sociedade civilizada, definem-se os serviços mínimos para impedir a disrupção social para além dos limites do aceitável. Mas os serviços tem que de facto ser mesmo "mínimos", e os prejuízos fazem parte da conflitualidade consentida pela pluralidade de interesses na sociedade.

O que disse atrás não é comunismo, nem socialismo, nem radicalismo, nem fascismo, nem coisa nenhuma acabada em ismo. É o modo como nas sociedades democráticas se defrontam os conflitos sociais e políticos, com custos sociais, mas, se não for assim, é pior. É pior a começar para a democracia, coisa a que cada vez se liga menos."

É este "pior a começar para a democracia" que me parece fundamental. E gravíssimo é tratar a democracia como "coisa a que cada vez se liga menos".
Como galopantemente se vai fazendo.

Anónimo disse...

Estranha esta crónica , aconselho a visualização deste debate de Paulo Guinote com Couto dos Santos , decerto ficará elucidado pois as suas lacunas são muitas. E ou defendemos um estado democrático com direitos e deveres para todas as partes ou então diga-se, sem pruridos , venha a ditadura .
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=gB_C_gyqoK0

Ivone Melo

André Rodrigues disse...

Professor Carlos Fiolhais

Antes de mais, considero pouco ético publicar num blog, de acesso público e gratuito, o que nos conteúdos do Público online, de que é colunista, está restrito a assinantes, que pagam esse acesso (mas é capaz de estar previsto no acordo que tem com a direção do jornal... desculpe se estou a falar de cor)

Por fim, peço encarecidamente que leia os comentários que algumas pessoas têm vindo a fazer como resposta a este seu texto de opinião. Talvez não sejam doutores nem colunistas nem autores de livros, mas são pessoas reais que vivem a Escola e a democracia sem pretensões de reconhecimento das televisões e tudo o que é meios de comunicação social. Por isso, têm muito valor, porque argumentam de forma válida, porque pensam e sentem a realidade!

Se me permite a ousadia, gostaria que se dedicasse mais à investigação, meio em que é justamente reconhecido como sendo, segundo sei, o investigador português com mais citações em artigos científicos na área da Física. Não terá tanto reconhecimento público, infelizmente, mas as compensações deverão ultrapassar este pormenor...

Se não ler este e outros comentários, só poderei achar que é surdo-cego-mudo, e, assim, deixarei de procurar os seus textos e opiniões, neste blog ou qualquer outra fonte.

Cumprimentos

Ildefonso Dias disse...

Neste país é comum existirem pessoas que não querendo vêr o que está à vista de todos, teimam em acenar aos incautos com os espantalhos... e o texto de JPP é disso um bom exemplo. Não fora JPP um mestre exímio nessa arte de acenar...

Diz JPP "[...] A monda química e a introdução de maquinaria, tiveram efeitos devastadores no preço e na quantidade de mão-de-obra necessária e levou à emigração muitos milhares de trabalhadores rurais alentejanos."


Oiçamos BJC:

[...] 2.- Os males não estão na máquina mas na desigualdade de distribuição dos benefícios que ela produz. O mal não está em que se reduza de 100 a 5 o número de horas necessário para a fabricação de um dado produto, mas sim em que o beneficio correspondente seja reservado a uma minoria, escravizando a essa má distribuição a maioria. Quer dizer, o problema fundamental é, não um problema de técnica, mas um problema de moral social. E não é aos técnicos que se pode entregar a sua resolução. É a homens."


Compreendido o texto de Bento Caraça, fica claro a técnica do acenar de feita por JPP, na questão da máquina, e que igualmente, estende pela educação.

Quantos mais acenares de espantalhos terá o povo pela frente?!


Catarina disse...

Deixe lá o JPP em paz e pense por que será que o MEC na pessoa de NC quer pôr um professor a trabalhar 40 horas e mandar três professores para o desemprego, em vez de ter 4 professores a trabalhar 10 horas cada. NOTA - o número de horas é meramente ilustrativo.

Ildefonso Dias disse...

Cara Catarina;

Deixar o JPP em paz?!!! Ora essa! porquê? até nem fui eu que o trouxe inicialmente para aqui, além de que ele escreve sobre a greve!

Mas o que importa é: vamos construir uma sociedade que se deseja de futuro com esta gente?!

O que podemos esperar de bom?!

Por aqui bem pode ver a senhora ver o tipo de orgânica da sociedade que temos! Que é:
Como o Professor Carlos Fiolhais, nos acena com um espantalho por demais esfarrapado, mesmo para os olhos dos "amigos de sempre" estes não hesitam, e num gesto impiedoso, que se percebe que é de solidariedade, mas no indefensável, vão ao mesmo tempo buscar um espantalho mais apresentável, com uma técnica mais apurada que é a de JPP.

Parece-me claro que assim é, cara Catarina.

Agostinho disse...

Do confronto de ideias diversas ou divergentes haverá progresso nos processos de implementação de políticas se os defensores dessas mesmas ideias tiverem uma atitude construtiva, aceitando a moderação; Admitindo "perder" ou "ganhar", na salvaguarda de resultados que aproveitem a todos. Se isso acontecer haverá democracia, se não o naufrágio é mais que certo, sem hipótese de se chegar a bom porto.
Os grupos ou classes profissionais com mais capacidade reivindicativa não podem perder de vista os outros, deixá-los para trás, sob pena de "sermos todos iguais mas uns mais iguais que outros".
No tempo da outra senhora o ensino era o que era. Alguém de bom senso defende o regresso ao passado?
O propósito da comentadora Margarete no que diz respeito à defesa da democracia, com a transmissão das regras democráticas às novas gerações, é de enaltecer, mas a ideia de vislumbrar numa frase do professor Fiolhais a intenção de manipulação reduz, desde logo, o conceito da sua democracia.
O comentador João Esteves, será sindicalista ou professor? Efetivamente há muito sindicalista que anda a dar o litro há décadas, com muito sacrifício. Estarão cansadíssimos e, por isso mesmo, estarão limitados na sua capacidade de análise dos problemas profissionais dos professores que se surgem no dia a dia. O seu papel, como sindicalistas, deve confinar-se apenas esse papel.
Seria bom que os sindicalistas passassem a pasta a outros de vez em quando. O regresso às salas de aula "faria-se" e etc. com vantagem para os próprios. O país ganhava também.

AJ

motta disse...

Eu ainda não acredito que o Prof. Dr. Carlos Fiolhais escreveu isto. A ver vamos!

António Pedro Pereira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Armando disse...

Parabéns por este artigo Carlos. Finalmente alguém com bom-senso e algumas verdades sobre a realidade dos sindicatos e das personagens sinistras que os lideram. Todos sabem que eles não passam de correias de transmissão dos partidos de extrema esquerda, verdadeiros fósseis vivos que ainda se arrastam pela política portuguesa. Acho lastimável que os professores se deixem manipular desta forma vil, usando os alunos como arma de arremesso. Parece que vale mesmo tudo para destruir o esforço de quase todos afim de manter o privilégio de uma minoria.

António Pedro Pereira disse...

