sábado, 26 de fevereiro de 2011

Portugal no seu pior

Agora que todos andam a falar da Parva que sou d’ Os Deolinda, quem conhece esta do Paco Bandeira?

«Viva Portugal do “deixa andar”
Viva o futebol cada vez mais
Viva a Liberdade, viva a impunidade
Dos aldrabões quejandos e que tais
Viva o Tribunal, viva o juiz
E paga o justo pelo pecador
Viva a incompetência, viva a arrogância
Viva Portugal no seu melhor


Refrão:
Viva a notícia, da chafurda social
De que o Povo tanto gosta
Espectáculo da devassa
Viva o delator sem fuça
É a morte do artista

Viva a pepineira do «show-off»
Dos apresentadores de televisão
Viva a voz do tacho de quem vem de baixo
Do chefe do ministro do patrão

E viva a vilanagem financeira
E a licenciatura virtual
Viva a corretagem, viva a roubalheira
Viva a edição do «Tal & Qual»


Refrão
E viva a inveja nacional
Viva o fausto, viva a exibição
Da dívida calada, que hoje não se paga
Mas amanhã os outros pagarão

Viva a moda, viva o Carnaval
olarilas, olarilolé
Viva a tatuagem, brindo à bebunagem
Que vai na Internet e na TV

Refrão
Calem-se o Cravinho e o bastonário
O Medina, o Neto e sempre o Zé
Viva o foguetório, conto do vigário
Que dá p’ra Aeroporto e TGV

Viva o mundo da publicidade
O «share» ou não «share» eis a questão
O esperto da sondagem, o assessor de imagem
Viva o fazedor de opinião»


Autêntica canção de "escárnio e mal dizer" é o esplendor de Portugal no seu pior. Música de intervenção bem melhor que a d’ Os Deolinda, sobre a tal geração “parva”, de que tanta análise sociológica se anda a fazer. Parva não, mas sim explorada. E que ao fazer a ligação da escravatura e da exploração com o estudo e a cultura, presta um mau serviço à juventude. O Miguel Esteves Cardoso, no Público, já veio chamar a atenção para o gosto acomodatício desta geração “parva”, que esta música mais que tudo reflete. A casinha dos pais, (dizem eles) e o carrinho ou mota comprados pelos “velhotes”, a crédito, as exigências intoleráveis e a má criação hoje vulgar e antigamente rara (digo eu).

Pelo menos esta do Paco Bandeira atira para onde deve atirar. Alvos não faltam. E, sendo uma espécie de chula, é mais coerente e entra melhor no ouvido. Só é pena que nenhum meio de grande audiência tenha dado por isso (anda no You Tube mas ainda não dei por ela em nenhuma Rádio ou Televisão). Porque será? Será por razões políticas, ou porque há demasiada gente a quem assenta a carapuça?

João Boavida

7 comentários:

Paisano disse...

Com todas as manobras censórias do meio "comercial" a visibilidade deste trabalho é menor do que a do trabalho dos Deolinda que passou no meio como se fosse algo sem importância, de um grupozeco sem visibilidade.

Como muitas vezes sucede estalou a castanha ....

Anónimo disse...

"O Miguel Esteves Cardoso, no Público, já veio chamar a atenção para o gosto acomodatício desta geração “parva”, que esta música mais que tudo reflete. A casinha dos pais, (dizem eles) e o carrinho ou mota comprados pelos “velhotes”, a crédito, as exigências intoleráveis e a má criação hoje vulgar e antigamente rara (digo eu)."

Reconheço que existam jovens mimados, desde cedo, com bens e não com palavras. Esses não são os comodista de que a música dos Deolinda fala. Não são comodistas, são parasitas criados pela falha de limites impostos por quem os educou.
Eu insiro-me num grupo de jovens aos quais a música dos Deolinda, carregada de ironia, se aplica, os comodistas que vivem em casa dos pais - não porque queremos mas porque não temos hipótese. Quando temos de pagar por um estágio como é que pagamos um apartamento? Sem uma fonte de rendimento como é que conquistamos essa independência? Não há dinheiro, não há oportunidades, não há independência, não há futuro.

E é disto que a música dos Deolinda fala. Porque estamos realmente à rasca.

ANTÓNIO DA CEREJEIRA SALAZAR disse...

Diz ocê

Tal como disseram seus pais e avós de sua geração

tratam os pais pelo nome

não dizem meu pai

nem pedem benção

as gerações são sempre assim

esquecem o que foram

e lembram as idades douradas que nunca o são


ELES SÃO SEMPRE SERÃO

e o dito cujo sempre foi popularucho e comercial como os deolinda

apesar disso gosto da chula da livração

já o D.Roberto ahnnnn
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é só para ver o que a maralha pensa das suas ideias

provavelmente os da sua faixa etária concordam

o Jão Todo-Bom se fosse vivo concordaria com a sua análise provavelmente

há sempre futuro
as expectativas é que são muito elevadas
quem da geração de 50 tinha carro
ou vespa ou casa
quartos alugados, prostitutas e criadas
miúdas e miúdos dos bairros da lata comidos por homens como o Luís Pacheco e outros que se seguiram até aos processos da dita casa pia

atirarem a miséria para a clandestinidade

estamos melhor do que há 30 ou 40 anos
temos menos bens no futuro do que há 10?
provavelmente

teremos casas partilhadas por 2 ou 3 casais como os russos?

teremos não teremos?
quem sabe

maria disse...

não sei , mas parece-me que pedir a gatinhos trazidos ao colo e alimentados a whiscas que uma vez adultos saiam à rua e caçem ratos é assim quase impossível. a verdadeira geração parva é quem não os treinou , essa de que fala o Paco e que construi o mundo " sempre jovem e fresco" e fútil em que cresceram. responsabilizar os educandos pela educação que tiveram não é justo.

José Batista da Ascenção disse...

Muito bem, Maria.

Anónimo disse...

O paco passou no natal dos hospitais a cantar esta singela peça para parva estupefacção do povo presente que é o maior culpado da situação presente..

Quanto á dor de corno do autor acerca dos Deolinda... Sugiro que aceite que as propinas foram uma má ideia e uma pêssima execução, só produziram mais das coisas que o Paco Bandeira refere...

Claro que no seu sentimento de classe nunca admitirá tal.

Chega de universidades.. Viva o conhecimento!!!!

Blitzkrieg disse...

A canção dos Deolinda foi apresentada pela primeira vez ao vivo nos Coliseus de Lisboa e Porto. A canção gerou uma tremenda comoção e reacção na audiência. Gravações piratas foram colocadas no YouTube e difundidas via Facebook. Não foi preciso nenhum "meio de grande audiência" daqueles que você acha que fazem um qualquer cambalacho anti-Paco Bandeira. Os Deolinda estimularam fortemente o seu público. O Paco Bandeira não. É só isso e nada mais. Você prefere Paco Bandeira. Diz que a letra é melhor. É a sua opinião. O grande público, seja lá o que isso for, escolheu os Deolinda sem precisar de qualquer promoção ou apoio. Deixe o mercado livre funcionar e deixe-se de pedidos de intervencionismo centralista a obrigar todos a gostarem daquilo que você gosta! Os comunistas na extinta URSS é que gostavam de praticar esse tipo de políticas...

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