sábado, 22 de junho de 2013

Do estado social e da caridadezinha

O pobre no seu penar
Habitua-se a rastejar
E no campo ou na cidade
Faz da sua infelicidade
Alvo para os desportistas
Da caridade

Vamos brincar à caridadezinha
Festa, canasta e boa comidinha
Vamos brincar à caridadezinha

José Barata Moura - "Vamos brincar à caridadezinha "


Vou começar  por falar de uma obra da responsabilidade da Sociedade Estoril, a Linha de Cascais. A linha de comboio de Cascais foi uma obra notável para o seu tempo e de uma importância ímpar na história de Portugal. Para quem, como eu, cresceu e viveu na zona, essa singela obra baptizou toda uma região do país. Eu, apesar de ter crescido num bairro social, era visto como um "menino da linha". A característica muito importante da infraestrutura era, na minha opinião, a sua enorme qualidade, hoje menos evidente embora, por exemplo, durante muito tempo tenha sido o único transporte público colectivo  acessível a um deficiente físico (e esta exclusividade não foi até 1970, foi até bem perto do fim do século passado). 

A qualidade que tinha a infraestrutura era tal que eu era visto pelos meus amigos como um bicho raro, por não ter carta de condução. Não precisava, o comboio trazia-me a Lisboa num quarto de hora e em Lisboa andava de um lado para o outro. Tirei a carta já tinha 29 anos, quando os meus horários de trabalho começaram a ser alargados e incompatíveis com os horários de trabalho dos maquinistas.

Hoje não uso o comboio, apesar de viver ainda na mesma zona. A principal razão é que os meus horários de trabalho se mantêm incompatíveis comk os dos maquinistas. Mas isso é uma escolha minha e acarto com os custos e proveitos disso. Isto dá-me uma perspectiva diferente pelo facto de conseguir observar as tendências do trânsito. A marginal Cascais-Lisboa é uma via com um tráfego sempre decrescente. Sempre, com descontiniudades  provocadas pelas greves dos maquinistas, quando o trânsito passa de intenso a impossível e depois vai decrescendo lentamente até à próxima greve semestral, que é tão inevitável como a morte.

Temos uma infraestrutura de qualidade, capaz de fornecer um serviço público fundamental, com vantagens competitivas óbvias face às alternativas mas, uma vez que o direito dos prestadores se sobrepõe aos direitos de todos os outros, a qualidade do serviço é atirada ao lixo. Como o tráfego vai decrescendo à medida que nos afastamos no tempo da greves, percebe-se que a opção das pessoas seria consumir aquele serviço, mas, face à instabilidade do serviço, elas vão trocando pelo serviço que as fábricas de carros alemães  proporcionam, mais fiável e, logo, de melhor qualidade.

Os que podem, claro. Há uma franja da população que, não podendo recorrer ao carro, se vê obrigada a continuar a sofrer um serviço sem qualidade com os custos que isso acarreta. Os utentes ficam reduzidos aos que podem aguentar esses custos (os turistas, por exemplo) e aqueles que os têm que aguentar, os imigrantes e outros trabalhadores de baixo rendimento, os desempregados e os estudantes. Assim, um serviço público que se destinava a proporcionar um transporte de qualidade para todos, isto é, acessível a todos, ricos e pobres, serve hoje apenas quem pode aguentá-lo. Se acabássemos com ele seriam os pobres os afectados? Claro, só eles é que não têm os recursos para poderem ultrapassar os custos da enorme falta de qualidade. E esta falta de qualidade não deriva da infraestrutura, da maquinaria, da qualidade dos  trabalhadores,  ou do preço, mas apenas da relação entre o conjunto dos trabalhadores e quem lhes paga o ordenado.

Portanto, ser mais solidário com os necessitados tem dois caminhos: ou compramos carros a todos e fechamos a linha de comboios, ou acabamos com a relação laboral que existe na companhia de comboios. Ser solidário com os mais necessitados é proporcionar-lhes um serviço que recomendaríamos a nós próprios. É para isso que existem serviços públicos, não é para atirar os mais necessitados para uma porcaria que só usamos se não tivermos outra alternativa. O que temos é brincar à caridadezinha.

Acredito que, do ponto de vista dos maquinistas, tudo se justifique. Mas isso ainda é pior porque, se a relação é injusta para os maquinistas e o serviço é tal que só quem não tem outra hipótese é que o usa, temos mais uma razão para acabarmos com esta relação laboral.

Falemos agora da escola. Os meus filhos andam numa escola pública "porque podem". Por enquanto, felizmente, ter pais que ainda estudam nos seus 40 e... anos, que preferem ir ao museu do que ao centro comercial e que têm a almofada financeira para poderem mudar tudo de um ano para o outro, permite que eles possam andar numa escola pública onde podem ser ensinados, não por freiras dedicadas, junto a  colegas com nomes próprios que são apelidos (como Caetana ou Salvador) mas por professores que acham que "está a chover" é justificação para não aparecer (isto não é anedota) e na companhia de colegas que têm nomes de futebolistas brasileiros (como Josemar). O mundo não é feito de freiras dedicadas e acho que a escola também serve para mostrar aos putos que o mundo não é aquilo que aparece no Disney Channel. Eu posso, porque aquilo que não aprendem na escola podem aprender em casa.