Agostinho:
O regresso ao passado, puro e duro, não é possível.
Até porque o tempo e os protagonistas são outros.
Mas há muitas formas de regressar ao passado.
Nós estamos a viver uma no ensino e outras noutros aspectos das nossas vidas.
É preciso que se veja para além das aparências.

n disse...

Parabéns,pelo excelente, verdadeiro e corajoso artigo. Precisávamos de mais pessoas assim, como o Carlos Fiolhais

TIAGO CRUZ disse...

Sr. Armando.

Armas de arremesso ? Extrema esquerda ?

A UGT (FNE) é de extrema-esquerda ? Às vezes não sei o que é pior: se a retórica do Séc XIX de alguns sindicatos, se o preconceito de quem fala sem saber o que diz. A greve é concertada entre os maiores sindicatos do sector.

Já agora, vamos ver a coisa doutro modo: o MEC podia adiar os exames 2 dias. Os sindicatos (maus da fita, claro) confirmaram que não arrastariam a greve atrás da nova data. E que o MEC faz ? Insiste.

A pergunta que deixo no ar é esta: afinal, está ou não em jogo o supremo interesse dos alunos ? Não foi o que o Sr. Ministro disse ? Ou isto só é válido para um dos lados ? Desculpe, mas eu vejo a coisa assim: isto é uma guerra que o MEC criou. E como em todas as guerras, a verdade foi a primeira vítima.

Os professores usam a última arma de recurso que têm - o "plano inclinado" que se estabeleceu na educação teve a conivência de quase todos os intervenientes - pais incluídos. Tomaram-se opções que prejudicaram em muito a qualidade do sector, perante a conivência silenciosa da maioria dos pais.

Dirão os pais: e como nos podemos manifestar, mesmo que tenhamos alguma coisa a dizer ? Há confederações - integrem-nas ! Tomem um papel mais ativo na escola que tanto criticam. Além disso, o certo é que agora a vossa voz tem-se feito ouvir, contra os professores...

Quando o que está em jogo é um último obstáculo entre os jovens e o princípio do caminho para o "canudo" ficam todos perturbados. Tudo o resto é menor...e é por isso que a Educação está como está. E a piorar.

João Esteves disse...

Tive actividade sindical no SPGL nos anos noventa e sei por experiência própria como há colegas que esperam que sejam outros a dar a cara e pelas suas batalhas. Sou professor em licença sem vencimento desde 2005. Foi a maneira que encontrei de conseguir fazer investigação e o doutoramento, por me ter sido recusada uma equiparação a bolseiro. E também foi a maneira de fazer um manguito a Maria de Lurdes Rodrigues mais o seu fanatismo kafkiano e ignorante, bem expresso na monstruosidade da avaliação de desempenho.
Não conto voltar ao secundário.

Rui Baptista disse...

Sílvia: Pela força das circunstâncias e por, para além disso, ter sobre mim a responsabilidade de defender “à outrance” uma Ordem dos Professores (para além de inúmeros artigos em jornais e textos neste blogue, a autoria do livro “Do Caos à Ordem dos Professores , editado em Janeiro de 2004),concordo consigo, mas gostaria, para além disso, deixar bem vincado que, em boa verdade, uma Ordem dos Professores nada teria a ver com a criação desta, de anteriores e futuras graves docentes. Tal restrição é reconhecido não só pela Ordem dos Médicos (exemplo por si apresentado) como essa intromissão é vedada constitucionalmente..
Mas o que se passa é que os sindicatos dos professores (com destaque para a Fenprof) exorbitam nas suas funções dando azo, com isso, que se tenha assistido a uma verdadeira proletarização da nobre profissão de professor em que, em constantes braços de ferro entre os diversos ministérios da Educação pós-25 de Abril se e sindicatos em nome de uma democracia, como escreveu Cesar Cantu,” fundada na igualdade absoluta que não passa da mais absoluta tirania”. E tudo isto, em nome de professores sindicalizados e dirigentes à frente de instituições que começando por ter uma inegável utilidade, passaram privilegiar os seus associados menos habilitados academicamente e se desejam eternizar como profissionais de um combate político em que se têm pretendido assumir como uma espécie de superministério.

João Esteves disse...

A proletarização é feita pela tutela, com contratados durante 10 e 15 anos a mudar de Escola para Escola sem saber o que lhes acontece no ano seguinte, ou com esta última proposta das 40 horas semanais. Isto só para dar dois exemplos paradigmáticos, se não quisermos desenterrar o monstro da avaliação de desempenho. Isso é que é a proletarização.

José Batista disse...

Creio que, sobre a greve dos professores, vale a pena (continuar a) ler Pacheco Pereira. Do seu blogue, retirei:

"O QUE ESTÁ EM CAUSA NA GREVE DOS PROFESSORES

O que está em causa para o governo na greve dos professores é mostrar ao conjunto dos funcionários públicos, e por extensão a todos os portugueses que ainda têm trabalho, que não vale a pena resistir às medidas de corte de salários, aumentos de horários e despedimentos colectivos sem direitos nem justificações, a aplicar ao sector. É um conflito de poder, que nada tem a ver com a preocupação pelos alunos ou as suas famílias.

Há mesmo em curso uma tentação de cópia do thatcherismo, à portuguesa.
(Mais tarde desenvolverei estas palavras.)"


Procurarei estar atento.

Ildefonso Dias disse...

Mas o senhor é ou não é professor! é que muita gente começa a ficar com dúvidas!
Então o senhor está na igreja e não vê os santos!!! acha mesmo que JPP têm razão no que diz (mais um espantalho com que tenta acenar); o senhor não é um destacado critico do sistema de ensino actual? Afinal tudo o que o senhor critica se resume ao que diz JPP, como pode estar de acordo com a desvalorização dos problemas concretos dos professores feita por JPP. Ganhe coerência nos pensamentos e atitudes, bem precisa.

JPP talvez devesse ir trabalhar para os campos, no Alentejo, com uma enxada nas mãos, seria bom para compreender melhor a agricultura, mas como nunca fez nada na vida... faz o que sabe, que é coisa nenhuma.

João Esteves disse...

Meu caro, se não houvesse quem se desse ao trabalho de pensar, nunca teria havido enxadas para lavrar a terra, nem blogues onde escrever comentários...

motta disse...

...não, pelos vistos não querem entender.
Experimentem, por um brevíssimo instante e se não for muito incómodo, ver esta "guerra" professores/mec deixando os sindicatos sossegadinhos no cantinho do sofá onde gostam e merecem estar (podem aproveitar para preencher a sua ficha de avaliação de desempenho "docente").
Dá para ver alguma coisa?
Professor Carlos Fiolhais, permita-me a ousadia de lhe dizer que há mais vida nas escolas para além dos sindicatos...

Ildefonso Dias disse...

Meu caro, de acordo.
Mais, todo o ser humano, porque é humano, têm contradições na sua personalidade.
Mas no caso de JPP e JB essas contradições atingem áreas importantes do pensamento, e o que dali resulta são formas de repressão do pensamento dos outros.

