Joel Costa, autor do programa Questões de Moral, da Antena 2 da Rádio, resolveu ler as normas proveniente do Ministério da Educação que legitimam a Educação sexual como objecto de educação escolar, desde o primeiro ano do Ensino Básico. O resultado dessa análise acutilante, que, como é estilo do radialista, se revereste de um humor fino, pode ser ouvido aqui ou lido a seguir. O texto, que tomámos a liberdade de transcrever, será longo, mas a sua essência valerá o esforço do leitor.
"O sexo, enfim, deixou de ser aquilo que todos nós até ao início do presente ano lectivo pensávamos que fosse um facto privado, uma questão pessoal. Não, passaria, passará… não sei… a ser um problema de saúde pública. Um problema de saúde pública tratado nas escolas normais, em aulas de educação sexual presumivelmente dadas por especialistas na matéria. Eis, portanto, o bom Portugal, sempre na vanguarda do progresso, inclusive na educação como, de resto, todos sabemos. Estamos tão avançados nossos níveis educacionais que a juntar cargas horárias dos alunos tinha de vir outra disciplina essencial para o crescimento do estado para a dívida para a competitividade externa e externa.
Com a educação sexual a estes níveis, governamentalizada, há agora sim, as exportações vão crescer, e sem dúvida que o futuro do sexo português está garantido, será até produto de exportação, agora por falar disso, de exportação para os mercados nórdicos, sei lá… esses coitados que não percebe nada disso, o que dá a medida da larga visão estratégica do governo.
Muitos pais recusavam a assistência dos filhos às aulas de educação sexual e, a meu ver, bem, não percebem o que terá o estado a ver com a sexualidade dos filhos. Mas se os pais não quisessem os filhos nas aulas de Educação sexual teriam de bem fundamentar a recusa e o problema seria saber que fundamentações seriam consideradas pelos burocratas: “Não quero, porque não”, seria razão atendível pelas autoridades sexuais?
Como digo, houve pais que recusaram para os filhos o ensino sexual dado pelo estado nas escolas. Houve até uma plataforma de resistência nacional para isso, foi obra. E o problema para justificar as faltas a educação sexual é que a matéria poderia vir a ser dada não numa disciplina específica, mas de modo transversal, incluída em várias disciplinas.
Não sei como estão as coisas, claro, não sou um entendido, nem um expert nem nada, nem sequer um interessado, não sei como está a ser feito, mas estou a imaginar uma professora de Matemática, uma daquelas antipáticas, como eram no meu tempo, a ensinar sexo aos alunos, ou mesmo uma simpática professora de português a incluir no léxico expressões relacionadas com o sexo (…) e até se pode recorrer ao latim.
E professores houve que se propuseram ensinar sexo, ou sexualidades, aos próprios pais, o zelo legislativo de gabinete e a ânsia governamental de normalização burocrática e de correcção política pode ter destas… sei lá… aberrações e chegar a extremos ridículos.
As dúvidas dos pais quanto à propriedade destas aulas eram perfilhadas por alguns professores. O assunto apresentava logo à partida dificuldades e espinhosas ambiguidades, a abordagem para começar. Mas alguém resolvera tranquilamente a questão… não, não, não, não se vai ensinar sexo não se falará do acto sexual, vai-se educar sexualmente, que uma coisa muito diferente e que deve dispensar muito bem qualquer referência ao acto sexual.
A educação sexual seria não dirigida para o sexo em si, mas para os afectos. Podiam ter-lhe dado outro nome, mas fiquei a saber que, por directiva ministerial, os afectos do meu filho não serão livres e espontâneos terão de ser educados pelo estado, orientados pelo estado, a espontaneidade afectiva com quem os alunos sentirem afinidades, não será, pelos vistos, recomendável, nem politicamente correcta sem exame prévio, pode até ser obrigatório um certificado oficial.