Mas os meus filhos são os "turistas" desta linha de comboio que é a educação proporcionada pela república portuguesa. Os meus filhos não andam na escola pública porque a escola pública é boa. Não é. Nem perto disso. Ninguém que tenha os filhos numa escola pública diz "eu  pus aqui os meus putos porque acho que era a melhor escola que havia" . Quanto muito, dirá aquilo que eu digo, mas não diz aquilo que deveria dizer de uma escola: "tem os melhores professores"  ou "saem daqui ensinados". A verdade é que a escola pública é uma  linha de Cascais, tem tudo para ser boa, mas é uma porcaria que só quem pode ou é obrigado a aguentar é que frequenta. Serve só para "turistas" e pobres.

E, tal como a linha de Cascais, não é por causa das infraestruturas, não é pela qualidade intrínseca dos professores (porque eles com outro patrão são bons), é apenas por causa da relação existente entre os professores e quem lhe paga o ordenado. E, novamente, se queremos ser solidários, não devemos dar aos necessitados a porcaria que não usaríamos.

Os meus filhos continuam sem notas porque andam numa escola pública. Ao contrário dos filhos dos meus amigos (alguns professores de escola pública) que têm os filhos em escolas privadas. E, compreendendo tudo o que há para compreender do ponto de vista dos professores relativamente à sua relação com o patrão que sou eu, mas, ou fechamos o sistema público e metemos os putos em escolas privadas, ou arranjamos outro patrão aos professores. Vamos parar de brincar à caridadezinha e fingir que esta porcaria seria aquilo que escolheríamos para nós.

53 comentários:

João Esteves disse...

Que fraude de texto... Desisto de ler e comentar os seus delírios, com ou sem pretensões pseudo-científicas.

João Pires da Cruz disse...

Fraude, joao? Garanto-lhe que éva minha opinião. Ou esperava que escrevêsseis opinião de mais alguém?

Anónimo disse...

Desculpe mas não entendi a tergiversação entre a Caridadezinha do JBM e o seu texto .

Sim, o mundo será muito melhor quando os trabalhadores deixarem de poder lutar pela sua profissão e espezinharem-se por uma quantas moedas atiradas , lá do alto, pelos seus senhores. E disso sabia Salazar , as senhoras do Movimento Nacional Feminino e o Cardeal Cerejeira , sabedoria resumida na célebre frase “um povo para ser humilde tem de passar fome” .

Tenho dificuldade de perceber quem perora contra a greve às avaliações mas acha natural uma turma ter 30 alunos, um professor ter 240 alunos (e pode ter muito mais), papel e fotocópias limitadas e falta de outros materiais. Poucas devem ser as profissões em que o assalariado tem de usar o seu próprio material . E já não falo da necessidade de substituir pais e até a sociedade.

Quando integrei a profissão não fazia parte das exigências ter carro e carta de condução, pensei que ia apenas ensinar. Neste momento, circulo entre duas escolas ( 8km de distância sem qualquer transporte público e há quem tenha percursos maiores) sem que, ao menos, esse tempo me seja contabilizado como horário de trabalho. Mas ,mesmo assim, há professores que vão dar aulas a casa de alunos doentes e impossibilitados de ir à escola.

Há uns tempos muitos se indignaram porque numa fábrica as trabalhadoras eram cronometradas nas idas à casa de banho. Crato fez melhor e retirou do horário de trabalho os intervalos que existem nos horários dos professores para retomarem fôlego. Sim, meu caro, os professores entre uma turma e outra estão por sua conta , embora alunos , funcionários, chefia interrompam insistentemente esses minutos com problemas inerentes à Escola.

Acha mesmo que um professor desfalecido e depauperado pode ser muito bom profissional?

Contudo, os professores continuam, neste momento, a preparar os seus alunos para os exames, Portugal continua a subir nos rankings internacionais e os melhores alunos da universidade são provenientes do ensino público. É por isto que continuaremos a lutar.

Ivone Melo

Anónimo disse...

Como é que posso fazer para deixar de ser patrão (que ainda por cima tenho de ser à força!...)?
Luis Santos

Raul Vaz Osorio disse...

João, estava a ler este texto e apensar cá para mim: "Olha, o João encontrou um gajo que pensa como ele, já são dois!" (não estou a gozar, foi mesmo) e depois vi a tua assinatura no fim. Pois...
Já discutimos estas coisas tantas vezes que pode parecer chato, mas vou dizer outra vez mais ou menos o mesmo: É verdade, há quem faça má utilização, por vezes abusiva, dos direitos. Há direitos, como o direito à greve, que não são absolutos e deve haver formas de mitigar o prejuízo que certas greves causam a terceiros. Mas isso deve ser feito sem perder de vista o fundamental: que o facto de uns abusarem de um direito, não pode nunca justificar limitar ou retirar esse direito a outros. E parece ser isso que tu esqueces com demasiada facilidade.
Um abraço.