Senão, esteja atento e repare nisto, então os Professores não têm problemas concretos? Está tudo bem na escola? Segundo, o pensamento de JPP tudo se resume a "Um conflito de poder".

Será assim? Eu creio que não, mas como julgo fazer uso do pensamento, sou levado a pensar que as palavras de JPP são mais um acenar de um espantalho. Porque na verdade penso que existem problemas concretos que estão por resolver na escola, e que os Professores querem resolver para bem de todos.

Agora, o senhor João Esteves, que use o seu pensamento, e conclua por si. E depois escolha o seu caminho. Eu já escolhi o meu.

Rui Baptista disse...

Errata: 7.ª linha do 1.º § do meu comentário, onde escrevi "graves" deverá ler-se, obviamente, greves.

João Esteves disse...

Independentemente da sua opinião e da de Pacheco Pereira sobre este assunto, o facto de não se concordar com alguém que tem, pelo menos, o mérito de pensar sobre um problema, não é razão só por si para o mandar ir cavar a terra.

José Fontes disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
José Fontes disse...

Rui Baptista:
Disse: «uma Ordem dos Professores nada teria a ver com a criação desta, de anteriores e futuras greves docentes. Tal restrição é reconhecida não só pela Ordem dos Médicos (exemplo por si apresentado) como essa intromissão é vedada constitucionalmente.»
A Constituição foi aprovada em 1976.
Sabe quando é que Gentil Martins foi Bastonário da Ordem dos Médicos?
De 1977 a 1986.
Sabe quem promoveu a maior greve de médicos da nossa história contra o ministro António Arnaud (ministro dos Assuntos Sociais de 23 de Janeiro de 1978 a 29 de Agosto de 1978)?
Ainda maior do que a greve dos médicos promovida (agora pelos sindicatos) contra Leonor Beleza, nos anos 90.
Quem promoveu essa greve foi António Gentil Martins e a Ordem dos Médicos (e os doentes sofreram bastante).
Moral da história 1: é bom termos memória histórica;
Moral da história 2: ninguém pode afirmar o que acontecerá amanhã.

José Batista disse...

Olha, o Joaquim Ildefonso (reconheçamos que não é culpado do nome que lhe puseram...) tinha-se recolhido e voltou para, com jactância, insistir em marrar no que eu escrevo.

Cada comentário (dele) cada poia. Nunca detectei que escrevesse nada sobre coisa nenhuma com nexo, lógica ou tino. Desprezo-o e ele insiste em falar sozinho tentando atropelar quem não lhe liga patavina.

Não sabe o que é liberdade, diálogo, opinião, respeito ou educação. Julgo que não tem a noção das bacoradas que debita nem de que não é capaz de debitar outra coisa que não sejam bacoradas.

Nem sei como não resvalou para aquela coisa (típica nele) da escola única. O seu motivo preferido, apesar de se dizer engenheiro, não se sabe de quê, nem de falar de nada de engenharia nenhuma, o que gosta é de falar de assuntos de professores. Também não se sabe qual é a sua ocupação, a não ser a de tentar insultar e ofender as pessoas de quem não gosta, mesmo não as conhecendo.

E julga que sabe da poda. A nós cabe-nos fazer um esforço para ignorá-lo.

É a pedagogia alternativa do Ildefonso. Única e unicamente.
Doidamente. Sempre.

Vale a pena repetir (não para o Ildefonso, claro):

"Sola apis mel conficit"


Ildefonso Dias disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ildefonso Dias disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ildefonso Dias disse...

Caro João Esteves;

Quem deve ir “cavar a terra”?
Esse é também um problema central do nosso ensino.
Mas não o é no sentido pejorativo que o senhor lhe pretende dar. Não a dignidade, essa não se revela pela natureza do trabalho.
Saiba o senhor que existem pessoas inteligentíssimas a cavar a terra.
Assim como existem outras em posição de grande destaque na nossa sociedade com uma inteligência diminuta, ou pouco desenvolvida se quiser.

E o senhor João Esteves não acredita que a esmagadora maioria dos portugueses da geração de JPP usufruíram das mesmas condições e oportunidades!!! certamente que não.
Por isso, quer o senhor queira ou não, nunca poderá ser uma ofensa para JPP o “ir cavar a terra”.

Dê-se a igualdades de oportunidades para todos, e aí sim, poderá ser até ofensivo, falar em cavar a terra como sendo alguém “portador de inferiores capacidades intelectuais”. Poderá até ser uma opção de vida o “cavar a terra”, mas quando o for.

Caro João Esteves custa-lhe muito admitir que ainda hoje não existem as mesmas igualdades de oportunidades nas crianças?

Leia a conferencia “Escola Única” do Professor Bento de Jesus Caraça.
Posso enviar-lha por e-mail como já fiz ao JB que a deturpou vergonhosamente.

Anália Borges disse...

Será a greve grave porque afecta também o GAVE?
Viva o douto Fiolhais! Finalmente alguém enaltece o valor da classe docente! A greve só é grave (que eloquência no jogo de palavras) porque levada a cabo por professores instrumentalizados para comprometerem o futuro de jovens promissores. Ils sont fous ces romains!!!
Grave é esta greve levar tanta gente iluminada a discorrer sobre a gravidade da mesma. Não fora esta grave greve e andavam os Fiolhais deste país à procura de assunto para mostrarem quão bem escrevem... Sim, porque um mero professor jamais teria verve para discorrer sobre a greve.

José Batista disse...

"semper idem"

Anónimo disse...

O problema está sobretudo na abordagem feita por um individuo com formação cientifica que sabe de antemão que para se debruçar sobre um determinado tema deve estar com a informação pertinente presente e manter a distanciação adequada na sua observação. Senão poderia ter optado por uma outra abordagem que seria de dar a sua opinião mantendo uma posição não de conhecedor mas sim de cidadão com alguma pertinência sobre o assunto. Vi um professor (Paulo Guinote)abordar este tema com um ex-ministro e fez-me uma vez mais acreditar que os professores como membros mais informados e com responsabilidades acrescidas nesta sociedade, terem o descernimento adequado para enfrentar mais um ataque ao ensino dando por isso um exemplo aos seus alunos que em democracia devemos sempre fazer valer as nossa razões e não nos acomedar ao que nos é imposto.

Ildefonso Dias disse...

Para enorme desgosto de JB já não existe PIDE para perseguir aqueles que ousam falar no nome de Bento de Jesus Caraça.

As ideias que restavam eram as de JPP,G.V, A.Barreto & Ca. Todos excelentes abafadores de cultura.

Como é possível num mundo globalizado o país estar refém da pequenez de horizontes de uns, pouquíssimos, indivíduos?
Mas até quando o país se permitirá estar à mercê desta gente?

Rui Baptista disse...

Sobre a greve promovida pela Ordem dos Médicos, sendo ao tempo Bastonário Gentil Martins, baseio-me nas informações fornecidas pelo leitor/comentador José Fontes (13 de Junho de 2013 às 17:26) a um meu comentário ínsito no “post” de Carlos Fiolhais, “Uma greve grave no ‘Público’” (12/06/2013).