Os professores, alguns, admitiam aulas sobre o aparelho reprodutor, que não é sexo, evidentemente, é biologia, é medicina, é enfermagem, ciências da natureza (…). Sexo julgava eu que era outra coisa, julgo…, mas também como nunca tive aulas saber a matéria e nunca ninguém me ensinou sexualidade admito que não percebo muito do assunto.
Um "profe" perguntava como iriam os profes ocupar as muitas horas (…), com trabalhos práticos? E eu pergunto o que são trabalhos práticos em sexo. O "profe" em questão também aventava a possibilidade dos trabalhos de grupo, seria sexo em grupo? Lá sofisticado era, se fosse… e avançado. O "profe" citado, certamente por escorreito exercício de humor, perguntava se nas muitas horas de aulas… cabiam os trabalhos manuais. Bem, quanto a trabalhos manuais em educação sexual, naquelas idades, digo eu, que não tenho dúvidas nenhumas, que os alunos se mostrarão estudiosos e diligentes. E como somos um país tecnologicamente em dia, avança ainda aquele profe com a possibilidade de utilização de meios audiovisuais que explicassem visualmente como se praticavam os diferentes tipos de sexo, que ele discrimina, incluindo sexo sado-masoquista (…). Uma grande pouca vergonha, digo eu… maliciosamente.
Outro "profe" infere da obrigatoriedade da educação sexual a matriz ideológica que se contém na sexualidade. Por mim, não percebo lá muito bem porque é que um "profe" fascista não há-de perceber mais de sexo do que um comunista ou vice-versa, ou porque não um professor liberal mais sexualmente expressivo e didáctico do que ou professor socialista, ou vice-versa, claro está. .
Ou essa ideologia a que o profe se referia seria ideologia sexual? O que será ideologia sexual? Sei lá, não sei. Mas palpito, que como na politica seja uns inclinarem-se mais para a esquerda, outros inclinarem-se mais para a direita, uns a inclinarem-se mais umas práticas e outros mais para outras (…).
Também não sabia, mas lendo umas coisas na internet fiquei a saber que somos o país com maior taxa de infectados (…) por doenças sexualmente transmissíveis e que continuamos a ter uma taxa altíssima de mães adolescentes e daqui pode decorrer forçadamente, admito, que os nossos jovens não percebem nada de sexo, que os adolescentes não fazem ideia do que seja educação sexual.
Bem, pelo que precisamente se invoca, eles percebem até muito, e se não sabem a teoria, sabem a prática e os resultados estão à vista, tristemente, mas estão: as infecções, as mães adolescentes. Isto significa que as adolescentes mães e os adolescentes pais não sabem o que estão a fazer? (…). Sexo mal gerido, sexo mal dirigido, dir-me-ão. Então, quando um jovem e uma jovem estão juntos, livres, cheios de amor, exaustos de carícias e beijos e com uma cama por perto, na melhor das hipóteses, para onde haverão eles de dirigir os respectivos ímpetos (…) como saberão gerir melhor a tensão que têm no corpo e, atenção, no espírito?
Leio e aprendo coisas assombrosas sobre este tema da educação sexual, a auto-estima que nestas idades é fundamental para os alunos se iniciarem no sexo. E eu sem querer “bancar” o subversivo, peço imensa desculpa de me rir destas coisas e poder ofender quem leva isto a sério, e não como iniciativa de governo para ficar bem na fotografia da modernidade, para efeitos, obviamente, eleitorais. Auto-estima, é claro que ela é precisa seja para o que for e não vejo que seja especialmente necessária para se iniciar no sexo. Mas o que é trazido a terreiro por este professor que leio, é que a auto-estima permite um sexo por opção própria e não influenciado por parceiros (…). Mas desde quando é que o impulso sexual não foi induzido também pelo parceiro?E desde quando, ainda que induzido pelo parceiro, o ser-se desejado para fazer sexo com o parceiro indutor não é um elemento a favorecer a auto-estima, desde quando, por essa causa, o sexo não foi uma opção própria?
