terça-feira, 18 de junho de 2013

Um futuro melhor?

Segundo dados coligidos pelo Projecto Farol, o custo por aluno no ensino secundário aparece nos lugares cimeiros da OCDE, e o número de alunos por turma está dentro da média apurada por aquela instituição. Contudo, as taxas de insucesso colocam Portugal nos últimos lugares de um ranking de 36 países estudados por aquela organização.
Conclui-se assim que o sistema educativo português, com uma base de financiamento similar à dos países da OCDE, apresenta resultados bastante abaixo da média. O que significa que não é mais dinheiro que vai resolver os problemas da educação e é noutras vertentes que está a solução do problema.
Por isso, há que desmistificar a argumentação de que mais e melhor educação se resolve simplesmente com mais dinheiro, mais professores, menos alunos por turma, como tem sido veiculado pelo lóbi dos professores e da chamada “escola pública”.
Isso seria negar qualquer ideia de produtividade, a de ensinar melhor com menos dinheiro. E isso é possível, reorganizando, dando efectiva e competente liderança às escolas, adequando as turmas aos recursos disponibilizados. E consolidando nas escolas a cultura de auto-exigência e de prestação de contas.
Excerto do Manifesto Um Futuro Melhor para Portugal.

6 comentários:

Sara Raposo disse...

Como é que se dá “efectiva e competente liderança às escolas”? Que formação é suposto esses líderes terem? Por quem seriam escolhidos? Com base em que critérios? E as escolas prestariam contas a quem?
As afirmações do texto são demasiado vagas e genéricas. Boas ideias e intenções (admitindo que são) é fácil, difícil é explicar como estas se aplicam à realidade.
Não acredito na autonomia das escolas em relação ao poder central, julgo que a arbitrariedade ainda será maior, tal como acontece nas autarquias locais. Não compreendo as pessoas que defendem que a solução mágica dos problemas da educação passa por ai. Por exemplo, o António Barreto é uma das pessoas que defende essa ideia. É uma ingenuidade pensar que as pessoas mudam de natureza, as escolas passariam a ser lugares em que a luta pelo poder estaria acima dos interesses dos alunos. De que serve dar autonomia às escolas se elas se tornarem o palco de disputas de poder (político e de interesses) como agora já o são (por terem, nos conselhos gerais, um representante das autarquias)?

José Batista disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
José Batista disse...

Bem, exigência, sim e prestação de contas também. Mas dentro e fora da escola, com particular destaque para quem manda nos destinos do país.

Porque vejo aqui um problema:

Temos a certeza de que a origem da discrepância reside exclusivamente (ou principalmente) em factores internos à escola?

E se aumentarmos o número de alunos por turma e diminuirmos o número de professores e os resultados se tornarem ainda mais catastróficos?
Acabamos com a escola?
Porque, acabando com a escola também acabamos com o insucesso (chamado) escolar...

Tenho é grandes dúvidas de que acabasse(mos) o insucesso do país.

Até me ocorre outra coisa: como Portugal é historicamente um país de insucesso (pelo menos desde o século dezanove, se bem entendo o que diz Vasco Pulido Valente), será que alguém vai propor que se acabe com o país?
Sim, porque Portugal, em tantas coisas, parece ser mais caro e menos rentável do que a maioria dos restantes países da OCDE...

Anónimo disse...

A primeira questão a colocar é a que é que se refere quando menciona o insucesso, nos registos internacionais Portugal tem subido em toda a ordem.
A segunda prende-se com a forma como se organiza a avaliação. Por exemplo, no sistema francês para se obter o bac. basta ter média de 10 ( pode ter-se dois a matemática e 18 a Área de Projecto , p.ex.) se fosse assim em Portugal pode crer que o insucesso no secundário diminuía a olhos vistos.

Ivone Melo

Rolando Almeida disse...

O problema talvez Sara, é que vivemos num estado em que também se podem colocar exactamente as mesmas questões: Que formação é suposto esses líderes terem? Por quem seriam escolhidos? Com base em que critérios? E as escolas prestariam contas a quem? Ou seja, tentando ser mais claro, a verdade é que com Estado ou sem Estado, o problema parece ser exactamente o mesmo. Afinal de contas temos bastante experiência de entregar o poder aos governos e os incompetentes e corruptos são a maioria. Portanto, corrupção por corrupção então que se entregue o poder às pessoas :-)

Desidério Murcho disse...

Bom, eu apenas coloquei aqui o texto por considerar interessante. Eu sou a única pessoa em Portugal que não faço a mínima ideia de como se resolve os problemas da educação: sempre que abro os jornais leio prosa de sábios que sabem como resolver esse problema espinhoso. Ou pensam que sabem. Eu não sei.

Mas parece-me evidente que não temos com as sapatarias o problema que temos com o ensino. Mas certamente teríamos se as sapatarias fossem todas ou quase todas do estado.

E o mesmo aconteceria se em vez de pensarmos em sapatarias pensarmos na venda de comida. Esta é até muito mais importante do que o ensino (eu consigo estar dias e dias sem ler nem estudar, apesar de ficar feito parvo sem saber o que fazer, mas não consigo estar mais de uns dias sem comer, mas acho que com a generalidade das pessoas é ao contrário). E no entanto funciona muito bem sem centralismo, apesar de exigir inspecções rigorosas, pois caso contrário comprávamos produtos tóxicos sem saber.

O centralismo e o estatismo no ensino talvez sejam a melhor maneira de ter bom ensino. Ou talvez não: talvez sejam apenas resquícios de um passado em que não havia outra maneira de fazer as coisas excepto meter fazer um monopólio do estado, um pouco como com os telefones. E depois percebemos que se tirarmos o estado da equação, legislando adequadamente para se defender o consumidor das trapaças das escolas e dos professores, ou das operadoras de telefones, as coisas ficam mais dinâmicas.

Mas eu não sei. Apenas sei que não e olho para as várias alternativas. Felizmente, os outros sabem todos exactamente como fazer para termos uma educação de ouro, apenas por alguma razão que não entendo nunca temos uma educação de ouro.