terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
A maior colecção de mapas antigos
Com a devida vénia, publicamos o artigo de Diogo Passos (com Jorge Campos e Félix Ribeiro) , saído hoje em "A Cabra", jornal universitário de Coimbra (na figura versão de 1570, no atlas de Ortelius, do mapa de Álvares Seco):
O primeiro sinal de interesse demonstrado na coleção remonta a 2003, ano em que foram depositados cerca de mil artigos da coleção privada de Nabais Conde na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (BGUC). Numa primeira instância, os mapas rumaram à biblioteca com a finalidade de serem catalogados e digitalizados, mas acabaram por, mais tarde, ser adquiridos pela UC.
No início de fevereiro, a BGUC completou a coleção adquirindo os últimos artigos a Nabais Conde, intitulando o acervo com o nome do anterior detentor, professor na UC. A compra financiada pela reitoria foi, nas palavras de Carlos Fiolhais, diretor da BGUC, “uma adição extraordinária” ao arquivo já depositado.
Dos muitos artigos que compõem esta coleção, salienta-se aquele que é conhecido como o primeiro mapa de Portugal cuja impressão data de 1561. Desenhado por Fernando Álvaro -ou Álvares - Secco, este mapa apresenta diversas particularidades como, por exemplo, o facto de Portugal se apresentar na horizontal. Na opinião de Fernanda Cravidão, coordenadora e investigadora do Centro de Estudos em Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT), “há várias explicações e não se sabe ao certo porque é que está assim”. Fernanda Cravidão justifica as “imprecisões” evocando a escala inscrita no mapa, o que reflete “o desconhecimento do território”. Uma outra particularidade é o facto de não estar uma rosa-dosventos inscrita, o que segundo a geógrafa justifica a “desorientação” do mapa. Todavia a coordenadora do CEGOT crê que, numa altura em que as impressões e os desenhos eram feitos de uma forma incipiente. Os “defeitos do mapa são relativos”, uma vez que os mapas têm que ser “contextualizados” no tempo. Assim, a obra de Álvares Secco constitui-se como o “mapa possível” para altura.
Um astrofísico virado para a cartografia Nabais Conde, investigador físico da UC, acredita que as pessoas desenvolvem outros interesses para além das suas profissões. Por esse motivo, e também por ter chegado à conclusão que um dos problemas que ainda não estava resolvido era a falta de “um conjunto de mapas antigos de Portugal” no nosso país, Nabais Conde dedicou 25 anos da sua vida a este seu “hobbie”. O medo de que a coleção se pudesse “dispersar” foi razão suficiente para a ceder à “sua” universidade. Apesar dos atuais cortes orçamentais para o ensino superior, o astrofísico acredita que esta aquisição era “uma oportunidade única” e que é tudo uma “questão de prioridades”.
Esta opinião converge com a posição de Carlos Fiolhais pois, como o próprio afirma, encontrou-se uma boa “relação custo-benefício”. Os mapas serão expostos “em breve”. Relativamente ao mapa de Álvares Secco, adquirido por Nabais Conde na casa de leilões Sothebys em Londres, o diretor-adjunto da BGUC António Maia Amaral explica que o mapa original se perdeu, mas como foi “tão apreciado” na capital italiana acabou por ser copiado para uma tábua de cobre, para posterior impressão. Não se pode precisar quantos mapas terão sido impressos na altura. No entanto, segundo Carlos Fiolhais, não haverá “mais de vinte exemplares” em todo o mundo. O exemplar adquirido pela BGUC assume-se, portanto, como o “único completo em Portugal”, uma vez que o exemplar que se encontra na Biblioteca Nacional de Portugal está “cortado”.
O diretor da BGUC afirmou que parte da coleção será exposta “muito em breve”, na Biblioteca Joanina da UC.
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3 comentários:
Como é que, com tantos e tão valiosos mapas, não conseguimos encontrar o rumo certo?! JCN
Tantos mapas para quaaaaaa~,
muitas vezes me interrogo,
se se continuo à mercê
deste poder demagogo?!
JCN
Por ter saído estropiada, repito integralmente a quadra anterior:
Tantos mapas para quê,
muitas vezes me interrogo,
se continuo à mercê
deste poder demagogo?!
JCN
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