A ter acontecido esta usurpação de competências, e existindo ao tempo sindicatos médicos (seria ousadia minha pedir esclarecimento sobre esta circunstância temporal?), houve um atropelo de competências definidas na Constituição da República de 76. Assim, segundo este magno texto, “as associações públicas só podem ser constituídas para a satisfação de necessidades específicas, não podem exercer funções próprias das associações sindicais e tem organização interna baseada no respeito dos direitos dos seus membros e na formação democrática dos seus órgãos” (artigo 267.º, número 3).

Os direitos dos sindicatos encontram-se devidamente protegidos por lei. É, por outro lado, objecto das ordens profissionais dignificar o exercício da profissão, atribuir o título profissional e estabelecer princípios deontológicos. Assim, dificilmente compreendo (ou talvez até compreenda bem demais!) a oposição, às claras ou encapotada, da Fenprof (e não só) à criação de uma Ordem dos Professores.
Ou seja, como escrevi na contracapa do meu livro (Janeiro/20049), “Do Caos à Ordem dos Professores”, “será que os milhares indivíduos inscritos em ordens profissionais são tão desprovidos de razão a ponto de se não darem conta dos prejuízos sem conta que essa situação encerra?

Não é admitido qualquer tipo de deserção. O recrutamento é para todos aqueles com inscrição obrigatória em ordens profissionais: abominem os que vos arrastaram para isso; encerem as portas das vossas associações públicas; queimem os vossos estatutos; rasguem as vossas cédulas profissionais; por fim, responsabilizem a Assembleia da República pela vossa desgraça!

Depois, libertos de uma aviltante escravatura, sejam solidários com esses sindicalistas, aliem-se a eles, marchem a seu lado, combatam à sombra da sua bandeira, embriaguem-se com o cheiro acre da pólvora e lutem até à morte contra o vosso inimigo comum: as ordens profissionais!”

Finalmente, agradeço a José Fontes a atenção dada a um polémico problema que tarda em ter o desfecho que teve - com o apoio precioso partidário, mas nem sempre justo - com umas tantas ordens profissionais existentes longe de satisfazerem as condições exigidas inicialmente para a inscrição dos seus membros: uma licenciatura universitária. Aliás, este o cerne da questão!

José Batista disse...

Cada qual é o que (e quem) é. E o que cada um é espelha-se no que diz e no que faz. Mas há quem não se enxergue, nem mesmo fazendo-lhe um “desenho”... Esse mal pode vir do berço e da “escola” - única, forçosamente, e falhada!, em casos dramáticos .
E a situação piora em tipos que não têm nada para fazer e que ninguém quer para fazer nada, os quais se ocupam a sarnar pessoas, mesmo que (ou talvez porque) não lhes liguem peva. Uma reação comum é a porfia com denodo insano, a entulhar despropositadamente ou boicotar diálogos alheios, em esforço para se iludirem sobre a indiferença ou o desprezo a que são votados. E também com o fito de, velhacamente, ofenderem quem estiver à mão, se lhes for permitido o ensejo.

PS: Se algum dia o DRN optar por eliminar as monstruosidades do Joaquim Ildefonso – o chaparro da escola única - apresentadas sob aquele nome (verdadeiro?...) ou sob pseudónimo(s), antecipadamente solicito e agradeço que, nessa altura, sejam também eliminados os escritos que acabei por redigir relacionados com a repulsiva aventesma. Por motivos de respeito por autores e leitores, e por razões de decência e motivos de horror.
Muito obrigado.

Ildefonso Dias disse...

Professor Rui Baptista;

Uma vez criada a Ordem dos Professores haveria lugar para uma instituição como a Academia das Ciências de Lisboa?

Cordialmente,

Ildefonso Dias disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ildefonso Dias disse...

Aditamento:

No site da Academia, pode-se observar que existem áreas cuja competência deveria pertencer exclusivamente à Ordem dos Professores. Ou melhor, talvez a Ordem dos Professores pudesse absorver a maioria das funções que estão destinadas à Academia.

Cordialmente,

http://www.acad-ciencias.pt/joomla/index.php?option=com_content&view=article&id=47&Itemid=55

bea disse...

Pensava eu que uma greve podia ser em qualquer altura. No caso dos professores, que, em circunstâncias extremas - e estes são tempos extremos para a educação os alunos, os pais e os professores -, poderiam mesmo ser de greve aos exames (a 2ª é poca de exames sempre existiu).

Mas a democracia, por vezes, tem destas coisas impensáveis: quer greves que prejudiquem o mínimo. E pais e, cúmulo, até professores que supõem ser falta de ética fazer greve aos exames. Sim senhor! Não falta ética ao Ministério que retira à sociedade no seu todo a oportunidade de uma educação de qualidade, livre e gratuita. Mas entende-se que a greve dos professores prejudica os alunos (os motivos, esses, não interessam, até mesmo se nos dizem respeito a nós e nos interpelam pessoalmente). Como é miúdo pensar assim; mais ou menos o mesmo que pensar que é preferível não operar um doente com gangrena porque é um risco e é fazê-lo sofrer, há um corte, pode existir amputação... quando a cirurgia pretende extirpar o mal que prejudica todo o corpo.
Deixem-se de elogios aos professores (para em seguida lhes cairem em cima) e respeitem-nos. Que eles lutam pela Escola e pelos vossos filhos. E, logo, por vós.

Quanto às sindicâncias...mas as pessoas não sabem já do que os professores são capazes? a maior manifestação de sempre não foi ideia dos sindicatos. Foi dos professores. Retirem os sindicatos todos. Os professores fariam greve na mesma. Têm não só o direito como o dever de a fazer, tanto prejuízo têm dado à educação estes governos desgovernados que temos tido.

Desejo aos professores muita união. Que os tempos são de luta.

Anónimo disse...

Pois eu, que o conheço há muito, acredito.

Anónimo disse...

Mais! chiça

Anónimo disse...

"Greve grave". Detesto os tracadalhos do carilho. Em geral demonstram falta de imaginação. Como no meu acima: não consigo imaginar nada para classificar a porcaria que o Professor Fiolhais escreveu.

Anónimo disse...

"Não acredito que os professores queiram prejudicar a vida dos seus alunos em circunstância alguma." Difícil de entender a alma humana. O Professor Fiolhais é professor, não acredita que os professores queiram prejudicar os seus alunos mas, ao mesmo tempo, escreve a defender o prejuízo da escola e, portanto, dos alunos.

Cláudia da Silva Tomazi disse...

O necessário deveria ser requisitado e, quando é comparece. No caso a democracia.

Anónimo disse...

E se os alunos perderem o ano é grave, o que dizer de duas ou três geração que perderão o país?

Anónimo disse...

O necessário deveria ser comparecido e, quando é requisita. No caso a asnocracia. Pela primeira vez estou de acordo consigo, Cláudia.

José Batista disse...

Querida(o) "bea":

Enquanto pessoa, cidadão e professor: Um obrigado do fundo do peito pelas suas palavras.

Ildefonso Dias disse...

José Batista da Ascenção16 de Junho de 2012 às 15:37

(...)

