terça-feira, 11 de janeiro de 2011

A primeira administração de Insulina: 11 de Janeiro de 1922



Publicado em "O Despertar":

Antes da descoberta e purificação da molécula Insulina, a doença diabética era, na maior parte dos casos, fatal!

A associação de que determinados grupos de células no tecido exócrino pancreático, identificados pela primeira vez por Paul Langerhans, em 1869, estavam envolvidos no processo digestivo e na regulação dos níveis do açúcar glicose no sangue, foi progressivamente estabelecida por várias gerações de cientistas.

Em 1889, o fisiologista Oskar Minkowski e o médico Joseph von Mering mostraram que, se o pâncreas de um cão fosse removido, o animal desenvolvia diabetes. Em 1901, Eugene Opie demonstrou a relação causa-efeito entre o estado, a integridade, dos grupos de células identificados por Langerhans (em sua honra denominados ilhéus de Langerhans) e o desenvolvimento da Diabetes mellitus.

Nas duas décadas seguintes foram várias as tentativas de tentar isolar as secreções dos ilhéus de Langerhans eventualmente responsáveis pela regulação da glicemia no sangue, mas sem sucesso clínico apreciável.

A história da descoberta está também condimentada com alguma controvérsia em torno de quem terá sido o primeiro cientista a demonstrar a acção de extractos de ilhéus de Langerhans na redução da glicemia e glicosúria. Entre eles estão cientistas como Georg Ludwig Zuelzer (1906), E. L. Scott (1911-12), Israel Kleiner (1919) e Nicolau Paulescu (1921). Este último, romeno, foi, para muitos, o primeiro cientista a descobrir a insulina, mas “problemas” no registo e patente da sua descoberta impediram que fosse galardoado com o prémio Nobel pelo seu trabalho.

De facto, o comité Nobel atribuiu em 1923 o Prémio Nobel da Fisiologia ou Medicina a Frederick Banting e a J. J. R. Macleod pela sua descoberta da insulina e sua administração num humano diabético. Estes laureados, descontentes com a decisão do comité Nobel, dividiram o reconhecimento com outros dois cientistas que, segundo eles, tinham sido decisivos no isolamento e purificação da insulina: Charles Best, assistente de Macleod, e o bioquímico Bertram Collip, convidado por Banting para o trabalho laboratorial “pesado” de isolamento e purificação.

Deve-se a Collip a obtenção do primeiro extracto de insulina purificado a partir de ilhéus de Langerhans de fetos de bezerro. Esta foi a fonte para o extracto a ser utilizado no primeiro ser humano a ser injectado com insulina: Leonard Thompson. Com 14 anos de idade, o adolescente diabético foi injectado pela primeira vez no dia 11 de Janeiro de 1922 (há 89 anos) com um extracto impuro, o que lhe causou uma reacção alérgica severa.

As injecções foram suspensas enquanto Collip não conseguiu melhorar o protocolo experimental e conseguir purificar o extracto. Conseguiu-o depois de 12 dias de intenso trabalho laboratorial. No dia 23 de Janeiro de 1922, Leonard recebeu uma injecção do novo extracto purificado, o que lhe retirou os sintomas diabéticos sem lhe causar reacções e complicações indesejadas.

Foi um sucesso das ferramentas laboratoriais químicas aplicadas à saúde e o início de uma nova era na bioquímica clínica. A Diabetes mellitus deixava de ser uma doença fatal e passava a ser uma doença crónica. O conhecimento bioquímico conquistava qualidade de vida onde antes a esperança morria doce.

António Piedade

2 comentários:

Unknown disse...

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Cláudia da Silva Tomazi disse...

A história considera que proporciona superior qualidade de vida ao paciente.

Claro, esforço é ciência ao que (tange) nível laboral.

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