terça-feira, 22 de março de 2011

Coisas que é importante dizer

Coisas importantes

1. O país precisa da austeridade;
2. Não há soluções milagrosas;
3. A única forma de sair desta crise é com trabalho, esforço, dedicação e muito suor;
4. Toda a gente já sabia isso em Outubro de 2010;
5. Todos fizeram de conta, aprovando um orçamento que TODOS sabiam que não era para cumprir;
6. Todos fizeram de conta que os mercados iam na conversa, apesar de TODOS saberem que não iam porque os mercados não vão em música dos "deolinda";
7. Alguém "inventou" que nada podíamos fazer;
8. O Presidente da República não podia actuar;
9. A oposição também não;
10. O governo é incompetente e inconsciente, mas era para cozinhar em lume brando;
11. Perderam-se seis meses preciosos;
12. Agora estamos nesta LINDA situação: vamos para uma cimeira europeia sem Primeiro Ministro em funções, a situação económica e financeira do país é muito pior do que em Outubro de 2010, os juros dispararam e já ultrapassaram os 8%, não há um plano de ataque ao problema, os portugueses não estão conscientes do que é necessário ser feito e... a questão real mantém-se. O país não cresce. E sem crescimento nada melhora;
13. Um novo governo demorará meses a entrar em funções;
14. O país muito dificilmente estará unido depois da campanha eleitoral;
15. A margem de manobra do novo governo será muito curta, se não mesmo nula;
16. As políticas a desenvolver só terão efeitos reais daqui a 15 ou 20 anos;
17. Portugal não quer fazer como Kirchner, na Argentina em 2003-2005, que teve de renegociar a sua dívida por um valor significativamente inferior ao seu valor nominal (foi renegociado para valer 30 cêntimos por cada dólar);
18. Mas isso significa solidariedade da União Europeia;
19. Mas isso significa uma União Europeia forte e consciente dos seus problemas;
20. Mas isso significa liderança;
21. É pedir muito, eu sei...

Dito isto:
1. As eleições são urgentes, porque o país precisa de ser credível;
2. O desafio é o de devolver esperança aos Portugueses;
3. O desafio é o de unir o país;
4. O desafio é o de tentar o que parece impossível: mobilizar Portugal.

Nota: Deixo aqui uma entrevista a Amartya Sen que é bem esclarecedora.

15 comentários:

Anónimo disse...

"Morrer, sim... mas devagar!". JCN

Anónimo disse...

É bom que se tome consciência que Portugal, Grécia, Irlanda e outros que se lhes venham a juntar não têm como pagar as dívidas que neste momento têm e no nosso caso provavelmente não teremos nunca.
Portanto, mais cedo ou mais tarde, acontecerá o que aconteceu na Argentina: renegociar a dívida.
Como chegámos aqui?
Parece claro à vista de todos os que querem ver: seis anos de irresponsabilidade disfarçada de modernismo.
Lembro-me de que no ano das últimas legislativas havia dinheiro para tudo e mais alguma coisa.
Uma criança ainda não tinha nascido e já lhe prometiam uma conta bancária com 200 euros. Assim sendo, o que é preciso fazer?
Mudar de mentalidade.
Gastar o que se tem e não o que não se tem e TRABALHAR para ter mais.
Pôr este país a produzir para não termos de ir comprar ao estrangeiro.
Nenhum país sobrevive só com serviços.
Perder menos tempo com: futebóis, politiquices, jornalismo da treta e comentadores que nunca fizeram nada de útil na vida, cumprir e fazer cumprir as leis e não fazer tantas leis que não se podem aplicar na prática de tão caricatas que são.
Valorizar, enquanto sociedade, aquilo que é fundamental:
- A VERDADE,
- O RESPEITO,
- O TRABALHO,
- A EDUCAÇÃO,
- A FAMÍLIA,
- A RESPONSABILIDADE,
- A ORDEM.

Cisfranco disse...

Não há mais mas nem meio mas... Isto só muda quando produzirmos mais e daí teremos menos necessidade de recorrer às importações. Há que reajustar políticas que têm sido erradas e ruinosas para a agricultura, as pescas e pequenas empresas que produzem para o mercado interno. Mas isto só vai dar resultados visíveis, na melhor das hipóteses, daqui a uma década. Até lá, se vier um governo que ponha isso em prática, vai ser apertar e voltar a apertar o cinto e quem prometer o contrário é demagogo. Apesar de tudo, o Povo aceita apertar o cinto se lhe explicarem bem por que o faz e se perceber o que se pretende. Não é só assaltarem-lhe o bolso sem saber porquê, dizendo que é para equilibar as contas. Nada disso. E atenção, as classes dominantes, principesca e escandalosamente remuneradas têm que participar nos apertos do cinto que vão seguir-se.

Tiago Santos disse...

Adoro este blogue excepto numa situação - quando insistem em falar de economia.

Eu sou daqueles que acha que a economia é para ser debatida, por toda a gente e sem muros nem medos. Acho que a economia não deve ser reservada aos ditos sábios da economia que muitas vezes sabem menos que os outros.

Mas infelizmente, acho que quando falam de economia neste blogue, não aplicam o mesmo cuidado com que falam de física ou química ou outras ciências. O resultado é que a análise aqui expressa é quase sempre demasiado simplista e vai pouco longe, o que a torna por vezes, falaciosa.