João Pires da Cruz disse...

Ivone, está a dizer o mesmo que eu. As partes são boas, o problema é a ligação. E não perorei contra nada, como disse os professores podem ter todas as razões deste mundo e até acredito que se fosse professor estaria a fazer greve. Mas não sou. E por isso, como dizem os meus clientes alemães "Yes, it's a problem. Not my problem, but a problem...". Cada um que cumpra aquilo que acha que deve cumprir, o meu papel como cidadão é preocupar-me com os mais fracos e com o sistema no global, não com os professores.

João Pires da Cruz disse...

Percebeste mal.Eu não retiro direitos a ninguém. Acho que cada um deve fazer o que é certo para si. Para mim o que é certo é que o estado proporcione a todos o melhor que pode proporcionar, que os mais fracos possam aceder à mesma educação que os mais ricos. Isso está errado?? Achas que aquilo que tens proporciona aos mais pobres a mesma educação que aos mais ricos?

João Pires da Cruz disse...

Conduzir 250 km para Leste.

Anónimo disse...

Nós estamos cansados de lutas de anos , percebam isso! ESTAMOS CANSADOS! E contudo chegamos à sala de aula com renovado vigor, às vezes pergunto-me: vindo de onde?

Não somos meninos tontos, cheios de mordomias e embirrentos.

Trinta e dois anos de serviço, trinta e dois de "revolução permanente" num ministério que faz e desfaz e ninguém percebe porquê ( na maioria das vezes).

No meio disto tudo, o ensino vai sobrevivendo.

Bolas! Por uma vez , vejam se são capazes de vez de estarem sempre contra nós , tentarem amesquinhar e, permanentemente dizerem mal de nós , ACARINHEM-NOS , ORGULHEM-SE DE NÓS e verão o muito que, ainda, somos capazes de fazer.

Anónimo disse...

Esqueci-me de assinar o comentário Anónimo das 14:32, Ivone Melo

João Pires da Cruz disse...

O que vai sobrevivendo é outra coisa Ivone, porque na sua sala de aula deve perceber que cada vez mais é professora de uma classe social, não de um país.

Quando digo que se deve acabar com a relação laboral é dar-lhes a responsabilidade do que fazem. É haver quem leve a escola para a frente e que escolha a equipa que deve levar a escola para a frente. Eu não tenho a menor dúvida que noutras condições os professores fariam 100 vezes melhor. A minha opinião é que essas condições não vão surgir nunca enquanto ninguém for responsável por levar a escola para a frente. Mas isso é a minha opinião, pode haver dezenas de outras. Agora como está, não funciona! E não funciona há tantos anos como aqueles que me diz que está cansada.

randomlessly disse...

Receio em concordar com "Anónimo"
Mas até o ensino tem os seus contras, enfim...

António Daniel disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
António Daniel disse...

João, a responsabilidade começará quando o João, como meu patrão, vier falar comigo, enquanto professor dos seus filhos. Da mesma forma, a responsabilidade começa quando se resolverem os problemas de forma responsável. Há um problema com o professor do seu filho? Desde que seja de facto pertinente e desde que possua as cláusulas necessárias, resolva com ESSE professor. Ontem, o médico que me assistia, foi almoçar. Acabei por esperar cerca de 1 hora para continuar a ser assistido. Não digo que a saúde não funciona, pura e simplesmente resolvi o assunto com esse profissional. Da mesma forma, por vezes confundimos um problema individual com um problema de classe, julgando que resolvendo o problema da classe se resolve um problema individual. Ora, isso nunca é verdade, assim como não é verdade que nomeando um problema individual se nomeia todo o universo. O todo é maior que as partes. Há uma premissa que nunca devemos esquecer quando falamos em educação e que corresponde à ideia de que é um fenómeno complexo. Por esse motivo, a sua analogia é pouco cuidadosa. Quando o seu filho frequentar o 11º ano espero que não lhe ensine os cuidados a ter com a analogia e deixe essa tarefa com o professor de filosofia (a este propósito o seu colega de Blogue - Desidério - pode esclarecer melhor do que eu.
Finalizando, não espero o carinho a que a Ivone se refere, mas devemos reconhecer que na educação há muitas coisas boas, como há coisas más. Eu próprio, como encarregado de educação, já tive que intervir no processo de aprendizagem do meu educando, mas procurei sempre resolvê-lo individualmente e face to face. A responsabilidade, João, começa aqui.

PS: Quem lhe disse que a educação não funciona?

joao disse...

Pois é... Temos que mudar de patrão.
Ou melhor quem gere o interesse do patrão. Que o patrão somos nós

João Pires da Cruz disse...