Mas o governo não poupou alunos, professores e pais às suas burocráticas directivas orientadoras, até em matéria sexual. E aqui está um caso em que sou um empedernido liberal, porque aprova o estado social e desaprovo de todo o estado sexual, ou o sexo estatalmente instituído.
Só me perguntei na altura como se iriam ver os jovens de hoje na realidade adulta do sexo de amanhã depois de terem beneficiado das orientações do governo na matéria. Teremos no futuro também uma burocratização da vida sexual?
Os pais temiam os catecismos, os moralismos, logo a hipocrisia, os tabus, as abstinências, os recalcamentos, e pronto, as consequentes taras. Sexo, pergunta-se, educação sexual, ou auto-didactismo tradicional? Os serviços do Ministério da Educação tinham certezas absolutas: era preciso esclarecer tudo sobre a educação sexual, a vida sexual e coisas assim. Os serviços do Ministério andavam apreensivos com os fantasmas, queriam uma juventude a viver a sua sexualidade e os seus afectos de modo lúcido, explicável, saudável, incluindo aqueles afectos que se inclinam para pessoas do mesmo sexo. Ora, sobre isto alguns profes, ainda que favoráveis à educação sexual, achavam que as políticas governamentais haviam sido, nesta matéria, influenciadas por lobbies… não me custa nada a crer.
Educação sexual, pensando no caso: fazer sexo deve ser o cúmulo da má educação, é má educação até aludir a ele em sociedade: sexo não pode ser feito em público, pois não, à vista de toda a gente, pois não; é uma prática que não admite transparências, onde tudo pode ser proibido ou permitido, é coisa que se faz às escondidas de todos, em privado (…) ou então pode ser feito onde calhar, arriscando-se sanções, maus olhados, má fama… Neste mundo do politicamente correcto, do socialmente correcto, o sexo deve ser a maior das incorrecções, sim, porque como digo, só se faz às escondidas. E, então, como ensinar a correcção e a educação do sexo se a própria prática dele é uma incorrecção, uma pequena violência confortável, o sexo é uma indecência, ou pelo menos assim a sociedade o julgou. O sexo é interdito nos cinemas, quer na plateia, quer nos intervalos, quer no ecrã é quando é permito no ecrã, os filmes (identificados, são para adultos) e taxados pelo estado. Educando o sexo, vai educar o que ele mesmo proíbe, ou que simplesmente condena como imoral (…).
Mas, pelos vistos os governos entendem que há uma correcção para o cúmulo da incorrecção que é o sexo; que há uma educação para o cúmulo da má educação que é o sexo, ao ponto de o quererem ensinar e educar nas escolas. Não, não será o sexo que se pretende ensinar e educar nas escolas: é educação sexual, educação… mas para quê, se eu não posso mostrar à sociedade os refinamentos da minha educação sexual? (…) Sempre ouvi dizer, embora como eufemismo, que praticar o sexo é fazer amor, mas então como se pode administrar boa educação sexual se não se explicar muito bem, por miúdos, aos alunos, em que consiste realmente o amor e os respectivos nobres sentimentos?
Mas ninguém soube explicar como deve ser o amor, não sei se o governo ou o ministério têm algumas directivas sobre o assunto, sobre o sentimento amoroso. Só me admira que não tenham, que não legislem sobre o amor. É grave lacuna na fachada do furor legislativo nacional, porque haveria alguma correcção a ensinar respeitante ao amor, ao amar correctamente, educadamente… caso de saúde pública, quanto mais não seja porque muitas tragédias pessoais já aconteceram por causa do amor.
Sexo: causa ou consequência (…) do amor? Mas se ao dar educação sexual ao povo adolescente, o ministério não ensinar o que é verdadeiramente o amor, do qual o sexo, de uma maneira geral, correcta, educada deve ser a consequência, se o ministério não ensinar o que é amor e como se vive educadamente um grande amor irão ensinar bem a consequência disso ou seja, fazer bom sexo? Então vai ensinar o quê?