A primeira premissa deste artigo é um primeiro grande erro. o país precisa de austeridade é altamente discutível e muito mais discutível é que precise dessa austeridade já. Basta ler o que disse o "Nobel" da economia Amartya Sen durante a sua passagem por Portugal na passada semana.

No entanto, volto a afirmar que acho óptimo que a economia se massifique e saia dos muros das faculdades e dos centros de investigação e daí sou obrigado a agradecer que apareçam artigos que questionam as coisas, como este questiona.

Cumprimentos

J. Norberto Pires disse...

Caro Tiago,
Acabou por não dizer onde estava a falta de cuidado e o simplismo. Utilizou como argumento a opinião de "Amaetya Sen", um economista muito inteligente com o qual eu concordo. Esqueceu-se foi de dizer que Amaetya Sen defende que o momento para redução da dívida dos estados deveria ser ponderado, esperando por momentos de forte crescimento económico. No fundo o que ele está a dizer é: não sacrifiquem o crescimento económico com essa pressa de reduzir a dívida.

Concordo totalmente. Por isso coloquei no artigo o ponto 17. Porque é aí que chegaremos se não formos cuidadosos.

Mas a austeridade é necessária para reduzir o defit e não aumentar ainda mais a dívida. Essa é de facto uma enorme prioridade. Portugal tem de estancar o crescimento da dívida. É disso que falamos. É para isso que temos de ter uma plano de austeridade sério que não coloque em causa o crescimento económico.

Cumprimentos,
J. Norberto Pires

J. Norberto Pires disse...

Entrevista a Amartya Sen, bem esclarecedora:
http://economia.publico.pt/Noticia/amartya-sen-a-europa-devia-esperar-pelo-momento-certo-para-reduzir-a-divida-publica_1485029

Anónimo disse...

Há que ter esperança, há que ter fé:
nas vascas da agonia da nação
há-de haver sempre um D. Sebastião
para levar-nos a morrer... de pé!

JCN

J. Norberto Pires disse...

PAra quem pensa que não precisamos de austeridade para estancar o crescimento da dívida fica o seguinte número:
1. Em 2005 a divida externa rondava 85 mil milhões de euros.
2. Em 6 anos aumentou para 155 mil milhões de euros.

Ou seja 70 mil milhões em 6 anos, ou seja, ~11.7 mil milhões por ano.

:-(

J. Norberto Pires disse...

Quando a argentina em 2003/2004 renegociou a sua dívida pagando 30 cêntimos por cada dólar, a dívida ascendia a 178 mil milhões de dólares. Ou seja, estamos lá...

Anónimo disse...

O que é preciso à frente da nação
é um Presidente eleito, soberano,
que tenha garra, músculo, tesão,
e faça andar o barco a todo o pano!

JCN

Anónimo disse...

Caro JCN: porquê eleito?

BF disse...

Embora esta primeira opinião possa vir um pouco descontextualizada parece-me acertada introduzi-la..

Vejo, aqui e um pouco por todo o lado, demasiados vínculos ideológicos que devem um pouco à informação (o que degenera em opiniões infundamentadas) e por conseguinte à incapacidade de se colocarem numa posição de consciente ignorância tanto política como de opinião. Tudo isso é natural, desde que haja essa dita consciência; afinal somos maioritariamente físicos (note-se que este comentário foi transcrito de uma outra discussão) e não políticos académicos. Quanto ao assunto do momento, que em boa verdade é o que interessa, digo, humildemente, e na minha fraca perspectiva político-económico-social, que a demissão do PM só vem piorar a situação actual do país em todos os aspectos. Independentemente da vossa simpatia, ou não, pelos últimos 6 anos deste governo é preciso notar que o PEC apresentado (ainda que discorde severamente em algumas medidas propostas) é necessário e fundamental - aliás, é crucial!! E não se enganem, FMI será um PEC que ninguém deseja. Se a austeridade em curso, bem como a que se avizinha, já é difícil e penosa para todos nós (correcção, para os nossos papás e afins, pois diga-se em boa verdade, nós ainda não a sofremos na pele), o FMI será 10x pior! Já para não falar da imagem que isso imputa nos mercados internacionais, os quais são de real importância para o desenvolvimento económico do pais. Isto não é uma voto (des)favorável ao PM, é sim uma tentativa de sensibilização social de que sem Sócrates a coisa vai piorar, independentemente de gostarmos muito, pouco ou nada desse senhor..

No que respeita à dívida externa, que sei eu de macro, micro ou nano-economia para conceber o impacto que terá a dívida ser reduzida agora ou daqui a 20 anos? A própria teoria económica leccionada nas maiores universidade nacionais e internacionais já não se adapta aos dias actuais! Facto é, a meu ver, o caracter imperioso em reduzir os juros da referida dívida e no que nisso se reflecte o crescimento económico e respectivo investimento externo. E para isso estamos todos de acordo, trabalhar mais, melhor e rejeitar a mediocridade que se instalou neste país e foi conformada com a maior naturalidade. Naturalidade? Como é que é?...

Anónimo disse...

Caro anónimo das 22:34:

Isso é pergunta... que se faça? JCN

Anónimo disse...

Tem muitas faces a democracia,
seja ela ou não de base partidária:
o que não deve ou pode é ser contrária
aos requisitos da cidadania!

JCN

Russo Salvatore disse...

Portugal tem solução! É o país se tornar colônia do Brasil.

O corpo e a mente

 Por A. Galopim de Carvalho   Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...