António, quantos pais acha que podem fazer isso que fez? Essa é a pergunta fundamental. Não é achar que eu o posso fazer. Claro que o posso fazer e faço, como posso pegar no carro e não andar de comboio. Mas para pessoas como eu e o António não precisávamos de educação pública, certo? Se temos um sistema público ele não serve as pessoas que já teriam educação de qualquer maneira, serve para os outros, para aqueles que não a teriam.
Educação é um fenómeno complexo? É. Mas não é mais complexo que todos os outros que envolvem pessoas e interesses em várias escalas. Claro que é uma profissão difícil, é por isso que não deve ser para qualquer um.

E queria fazer uma correcção ao que está no seu comentário. Eu não me referi à classe ou a professores, individualmente ou colectivamente, que não fosse de forma positiva. Eu não acho que exista um problema de classe e problemas individuais são problemas que se resolvem individualmente. Eu disse que existe um problema na ligação entre um colectivo, o "público" e outro colectivo "os professores". Isso é um problema económico, de gestão se preferir. Que se resolve com outro tipo de ligação.

PS: Porque gera desigualdades sociais em vez de as mitigar. Podia recorrer aos relatórios da OCDE que o dizem, mas podem ser uma pantominice em 5 actos. Essa é a percepção clara que tenho das turmas dos meus filhos. E é, aliás, a desculpa dada para a diferença de resultados entre as escolas privadas e as públicas. Não sou eu quem diz que não funciona, é a "classe".

Rolando Almeida disse...

Não sei onde está o problema João. O João ajusta os horários da sua empresa aos da linha de comboios e o problema económico da linha fica resolvido. E, já agora, transporte as universidades que ficam a 15 minutos de Lisboa pela linha para outras localidades do país para as pessoas tirarem doutoramentos e também montarem as suas empresas. abraço

Just me disse...

Antes de entrar no espírito da caridadezinha:
viajo com frequência nos comboios da linha. O serviço parece-me bem, as carruagens idem, não tenho queixas de funcionários. As greves não fazem de um serviço, qualquer que ele seja, um mau serviço. A clientela também não me parece restrita aos mais pobres e turistas. Ou talvez sim, porque o país está todo pobre e apenas o colunista, por uma questão horária, e um breve leque de cultura luminosa caiem fora – talvez que não tão breve, segundo me é dado observar tem todo o aspecto de uma zona de dinheiros em preguiça langorosa.

E por que não colocar os seus rebentos junto da abundância de Caetanas e Salvadores? Sem a árdua tarefa de colmatar funções de professores que ui, são tão maus, mas tão maus, que até faltam por causas climatéricas. Se bem que, caro colunista, em público e ao micro, o querido Gaspar que não é o rei mago nem nada que se pareça, usou-as como razão de algo bem mais grave. Não quer colaborar numa caridade a sério – imagine, estou a lembrar-me daquela canção do Sérgio, “só há liberdade a sério quando houver, a paz, o pão, a educação, trabalho…”, não sei mesmo por que razão, que não tem a ver – deve ser do “a sério” e, sei lá bem, cortar-lhe o pio? Aquilo foi um inominável. E, de seguida, decidir-se a respeitar quem defende a sua profissão face a desmandos que vão mesmo conseguir isso a que o caro colunista chama a caridadezinha: que a escola pública volte ser um lugar onde se ensina a instrução mínima aos mais pobres – saber ler, escrever e contar; foi para isso que foi criada, lembra-se? E este retrocesso era há uns anos impensável; mas hoje é temor efectivo.

O facto é que se os seus garotos forem turistas na escola, não osmosam e o recheio dos museus não transcende. O turismo escolar tem variações. Mas nenhum é eficaz. Pode crer. Não é o momento de ser leve.

Rolando Almeida disse...

Esta conversa do público e privado é idiota. Isto porque o que mais há no privado é gestores incompetentes com salários altíssimos, gestores a chupar dinheiros públicos, a descapitalizar empresas e a desviar o dinheiro para contas privadas e a ficar a dever os salários aos funcionários. Quanto a isto toda a gente lava as mãos. Não percebo como perante coisas destas, como é que toda a responsabilidade recai sobre o sector público. Quanto às faltas dos professores, não nego que existam casos disparatados, mas trabalho no ensino público vai para 20 anos e hoje em dia praticamente ninguém falta sem ter prejuízo salarial e sem descontar dias de férias. E tem de deixar aulas preparadas para os professores substitutos. As faltas dos docentes estão muito mais regularizadas. Fala-se, mais uma vez, por desconhecimento e comete-se as habituais generalizações precipitadas.

João Pires da Cruz disse...

Caro just,

Como deve imaginar, um transporte público serve as pessoas sempre, não com frequência. A observação que fiz, como sublinhei é do conjunto complementar e, tsmbém, que é um serviço com procura quando tem qualidade e qualidade é ser fiável, antes de qualquer coisa.

João Pires da Cruz disse...

Caro Rolando, porque é que eu entraria em generalizações? Eu percebo alguma coisa disso? Mas esse é exactamente o meu ponto, se nao percebo nada disso porque carga de agua tenho eu o ónus de resolver problemas de gestao de uma coisa de nem sequer entendo? Por isso é que digo que tem que se acabar com a ligação que existe. Se é privatizar a gestão como os trabalhistas ingleses sugeriram para levar a educação dos colégios a toda a gente, se calhar não é má ideia, mas uma gestão qualquer já era um começo.