Continuo, por isso, esperançado na ação de Nuno Crato. Se dependesse de mim,

e se as ideias dele não mudarem, pedia a futuros primeiros ministros que o

deixem ficar a liderar o ministério nos próximos vinte anos. Talvez assim

conseguíssemos minimizar os estragos de tantos (todos os) incompetentes e

irresponsáveis que, desde há décadas, têm ocupado o lugar.

José Batista disse...

Por aqui já ninguém liga às javardices do Ildefonso, o emplastro das caixas de comentários do DRN. Pelo que me parece já nem Rui Baptista condescende...

Claro que não vale a pena dizer ao Ildefonso que a esperança é, como diz o povo, "a última a morrer". O Ildefonso nunca leu os livros de Nuno Crato e por isso não pode ter tido esperança nele como não terá em nada nem em ninguém senão naquela doideira obscena em que insiste da "escola única".

O Ildefonso é um "inanimal" com os parafusos da cabeça fora do lugar ou a que se moeram as roscas ou... as duas coisas. Só pode, porque, se conseguisse ter o nível de dignidade de um verme já teria aprendido alguma coisa, pelo menos a conter-se.

Por isso é melhor ficarmos em “silêncio” perante as imundícies do Ildefonso. Deixemos o chaparro da escola única esparramar-se à vontade, sem troco. E ele o fará diligentemente, seja qual for o motivo ou na ausência dele. Como todos sabem(os). Merece, há muito, umas valentes chibatadas, lá isso merece, qual Dâmaso Salcede. Mas, para além de sujarmos as mãos, quem sabe se não se babaria de gozo, como parece ser o caso?
Foi a “peça” que invadiu os comentário que fiz, por nenhum motivo que se entenda. Que se espraie no esterco que é a sua marca. Que faça o favor de se espojar à vontade, respondendo em obediência aos seus miseráveis reflexos condicionados. Como a irracionalidade determina. Inexoravelmente.

Toca a cumprir, Ildefonso.



Anónimo disse...

Quem quiser fazer greve faz greve, quem não quiser não faz. Os alunos a quem calhar «em sorte» um grevista, não fazem exames - os outros fazem. Adiar a data dos exames é uma forma habilidosa - mas ditatorial e rasca - de negar o direito de trabalhar a quem não quer aderir à greve.
No fim do foguetório os alunos prejudicados saberão a quem pedir satisfações: ao ministro, aos sindicatos, à comissão que pariu o parecer... como foram bem educados estou confiante que não se enganarão.
Quanto aos senhores professores que querem fazer greve como contribuinte, e por isso alguém a quem vai ser enviada a factura da «festa», só tenho a referir que não estou a apontar uma pistola às costas de nenhum deles, para trabalhar!... Por isso se não gostam do que fazem e das decisões do chefe, têm bom remédio: despeçam-se e desamparem a loja... como são tão inteligentes, não terão dificuldades em arranjar um emprego melhor.
AJMoreira

Anónimo disse...

Senhor Moreira: é óbvio que o senhor não entende o que se passa. Os ignorantes merecem benevolência.

Ildefonso Dias disse...

Cara "bea"

Tanta gente inteligente neste país que não teve e nem têm possibilidade de estudar!!!

E porquê? Qual o objectivo? Para que este ocioso, e outros como ele, estejam a ocupar um lugar na sociedade que não merecem!!!

Não admira pois que JB ande aqui muito atarefado a semear disparates, pudera, ele sabe bem que, de outra forma, não passaria de um cidadão mediano, a ocupar um lugar modesto na sociedade.

Anónimo disse...

Entendo, entendo... mas como o Sr. não é ignorante - e deve ser mesmo muito esperto ! - porque não arranja um emprego onde ganhe mais e não tenha de aturar ignorantes como eu?
AJMoreira

José Batista disse...

Muito bem, ordem cumprida.

Caninamente. Estupidamente. Previsivelmente. Obrigatoriamente.

Mais um número, ildefonso.

Sem demora. Com ou sem baba.

Ildefonso Dias disse...

Caro anónimo, nem todos os ignorantes merecem benevolência.
Anda aqui um ignorante a escrever no DRN que é pomposo.
Esse tipo de ignorante deveria ser responsabilizado pelo que diz e faz. Mas não o é.
Porque presta-se a todo o tipo de serviço de bufaria, é pau para toda a obra. Julga que assim um dia o reconhecerão e com isso poderá publicar um livro, escrever num jornal...
Esse ignorante é um traidor de classe, não merece benevolência.

Unknown disse...

Senhor Moreira:
E porque não vai o senhor Moreira ser professor com as magníficas condições que o seu querido amigo Crato está a impor aos professores.
Já agora, porque não arregimenta também os seus amigos todos, sempre melhorava o ambiente e ia ser uma alegria (alegria no trabalho) para os alunos com os vossos sorrisos de satisfação de orelha a orelha todo o dia, com o contentamento e a felicidade que sentiriam.
Em Inglaterra fizeram coisa semelhante há 3 décadas, nunca a profissão docente esteve tão degradada como hoje: há bastantes dificuldades em contratar professores em várias áreas do saber.

Anónimo disse...

o ano tem 365 dias, e qual é que os sindicatos escolheram para fazer greve? certo! justamente o dos exames. mas é tudo por bem! pelo bem dos alunos! pelo bem dos pais dos alunos! e pelo bem de Portugal!
e quantas greves houve no Colégio Moderno nos últimos 5 anos? e nos últimos 10?
a bem do "entendimento".
Ass.: um pai que está muito, mas mesmo muito, zangado com este tipo de "professores".

Anónimo disse...

Batatas senhor pai. Eu sou professor num colégio privado e não me atrevo a fazer greve. Sabe porquê? Ora pense lá. Há quem se zangue com este tipo de pais.

Ildefonso Dias disse...

Professores;
o sr. zé baptista no ensino têm um papel semelhante ao de Miguel de Vasconcelos e Brito. Muito cuidado!

José Batista disse...

E querem ver que o anónimo também não vai responder ao ildefonso? Dizer-lhe qualquer coisa que lhe possibilite levar esta caixa, digamos, até ao número 100?

Oh senhor(a) anónimo, por quem é, faça lá o favorzinho ao barranhão.

P´las alminhas de quem lá tem...

Ou pelo "merecimento" do intelectual de escola única.

Se o não fizer procede como toda a gente e o "inanimal" pode explodir! Olhe que até o ministro da educação ficou sem responder a uma carta (bastante curiosa...) que ele lhe enviou através das caixas de comentários do DRN! Uma desfeia, que não se faz! Não senhor!

E depois eu tenho pau que bonde, e na impossibilidade de o estender no lombo do ildefonso, mantenho a ordem dada: continuar a debitar ildefonso! Qualquer coisa, nem que seja blá, blá, blá...

Desculpe, senhor(a) anónimo, eu não gosto de intrometer-me em diálogos que não são meus, mas o doido da escola única dá-me uma tal importância que não posso deixar de corresponder.

E, para isso, rebaixa-se até ao infinito: há já conhecidos meus, e até alunos, que deixarem de usar a palavra burro, agora, quando algo marra, escoiceia, zurra ou ladra ou faz várias ou todas essas coisas a um tempo, dizem logo: será um (ou mais) ildefonso(s)?

