segunda-feira, 16 de maio de 2011

Outros lixos (nada especulativos)


A minha crónica semanal no jornal i.

SOLAR MAX é o nome de um satélite lançado em 1980, com o objectivo de medir a radiação solar; tudo correu muito bem, o sucesso era o esperado e o concretizado; até que, a 23 de Setembro de 1980, o satélite tornou-se mudo! Durante três anos e meio, orbitou silencioso, uma peça decorativa. Então, em Abril de 1984, e numa missão de alto risco de ponto de vista técnico e humano, o vaivém espacial capturou-o e realizou uma "cirurgia" incrivelmente dispendiosa. E houve, de novo, satélite e ciência. No final da sua vida útil, o Solar Max caiu no oceano Índico e permitiu, finalmente, responder à dúvida até à altura não sanada: o que avariou o satélite? O enigma deslindou-se em 150 buracos, literalmente! Os delicados instrumentos tinham sido atacados por 150 pedaços de lixo espacial! Em 1989, estimava-se que acima das últimas camadas de atmosfera da Terra estariam mais de sete mil artefactos humanos perdidos: desde satélites abandonados até martelos, câmaras ou parafusos! Hoje, registamos mais de 20 mil mas, na verdade, são milhões; em 2030, poderá ser o triplo! A uma velocidade de 7,8 km/s mesmo o mais pequeno parafuso pode pôr em risco um vaivém ou a Estação Espacial Internacional (como já aconteceu!). E muito deste lixo cai frequentemente na Terra, podendo um dia ameaçar mortalmente. Abracourcix, o chefe da aldeia de Astérix, bem nos avisa: o céu vai cair nas nossas cabeças... o que não imagina é que será em forma de lixo espacial humano!

5 comentários:

Cláudia disse...

E, o combustível do lixo espacial? Então, há possibilidade de chover fogo...

fernando caria disse...

Sabendo-se dessa realidade perigosa.
Sendo limitadíssimo o nº de países/organizações com acesso ao espaço.
Como raio é que se polui o espaço conscientemente? e porquê?
O que se pode fazer?

Anónimo disse...

Já sabia do lixo espacial, um artista cujo nome não recordo fez uma exposição sobre esse assunto, na culturgest, elucidativa. Mas mesmo assim, não sigo deixar de dizer: "Porra!!!"

Anónimo disse...

onde se lê "não sigo" deve ler-se "Não consigo".

Como Fernando Caria, pergunto também aos cientistas: "O que se pode fazer?"
HR

Anónimo disse...

Versejando ao som do cavaquinho:

De ferro velho está o espaço cheio:
na região dos anjos anda agora
um monte de sucata de permeio
com todo o lixo que o homem deita fora,
martelos, parafusos, coisas várias
das suas naves interplanetárias;
girando sem destino à nossa volta,
talvez um dia intempestivamente
sobre as nossas cabeças, de repente,
acabem por cair... surpreendidos
pelas balas dos anjos... preteridos!

JCN

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