Anónimo disse...

Continua a não entender que uma escola não é terra de ninguém mas um corpo que tem brio e procura funcionar funcionar contra ventos e marés.


Ivone Melo

Anónimo disse...

já agora , dado que não tenho aqui os dados da nossa progressão a nível internacional, envio-lhe este link em que um dos países com menor investimento ao longo de décadas vem alcançando , ano após ano , melhores lugares. http://educar.wordpress.com/2013/06/12/ainda-sobre-os-resultados-do-timms-2011/
e, já agora, não deixe de ouvir este debate
http://www.youtube.com/watch?v=gB_C_gyqoK0

Anónimo disse...

E quanto aos trabalhistas ingleses, foram eles que deram cabo da escola pública. Agora, perante o desastre, até colocam a hipótese da obrigatoriedade dos ministros colocarem lá os seus filhos para obstarem à bipolarização que estabeleceram. É mesmo isto que defende?

João Pires da Cruz disse...

Defendo que escola pública seja a forma de educação que escolheríamos independentemente da nossa condição social. Isto é assim tão exótico??
E, Ivone, continua a defender o brio, o profissionalismo, a qualidade dos professores... O que é que isso tem a ver? O problema é a gestão desse corpo que os professores são os primeiros a dizer que é um nojo. Muda-se a forma de gestão.

Não é impossível, existe uma rede de escolas públicas nessas condições, a rede de estabelecimentos de ensino superior portuguesa. Poderia ser melhor e mais barata? Sem dúvida, mas funciona. Agora, duvido que os professores aceitassem a mudança por causa de tudo o resto que vem atrás.

António Daniel disse...

Os estudos da OCDE mostram que Portugal, por todos os condicionalismo que intervêm na educação (índice de analfabetismo alto contrastando com os países do norte que no princípio do século tinha zero), foi aquele que mais progrediu (já nos situamos acima da média da OCDE), significando que a educação funciona. E digo-lhe mais, se a universidade portuguesa funciona, muito se fica a dever ao percurso no ensino secundário. Portanto, não concordo consigo quando diz que a escola não funciona.
Há muitas teorias que demonstram que a escola perpectua as desigualdades sociais. Por um lado, muitos dizem que a escola utiliza uma linguagem que favorece os jovens provenientes de classes sociais desfavorecidas. Por outro lado, existe o chamado Laddism que impera nos rapazes que consiste numa atitude anti-aprendizagem. Independentemente de tudo isto, o problema está no «patrão» (o fato de ainda falarmos de patrão não augura nada de bom). Que nos deixe em paz! nós é que lutamos diariamente por contrariar a ideia preconcebida de que a educação não funciona.

Anónimo disse...

Então arranje um exército de escravos.

Anónimo disse...

E porque será que a rede de ensino superior é, esmagadoramente, pública? Não será porque é necessário um grande investimento que os privados não querem fazer? O ensino superior público é indubitavelmente melhor, será mais barato, apenas, para quem o frequenta, porque no geral somos todos nós que o pagamos. tal como os restantes níveis de ensino.
Quanto à gestão das universidade creio que está a cargo dos professores e que há também estabelecimentos que têm parcerias com privados mas não sei qual a sua verdadeira influência na gestão , se não é assim desculpe-me porque ando um pouco à margem.
Um ensino público de qualidade é o garante da coesão social. Aquilo que defende, o cheque-ensino, já deu provas de não ser eficiente nos países que o implementaram. A gestão privada , em Portugal, tem contornos demasiados maus, veja o caso do grupo GPS mas há mais. E muitas vezes me questiono por que é que, por exemplo, nos exames há tanto inspector nas públicas e nas privadas nem tanto.
A forma de gestão das escolas com o seu Conselho Geral e Director, que é escolhido pelo primeiro, é diferente consoante quem neles ocupa lugar, o pior é mesmo foi a entrada dos partidos políticos que esta forma gestão trouxe.
A ideia de que os serviços públicos são por norma maus só colhe porque gostamos de uma certa exclusividade que os privados , agora, ainda nos vão oferecendo. Quando a privatização se generaliza e ficamos nas suas mãos já não é assim. E não será por acaso que muitos países , caso dos Países Baixos , Suécia e até os EUA estão a repensar o modo de financiamento do seu sistema de ensino. E vamos, mais uma vez, seguir um modelo quando ele já deu provas de não servir bem?

Permita-me aborrecê-lo mais um pouco.

O paralelismo que, no seu texto, fez com os comboios levou-me a pensar na liberalização thatcheriana dos transportes na Grã-Bretanha. Com a privatização que se seguiu, os serviços pioraram e boa parte da população ficou sem serviço público , onde não se factura não há serviço . Os Caminhos de Ferro viram o número de acidentes aumentar, e de tal ordem, que em apenas um ano chegaram a ter mais do que a França em vinte.