José Batista disse...

corrijo: no quinto parágrafo: "desfeita" e não "desfeia" [até porque o ildefonso é impossível de desfeiar]
e no ultimo parágrafo "deixaram de usar" em vez de "deixarem de usar".
As minhas desculpas.

Anónimo disse...

Nunca quis, e não quero, ser professor. Tive sempre emprego no privado, ou trabalho por conta própria.
Já agora sou tão amigo do Nuno Crato como sou dos professores que fazem greve e, particularmente, dos sindicalistas que nunca trabalharam, percebeu? Ou não tem cabeça para entender?
Deixei de ter paciência, há muitos anos, para a política e para o futebol. Onde os políticos metem o nariz sai invariavelmente porcaria. E políticos e sindicalistas - neste rectângulo - são tudo a mesma marmelada... Nem o ensino é sagrada para estes gandulos.
AJMoreira

José Batista disse...

Ah, não sei se foi com ou sem baba, mas obedeceu.

Continue, inanimal ildefonso.

Anónimo disse...

Este Moreira é mesmo analfabeto apesar de escrever. É do tempo de "a minha política é o trabalho". Nada é sagrado... acertou uma.

Anónimo disse...

mas batem-lhe lá nesse colégio privado? gasta a coragem toda com ministro e depois falta-lhe a testosterona para o patrão? já pensou procurar ajuda médica? agora a disfunção já tem tratamento sabia?
pai zangado

Anónimo disse...

Cale-se anónimo! Fiolhais é Catedrático. E usa abafador de ideias.

Anónimo disse...

Pelo calibre da sua prosa, e dos argumentos de galináceo, imagina-se a sua qualidade como professor… Faça um favor aos seus alunos: faça greve todos os dias.
Qualquer traficante de droga é um trabalhador intelectualmente mais honesto do que o senhor.
AJMoreira

Ildefonso Dias disse...

O sr. Anónimo como pessoa honesta e trabalhadora que é, certamente que deve estar em Lisboa, na luta, na manifestação de classe, pelos Professores, pelos Alunos, por todos, pelo país. Não está em casa no sofá.

O que os teus alunos deviam ler era ROMAIN ROLLAND esse homem que um dia disse "Pensamento que não age ou é aborto ou traição".

Isso é que lhes devia ser mostrado e ensinado, e tu serias para eles um bom exemplo de traidor.

José Batista disse...

E o anónimo sem responder ao ildefonso.

E as coisas que o ildefonso lê!

E o que ele sabe das pessoas, até das anónimas.

Por isso, todos os anónimos e não anónimos rejubilam com o ildefonso. Ou pelo menos o ildefonso age como se fosse assim.

E o ildefonso é um modelo de trabalho, só ninguém sabe, nem quer saber, o que o ildefonso faz, para além de entulhar caixas de comentários que enjoam toda a gente. Um modelo de virtudes, e expoente máximo da escola única. No sofá ou no chão, a quatro ou de cócoras.

O ildefonso nem um tabefe merece. Mas ele não sabe e também não o vamos aborrecer. Silêncio, para o ildefonso continuar a brilhar.

Toca, ildefonso.

Ildefonso Dias disse...

Talvez o Professor João Boavida queira reconsiderar!


João Boavida14 de Maio de 2013 às 16:10

Meu caro Dr. José Batista, sei que é uma pessoa bem formada e um professor atento, cuidadoso e competente. Admiro a frequência dos seus comentários a muitos textos do De Rerum Natura, e a maneira inteligente e sensata que sempre revestem. Pessoalmente penso que será uma pena e um empobrecimento que eles desapareçam do RN. Espero poder continuar a lê-los. Peço-lhe que continue e penso sinceramente que muita gente que frequenta este blogue pensa como eu. Cordialmente.

José Batista disse...

Talvez, pois se o ildefonso da escola única sugere, e se esforça, e faz força...

Ó estimado Professor, veja se pode atender a pedido tão pungente.

Uma esmola para o ildefonso.

José Batista disse...

Ah, que me esquecia: Por caridade ou por imposição, tanto dá, o ildefonso tem que continuar com as suas tão extraordinárias intervenções.

O assunto era a greve, mas que vale esse motivo perante a qualidade dos comentários ildefonsinos?

Sem demora, vá lá!

Rui Baptista disse...

Engenheiro Ildefonso Dias: A questão que põe é pertinente. A resposta que, em meu melhor e honesto entendimento, lhe posso dar baseia-se no exemplo por colhido na Sociedade de Estudos de Moçambique (Palmas de Ouro da Academia de Ciências de Lisboa), ex libris científico, literário e cultural de Moçambique, anterior à criação dos respectivos Estudos Gerais Universitários (1962), e depois em futura e frutuosa parceria.

De idêntico modo, a co-existência entre a Academia de Ciências de Lisboa e uma futura Ordem dos Professores muito terá a beneficiar pelo aporte cultural e científico na melhoria da formação recebida em muros académicos. Aliás, as ordens profissionais existentes têm funções de interesse público e sua responsabilização pelos serviços prestados a quem é outorgada uma credencial impositiva de princípios éticos. A exemplo, a existência da Ordem dos Médicos não impede (antes estimula) a existência simultânea de sociedades científicas, como, v.g, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia.

Já para não falar de sindicatos docentes - que pressionaram governos para igualizar desiguais, atribuindo licenciaturas relâmpago de duvidosa credibilidade que transformaram num abrir e fechar de olhos diplomados com cursos médios em licenciados por escolas privadas de vão de escada –, o Estado ameaçado na atribuição de diplomas privados desacreditados por exemplo, como o do ex-ministro e Relvas e tantos outros políticos desta “ocidental praia lusitana” entendeu que a creditação dos “seus diplomas” não deve passar pelo crivo de exigência das ordens profissionais. . E no fundo, até têm uma certa razão. Uma Câmara Profissional (alcandorando-se, por influência política, a Ordem Profissional, apesar da respectiva “clientela” ser possuidora desde licenciaturas universitárias e politécnicas ou até simples diplomas da antiga 4.ª classe) abriu um precedente que “deve estar à coca”, perdoe-se-me a expressão, de ver este “statu quo” repetido no caso da docência em que se criaram condições favoráveis de reforma para uns (aos 52 anos de idade) e punitivas para outros (aos 56 anos de idade), embora causa não responsável totalmente para o caos em que se encontra a Caixa Geral de Aposentações.

Julgo que a criação de uma Ordem dos Professores evitaria a unicidade representativa da classe docente com um braço de ferro constante entre os diversos Governos, das últimas décadas e a Fenprof que tem conduzido a situações que estão longe de contribuírem para a estabilidade da Educação portuguesa com recriminações de ambas as partes e em que as manifestações se sucedem umas vezes com razão, outras vezes sem razão, outras vezes com razão assim-assim!