O outro apontamento passou-se comigo há poucos meses. Aqui no Porto e no Norte em geral, os hospitais privados, mesmo em tempo de crise , crescem como cogumelos. Marquei uma consulta num determinado serviço que, por ter ADSE e Seguro , logo me remeteu para um outro pois ali "só" teria consulta "muito mais tarde" .
Cedo descobri que as consultas eram marcadas 10 em 10m (?!?!?!). Tinha três sinais , a cada um que mostrava o médico saltava da cadeira e estendia-me a mão em sinal de despedida. Por fim lá lhe mostrei o que me preocupava e logo se rasgou o sorriso perante uma excisão.
Enquanto me preparava para a pequena cirurgia , andou para lá e para cá e consultou mais dois pacientes. Lá me tirou o sinal , a cicatriz ficou de estalo e eu, porque ainda posso, não tenciono voltar lá mais.

É por o que acima referi que temo a política, que se vem defendendo, de tudo privatizar para "melhorar" a gestão dos serviços.



Ivone Melo

Desidério Murcho disse...

Eu acho que os restaurantes deviam ser públicos, assim como os supermercados e as sapatarias, porque afinal de contas toda a gente tem direito não apenas à educação, mas também à alimentação e a um par de sapatos. Se o argumento a favor da escola pública é o direito de todos à educação, então acabe-se de vez com os supermercados, restaurantes e sapatarias privadas: são uma vergonha elitista!

João Pires da Cruz disse...

Eu não defendi o cheque ensino mas, no entanto, nalguns estado dos estados unidos foi um enorme sucesso com influencia no ensino e noutras vertentes importantes, como a segurança. Não conheço todos os casos porque, como lhe disse, não tenho uma solução. Alias, se ler o projecto trabalhista não apresentava uma solução, apresentava várias soluções, desde entregar as escolas às autarquias até meter as agencies de recrutamento na administração, não fechava o problema. Também esse projecto foi destruído pelos sindicatos (em Inglaterra, o partido trabalhista sao os sindicatos)

Conhece o caso de Manique ou o de Arruda dos Vinhos, Ivone?

João Pires da Cruz disse...

Esses direitos são defendidos, Desidério, e os supermercados e as sapatarias sao públicas. Não são do estado, mas são públicas. Tanto são defendidos que existe um organismo do estado que procura gente que não tem acesso as esses bens e serviços para que os possam ter, mesmo gratuitamente.

Desidério Murcho disse...

Sim, mas esse não é o sentido relevante de público que as pessoas têm em mente ao defender a escola pública; têm em mente uma escola do estado. Esse sentido de escola pública não se opõe às escolas privadas.

Excelente texto, a propósito. Parabéns!

João Pires da Cruz disse...

Obrigado.

João Esteves disse...

Desidério Murcho, qual é o obstáculo de principio a que existam restaurantes ou sapatarias ou o que quer que seja do Estado? A questão não é se o Estado está proibido por um qualquer direito divino ou natural não ter esses e outros serviços ou empresas. A questão é se existem vantagens económicas e/ou sociais para que isso aconteça. E se é verdade que a exploração comercial de vários sectores de actividade por parte dos privados tem vantagens económicas indiscutíveis, não é menos verdade que a iniciativa privada, por definição, tem como objectivo primeiro a obtenção de mais-valias monetárias. Assim sendo, há que saber:
1. Um serviço essencial prestado por um privado tem custos menores do que o mesmo serviço prestado pelo sector público desde que bem gerido? Tendo em conta que o preço do serviço prestado pelo privado terá que incluir o lucro devido ao proprietário ou aos accionistas, a questão não parece ser linear.
2. Como garantir a prestação de serviços essenciais à população que não podem ser sujeitos a uma lógica estrita de lucro monetário? Saúde, educação, cultura, transportes...

Se o Desidério pensa que um empresário privado vai criar um sistema de ensino universal e gratuito, há-de me dizer quem é. Ou provavelmente espera que seja o Estado a financiar o lucro do privado na escola-empresa que irá criar em paralelo com o sistema público ou em sua substituição. E deverão os impostos de todos servir para aumentar os lucros monetários de uns quaisquer empresários? Não deverá ser a iniciativa privada autónoma do Estado?

Entre tudo estatizar e tudo privatizar existe um equilíbrio, que parece que interessa escamotear cada vez mais.

João Esteves disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
João Esteves disse...

correcção:

"...se o Estado está proibido por um qualquer direito divino ou natural a ter esses e outros serviços ou empresas..."

Anónimo disse...

Não , não conheço o que refere em Arruda dos Vinhos nem em Manique.
Posso dar-lhe o exemplo da minha escola , agora afundada num megagrupamento no qual não se reconhece. Como escola de periferia que é pretendeu diferenciar-se propondo, aos alunos com mais dificuldades em integrar-se no sistema de ensino, cursos profissionalizantes, no caso CEF de mecânica e padaria/ pastelaria. Com engenho, pedinchisse e sacrifícios lá se conseguiu montar duas oficinas para os referidos cursos. No ano seguinte o "Mistério da Educação" permitiu que diversas escolas em redor, algumas a menos de 6km, oferecessem os mesmos cursos sem terem oficinas adequadas ou , de todo, sem oficinas.