Colhendo exemplo em transcrição do imortal Eça: “No meio de tudo isto o que fazer? Que esperar’ Portugal tem atravessado crises igualmente más, mas nunca nos faltaram nem homens de valor e carácter, nem dinheiro ou crédito. Hoje crédito não temos, dinheiro também não – pelo menos o Estado não tem.; e homens não os há, ou os raros que há são postos na sombra pela Política. De sorte que esta crise me parece a pior- e sem cura”.

Hoje, a acrescentar a tudo isto e pior do que isto me parece a tendência em desacreditar opiniões contrárias a uma maioria que barafustou ontem, que hoje barafusta, se prepara para barafustar amanhã e depois de amanhã até satisfazerem os interesses da sua clientela e deles próprios.

José Batista disse...

Ora bem, finalmente, agora já pode ser que o ildefonso deixe de se encarniçar com o que eu escrevo. Fico grato por alguém lhe dar atenção. Eu não quero dar-lha nem que ele ma dê.
E se ele tratar dos assuntos da organização dos professores bem que os professores podem descansar. Pelo menos de serem importunados.

Porém, creio eu que uma Ordem dos Professores só se há-de fazer se os professores quiserem, quando eles quiserem e como eles quiserem, e se... puderem.

Anónimo disse...

Já procurei ajuda médica mas não resultou. E a ADSE contribui com cada vez menos.

Rui Baptista disse...

Dr. José Batista: Acredite que eu vejo a criação de uma Ordem dos Professores com a isenção de me encontrar aposentado, após quarenta e tal anos de docência (acrescidos de dois anos e alguns meses de descontos como oficial miliciano) em defesa de uma classe profissional tão maltratada por um igualitarismo que tem desprezado o esforço de quem mais estudou perante o conselho de pais, agora esmorecidos de razão, em exortarem os seus filhos, como o faziam no tempo em que o professor tinha um estatuto social paralelo ao de outros licenciados, quiçá, com a exclusão, dos médicos por lidarem com a doença e serem a esperança na sua cura: " MEU FILHO, ESTUDA PARA SERES ALGUÉM NA VIDA".

Temos houve, e não tão remotos quanto isso, que estudantes de cursos superiores (ou nem isso!) davam aulas, com o beneplácito de sindicatos que os inscreviam como sócios para encherem os cofres de “vil metal”, e que na hipótese de não acabarem os respectivos cursos se eternizaram nesses lugares ocupando vagas que deixam hoje no desemprego jovens saídos das universidades. E isto sem falar no desregramento na criação não só de cursos de professores para o 1.º ciclo do ensino básico (logo seguidos de outros para o 2.º ciclo) quando já havia desemprego entre licenciados universitários com cursos destinados a essa docência.

Por não fazer é deixar os outros fazerem por nós, recordo a propósito que a Associação Nacional de Professores do Ensino Básico (formada por professores do antigo primário), hoje Associação Nacional dos Professores, de que foi presidente, até à sua entrada para Governo o actual secretário de Estado do Ensino Básico e Ensino Secundário, João Granjo, tem mantido uma acção constante para a respectiva criação.

Entretanto o Sindicato Nacional dos Professores Licenciados viu, anos atrás, não passar na Assembleia Nacional um projecto nesse sentido, sendo seu relator um antigo diplomado pelo magistério primário, vice-presidente de um sindicato e deputado do Partido Socialista. Ou seja, as velas dessa criação nunca poderiam ser enfunadas por ventos que sopravam do lado contrário…com a oposição de outros partidos ( com honrosa excepção do CDS/PP, seu apoiante) que não permitiam, sequer, um navegar à bolina.

Obrigado, meu Caro José Batista, pela oportunidade que me deu em voltar a um assunto tabu ou, pelo menos, politicamente incorrecto numa sociedade em que “as carreiras são entre nós matéria importante, visto estarmos num país de carreiristas no qual todos buscam uma calha que lhes permita deslizar sem atrito” (João Lobo Antunes, “Um Modo de Ser”, 1996). Ou seja, segundo o Vate, “mudam-se os tempos, não se mudam as vontades”!

Ildefonso Dias disse...

“Evidentemente que o cultivo e o progresso da ciência, bem como a sua aplicação à vida corrente da sociedade, hão-de ser sempre obra de grupos especializados – prospectores e realizadores; chamemos-lhes elites, se assim o quiserem – existem e existirão, como existem e existirão as elites das outras profissões e actividades.” [BJC]




O Senhor Professor Rui Baptista pode não ter conseguido criar a Ordem dos Professores, mas porque acreditava, lutou por ela denodadamente, e isso, é o que fazem os grandes Homens.

Na maioria das vezes, os grandes Obreiros, não conseguem aquilo por que lutaram, mas deixam a sua marca, fica sempre alguma coisa que nunca se vai perder no tempo e servirá de guia para os novos, por maior que seja a tacanhez do meio. *

São desses Homens as grandes obras, aquelas realizações que ficam, e que as entregam como que uma conquista de todos. E assim também deverá ser no caso da Ordem dos Professores.

(* veja-se a Nota que eu retirei da Bibliografia do Professore Sebastião e Silva, e que pode ser lida neste meu comentário de 17 de Setembro de 2012 às 21:57)

http://dererummundi.blogspot.pt/2012/09/isto-nao-e-socialmente-aceitavel-pois.html


Obrigado Professor Rui Baptista, creio contudo que muita gente neste país lhe agradece o seu empenho e trabalho. Bem haja.

José Batista disse...

Dr Rui Baptista: eu, enquanto professor que defende exames, combate diplomados falsos e "engenheiros" de que não se sabe qual seja a engenharia, e que dizem como é que os professores devem exercer a sua profissão, e que quero que haja alguma organização que represente ética e profissionalmente os professores, tenho vindo a ser apedrejado nestas caixas de comentários por alguém que me não conhece e a quem nunca tomei a iniciativa de me dirigir. E essa pessoa invoca o seu nome - o nome do Dr Rui Baptista - para o fazer, e para dar cobertura àqueles que obtiveram diplomas falsos, que com esses diplomas falsos, pelos vistos, devem continuar. E isso chocou-me profundamente. Ainda agora não o consigo entender...

Agora, tal organização mais que uma "Ordem", a meu ver devia ter um designação menos poeirenta e prostituída (digo isto porque já pertenci a uma ordem...), como "colégio ético-profissional de professores" ou coisa assim.

Obrigado por ter respondido ao meu comentário.
E, olhe, já um dia escrevi que, se algum autor deste blogue me fizer saber que eu devo abandonar as visitas que aqui faço, pode crer que o farei sem levar a mal a ninguém. E não voltarei mais.
Queira desculpar a franqueza.

Ildefonso Dias disse...

http://www.ordemengenheiros.pt/pt/a-ordem/pesquisa-de-membros/?nome=Joaquim+Manuel+Ildefonso+Dias

Anónimo disse...