Ivone Melo

Desidério Murcho disse...

A cultura é mais essencial à população do que a comida, claro. Por exemplo, eu há três dias que não como, mas não consigo estar mais de seis horas ou assim sem ler um livrito. Daí que seja imperativo que a lógica do lucro não me tire os livros e a cultura, sendo completamente irrelevante que a lógica do lucro me tire a comida.

Olha, vou agora ali ao supermercado buscar mais um bocado de chouriço, que é de borla.

João Esteves disse...

Para laranjas, chouriços, sapatos e automóveis, as leis da concorrência funcionam. Para aulas de português, de filisofia ou de físico-química, nem tanto. A não ser que ache que é o mesmo que encher chouriços.
E há medicamentos, por exemplo para as doenças oncológicas, que custam milhares de euros...

Sentido de partilha e de comunidade, todos contribuem para todos terem acesso.

Desidério Murcho disse...

Exacto, foi o que defendi. Sentimento de partilha e comunidade, comida pública, já! E cuecas. É uma grande falta de partilha e comunidade umas pessoas poderem comprar cuecas de 30 euros e as outras têm de usar cuecas de 2 euros. E aulas de filisofia! Isto é o mais importante de tudo, pois as pessoas estão mortas de vontade de ter aulas de filisofia e só não as têm porque têm de as pagar. É uma pena. Já os iPhones, é uma chatice, pois ninguém os quer, mas a malta tem de os gramar à força, oferecidos pelo estado, mas pagos pela malta toda. Ouvi até dizer que o estado vai passar também a oferecer cérebros a quem tiver falta deles. Como raramente os deputados o usam, temos vários a mais para dar a quem quiser.

João Esteves disse...

Guarde os seu cérebros, Desidério, podem fazer-lhe falta. O meu, modesto como é, não o troco nem o encharco com modas.

Até.

João Pires da Cruz disse...

"Nós" usam a classe social como desculpa para os resultados. Os resultados, aqueles que estávamos usar mostram umoaís que tem ensino privado finlandês e um ensino publico mexicano. E derivadas não mostram nada. A ideia não é preconcebida, é o " nós" que nis diz tidos os dias.

João Pires da Cruz disse...

Arruda dos Vinhos e Manique não tem escola do estado. O ministério paga e não abre mais a boca a não ser corrigir notas de exame. As pessoas mudam de casa para que os filhos possam ter acesso a essas escolas. Ambos os casos têm um patrão diferente. E funciona. O custo para o contribuinte é 80% do custo de uma escola gerida pelo ministério. Como não acredito que o dono seja um factor determinante, açredito que o facto de estas escolas terem uma autonomia quase total seja o factor diferenciador.

Agora, isto tem implicações enormes na relação laboral dos professores com o estado...

Just me disse...

Que provocação! Isso é doença ou mau feitio?

É suposto que a educação propicie ou pelo menos favoreça a criação de meios para se obter o resto. O homem, imagine, é aquele ser que se realiza também através do trabalho e gosta de trocá-lo por "coisas" que precisa e prefere. Assim um sabor do que se tem ou gosta de ter. Veja bem. A paranoia. De modo que a sua hipótese é capaz de cair mal.
E o elitismo seria mais da ordem de sonegar a alguns homens, direitos que são de todos.

Não era suposto surgirem questões à necessidade universal da educação...era?


Anónimo disse...


A única coisa que sei é que em 2010 recebeu 7,5 milhões do Estado e que está em 30º lugar do ranking ( e sobre o mesmo era toda uma tese, pelo menos, de mestrado). Discordo do que afirma face a um ministério que pagar e não abre mais a boca, porque acho que tenho uma palavra a dizer sobre o modo como é usado o dinheiro dos meus impostos e as leis laborais são para ser observadas , o que não acontece em muitas escolas privados do país embora, em geral, não nas melhores.

Por último, pois não o quero maçar mais, apenas uma referência ao post sobre o ensino inglês e os sindicatos. Sindicatos de professores poderosos são os dos EUA, pois a Grã-Bretanha sempre privilegiou o ensino privado. Mas , sobretudo desde o tempo de M. Thatcher que só um maluco concorre para professor de uma escola pública e por isso, neste momento, boa parte deles são de origem indiana, paquistanesa ou sul-africana ( que emigram com toda a extensa família e depois ficam a beneficiar do Sistema Social britânico :) ).


Ivone Melo



Anónimo disse...

Admito que possa não ter sido a intenção, mas a caridade tem sido a tábua de salvação de muitas famílias portuguesas nestes últimos tempos, e a letra da canção do JBM é - e sempre foi - de muito mau gosto.
Fica bem aos que podem, participar nesse esforço, sem intervenção do Estado, porque este quando mete a mão abarbata-se logo com 23%, e não é para dar a quem precisa... Já para não falar das leis perfeitamente abjectas sobre a entrega da comida dos restaurantes a quem tem fome, possíveis apenas num país, que tem um parlamento com um restaurante a funcionar, para os pais da pátria, da maneira que se sabe.
Quanto aos professores, tem-se falado da classe como se fossem seres acima de qualquer mácula, sem defeitos, dispostos a qualquer sacrifício pelos estudantes... Tenho 2 cursos superiores pré-bolonha, e garanto-lhe que os professores que tive desse calibre, contam-se pelos dedos duma mão.
Notas superiores a 15 tinham de ser defendidas em orais, onde o refinamento das perguntas se destinava apenas a não dar mais do que 16... Já para não falar dos casos em que os livros recomendados não incluiam o livro que professor seguia (abençoada net! mas que eu não tive) nem davam respostas a essas perguntas. Não sei o que chama isto, mas eu sei, e só não o vou escrever para não ter de recorrer ao calão... e honestidade intelectual nunca será por certo...
Sobre a greve no dia dos exames, comparemo-nos aos países com que gostamos de nos comparar. Aí os professores marcam greves para esses dias?

João Pires da Cruz disse...

Eu nunca vi a canção dessa forma, entendi sempre como uma critica a quem diz defender os pobres, retira disso o seu prémio mas não faz nada de relevante para alterar o estado de coisas. Isto é, a história da educação pública prestada pela república portuguesa.

João Pires da Cruz disse...

Se recebeu 7,5 milhões foi porque entregou 94 turmas no 30º lugar do ranking, porque recebem 80 mil euros/turma/ano e cada turma tem um limite de alunos inferior e superior. Aliás, ao que sei o aumento dos alunos nas turmas das escolas foi para que o custo da turma fosse mais aproximado deste, porque era substancialmente superior. Pelo que se fizessem com as outras turmas do país aquilo que fizeram com essas 94, valia bem o dinheiro e ia-se de encontro àquilo que a Ivone reclama.

Anónimo disse...

Galois

Nunca disse isto neste blog.
Excelente texto!

Anónimo disse...

Atenção que os números aluno/turma anda muito desvirtuado para uso na defesa de determinadas teses. Nesses números incluem-se deficientes profundos, médios e ligeiros que,como imagina, necessitam de um apoio mais ou menos individualizado. Por outro lado temos os surdos e os cegos ou com baixa visão que necessitam da intervenção próxima de professores especializados, o ensino dos conservatórios, chamado ensino artístico integrado, também com rácio professor/aluno bastante baixo. Um professor de instrumento ensina 3 alunos por/hora e as turmas de dança não podem ter 26 alunos, como imagina. Estas são as situações que, de momento, me ocorrem. Portanto, como vê, esse tão falado rácio professor/aluno tem muito que se lhe diga.

Ivone Melo

joão viegas disse...

Eu tenho exactamente a mesma experiência. Resido em Sintra e, ha uns anos atras, comprei um avião a jacto que me põe todos os dias no centro de Lisboa em escassos dez minutos, e ainda me permite gozar quotidianamente uma vista espectacular sobre o estuario do Tejo.

O avião a jacto foi-me vendido por uma empresa privada lucrativa, que funciona e faz maquinas muitissimo mais eficazes e confortaveis do que os comboios da linha de Sintra.

Ora bem : acho que quem fez a experiância de viajar de avião para Lisboa so pode chegar a uma conclusão : desejar um serviço publico de transporte ferroviario para os pobres, que os sujeita a viajar no meio da multidão e a chegar ao trabalho tarde e a cheirar mal, é o contrario da democracia, e denota um profundo desconhecimento dos mecanismos economicos.

Quanto a mim, a conclusão a tirar é evidente : avião a jacto para todos, ou nada. Deixem o mercado funcionar e parem com a paralisia estatal. Isso é que é verdadeiramente democratico.

Outro exemplo : os blogues de acesso gratuito. Com tanta empresa privada de consultoria, tanto think tank que por ai anda, não é nada dificil adquirir livros ou assistir a palestras em que os intervenientes dizem coisas com pés e cabeça.

Em contrapartida, nos blogues gratuitos, não vejo absolutamente nada que se safe. Vamos pegar no DRN, blogue com pretenções cientificas em que se escrevem os maiores disparates num tom de caricatura. Havera pessoa no mundo com um minimo de cultura e de bom senso que não desate à gargalhada ao ler as imbecilidades que por la se escrevem ?!?

Isso é que é cultura gratuita ?

Por amor de Deus. Harvard para todos ou nada. A democratização do saber, ou é a sério, ou não é aceitavel...

Boas

João Pires da Cruz disse...

Caro Veigas, de qualquer forma deixe-me agradecer o facto de se ter dado ao trabalho de escrever isso tudo para comentar uma imbecilidade. Por cá faz-se o possível...

joão viegas disse...

Não tem nada que agradecer, não deu trabalho nenhum. Vejo pela fotografia que, quando v. menciona os tempos aureos em que a linha de Cascais prestava um serviço de qualidade, so pode estar a referir-se a uma época em que ja era serviço publico. Portanto quando v. diz que faz "o possivel", esta a ser modesto !

Boas

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