À semelhança do que aconteceu com a indústria discográfica, e está a suceder com a livreira, a internet veio disponibilizar recursos para o ensino a distância, com os quais nem se sonhava há 20 anos. Há professores que se assistissem a uma das milhares de aulas disponíveis online, se tivessem alguma vergonha (e tive vários professores desse tipo ao longo da minha vida) se suicidavam...
O ensino a distância permite aceder ao melhor ensino e aos melhores professores, e por isso é muito mais democrático, é mais barato, é mais cómodo, e é muito mais seguro para os pais e para os alunos, do que o ensino presencial. Quando se fecharam as escolas primárias em Portugal e se começaram a dar os Magalhães pensei que íamos por esse caminho… enganei-me.
É preciso viver em alucinação colectiva para não exigir que seja feito um exame nacional por disciplina em cada período. Isto no mínimo! Porque os testes deviam ser todos nacionais, a bem da igualdade. A coisa está à distância de um «enter», e de 15 minutos de impressora em cada escola. Embora olimpicamente a tropa fandanga que nos governa e desgoverna, o ignore. Até parece que ainda vivemos no tempo em que para mandar uma carta de Lisboa para Bragança ela ia de burro, e com sorte chegava antes do destinatário ter morrido… mas somos coerentes: isto é o país onde se elegem mais de 62.000 (sim! 62E3 leu bem) políticos no dia das eleições autárquicas. São apenas mais umas dezenas de milhar do que os necessários para governar cidades do tamanho de Nova Iorque, Paris, Londres, Tóquio… todas com tantos habitantes como Portugal. E a Escola é como as Autarquias e as Autarquias como a Escola.
A escola deixou de ser um espaço de ensino por excelência, e passou a ser apenas um local para praticar desporto, convívio, e matar o tempo… porque - e deixemo-nos de rodeios - o que os pais precisam, é de um sítio de confiança onde por os putos enquanto não estão em casa.
Por isso, o que faz falta hoje em dia, são animadores culturais e de tempos livres. O número de professores é elevadíssimo. Com os recursos existentes, só há trabalho para os melhores dos melhores, e o actual estado de coisas mais não faz do que espelhar aquilo em que os portugueses são experts: negar a realidade, perpetuado empregos no Estado, para os quais não há, de facto, trabalho.
E nem vale a pena falar das implicações que a nossa taxa de natalidade traz ao dimensionamento da infra-estrutura do ensino…
Por isso Segunda vamos continuar a fingir, a alucinar, a dizer mal dos que trabalham, e dos que não trabalham. No fim, uma certeza: a conta será maior do que foi na véspera.

Rui Baptista disse...

Caros Dr. José Batista e Engenheiro Ildefonso Dias: Acreditem ambos que eu compreendo os vossos comentários em que o calor da refrega leva a dizer coisas que de cabeça fria não seriam proferidas, atrevo-me a pensar.

Quanto à sua publicação, ela só demonstra o clima vigente no “De Rerum Natura” em seguir o princípio defendido por Voltaire (aliás, é discutível a sua paternidade): “Posso não concordar com o diz, mas defenderei até à morte o direito que tem em o dizer”. E, ainda bem que o Professor Carlos Fiolhais se tem feito seu seguidor ao publicar alguns comentários que o penalizam por ter a hombridade e a coragem em defender publicamente a sua opinião num país de “laissez fair, laissez passer”.

E lá volto eu a citações do meu autor de mezinha de cabeceira, Eça que farpeou a tolice humana por ela ter cabeça de touro: “Eu digo – é útil balar como os carneiros; ganha-se a estima dos néscios, as cortesias do chapéu do Roxo , palmadinhas doces nos ombros, de manhã à noite uma pingadeira de glória. Mas ir sacudir, incomodar o repouso da velha tolice humana traz desconfortos, vêm as caluniazinhas, os odiozinhos, a cicuta de Sócrates às colheres”.

Anónimo disse...

Use a mão, ou é maneta?

Rui Baptista disse...

Errata (2.ª linha do 4.º§ do meu comentário): Corrijo Assembleia Nacional para Assembleia da República

Rui Baptista disse...

1. Errata (1.ª linha do 3.º§ do meu comentário): Corrijo mezinha para mesinha.

2. Errata (4.ª linha do 2.º § do mesmo comentário): Retiro a vírgula entre as palavras - "E, ainda (...)"

Rui Baptista disse...

Última linha do 2.º § do meu comentário de 16 de Junho às 01:29: "laissez fair", não; laissez faire, sim.

José Batista disse...

Caro Rui Baptista: Pelo meu caminho vou (e não por qualquer outro, mesmo que sujeito a erro ou queda), sem o hábito, por educação e formação, de colidir com ninguém, cuja liberdade respeito incondicionalmente, mormente quando nada detecto que me desperte interesse (o que não me motiva menos respeito). Mas também não me lembro de figurão algum que me barrasse o caminho, a mim, humilde cidadão que procura não pisar ser vivente. Por isso "me espanto às vezes e outras m'avergonho" para citar Sá de Miranda, que fui buscar a Pacheco Pereira. E também me indigno, particularmente quando me atiram pedras repetidamente, por motivos insistentes que desconheço, até ao momento em que não possa levar desaforos para casa. De resto há companhias que não prezo, e nomes que me pesa ver ao lado do meu, e não é a si nem ao seu nome que me refiro.
Além do mais, o mundo é largo, e que não fosse: cabem todos, quando mais não fosse por motivos de biodiversidade. Bons professores mo ensinaram, no tempo próprio.
De resto, Erasmus de Roterdão escreveu que "o número de loucos é infinito, número que abrange todos os mortais, excepto alguns que ninguém consegue encontrar". A esses não receio, a maldade é que me aflige e agride. Já o ódio é coisa que não cultivo e a calúnia é arte que não domino.
Gosto apenas que, a mim como a todos, seja possível pensar alto - essa tolice. Dando testemunho do que faço, do que vivo e até do que penso e... sinto, por respeito àqueles com quem trabalho ou convivo, principalmente filhos e alunos.
Supondo que posso.
Até sempre.

Rui Baptista disse...

Meu Caro José Batista: Espero, peço-lhe mesmo, que a expressão com que finalizou o seu comentário - "Até sempre" - não tenha o significado (que lhe é dado, habitualmente) de uma despedida quando está prevista uma separação. Até breve, portanto!

Atrevendo-me a pensar que haverá interesse, ousarei transcrever, depois de pousado o pó desta polémica sobre a data dos exames, um texto meu publicado no DRN , acerca do meu entendimento sobre a polémica meio decénio atrás.

Escreveu Ramalho: "O escritor que se cala não é um combatente que fica firme no seu posto; é um soldado que cai. A cerrada turba dos beligerantes passa-lhe por cima e segue avante”.

Hoje, mais do que nunca, escrever (mesmo sem a pretensão de se ser um escritor ou o receio de se passar por simples escriba) é um acto de verdadeira e desejável cidadania. É essa a intenção que vejo nos seus comentário ( e vai-me desculpar a sinceridade, nos de Ildelfonso Dias), quer se concorde ou não com eles. Repito: Até breve, portanto!

Anónimo disse...

Se um médico dissesse: para o bem do doente vou lixá-lo. O que é que se pensaria? Se um professor disser (e fizer: para bem dos alunos vou lixá-los. O que é que se deve pensar?
Saudações revolucionárias aos camaradas grevistas.

O corpo e a mente

 Por A. Galopim de Carvalho   Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...