O ministério através dos seus doutos professores, seguramente especializados em matéria sexual, vai ensinar os jovens a pôr um preservativo, bom senhores, isso não é educação sexual isso serão primeiros socorros, quando o jovem tiver de se desembaraçar numa emergência (…). Ensinar a jovem a tomar a pílula, educação sexual, não me parece, será farmacologia, educação cívica, higiene, ou outra coisa parecida.
Mas depois, em vez de amor e de magníficos sentimentos a serem complementados com o sexo, vem a burocracia ministerial e lê-se no normativo sobre a (…) educação sexual, a impor umas quantas coisas (…): “o aumento e a consolidação de conhecimentos sobre”, por exemplo, “as dimensões anatomo-fisiologicas”… não esperava indecências destas numa norma governamental (…). “É preciso aumentar e consolidar conhecimentos acerca de regras de higiene corporal”, tem a ver com sexo e tem a ver com a condução de camiões TIR, sei lá… tem ver com tudo. “Da diversidade dos comportamentos sexuais ao longo da vida” (…), pois é: é o “ao longo da vida” que dá cabo de nós, aí é que está, e nos ensina melhor… acerca dos mecanismos de reprodução.
Acerca do planeamento familiar, dos métodos contraceptivos, das infecções, sua prevenção e tratamento. Acho que hoje já ninguém ignora com quem é arriscado fazer sexo, e não será caso para dar uma aula… bom… aumentar e consolidar conhecimentos, também acerca das ideias e dos valores com que as diferentes sociedades encaram a sexualidade (…). “Aumentar e consolidar conhecimentos sobre os vários tipos de abuso sexual e das estratégias do agressor” uff!... Abuso e estratégias do agressor, enfim… educação sexual num país e numa sociedade em que nos últimos anos, como o caso Casa Pia acabava de tomar conhecimento de uma infinidade sórdida de pormenores acerca de pedofilia e de agressões e em que os alegados acusados e já condenados era tudo gente bem-educada e culta ou, pelos vistos, mal-educada sexualmente (…). Valha-me Deus!
As normas ministeriais impõem ainda o desenvolvimento de competência para uma data de coisas, eu sei lá: “expressar sentimentos e opiniões” (…). É verdade, há muita gente incompetente a expressar sentimentos e opiniões e também há os demasiado competentes quando expressam, e bem, sentimentos falsos, para tomar decisões e aceitar decisões dos outros, ora uma lição de democracia, em suma, não de sexualidade, mas está bem, passo… Não me apetece ler mais normas governativas, parecem-me mais burocracias jurídico-institucional do que regra para lidar com assuntos humanos complexos.
Porque depois será preciso competência para reconhecer situações de abuso sexual. Ensinar a reconhecer rapazes e raparigas (…) o que é um abuso sexual!? Estas normas puseram-me a alma num inferno, ao fazerem dos alunos perfeitos atrasados mentais a quem têm de ser ensinadas
matérias com que eles contactam todos os dias, ou pessoalmente ou por meio dos média.
Houve professores a pensar que no campo da educação sexual deve ser deixado espaço aos pais, os pais deveriam falar com os filhos… sim… em princípio acharia mais natural que assim fosse, mas depois somos esmagados pelo argumento da indisponibilidade de tempo dos pais e pelo eventual talento, dos pais o ensino de matéria tão delicada e tão mal-educada, mas mesmos que os pais tivessem tempo e talento coloquemo-nos, por um momento, no lugar deles (…). A preparação sexual dos pais seria aquela de toda a gente: a que a vida lhe dera (…). “Mas eu sei lá o que hei-de dizer ao rapaz? E, tu sabes o que vais dizer à miúda? Vês? A mim nem pai, nem mãe, nem avô, nem avó, nem tio, nem tia me explicou coisas que eram consideradas poucas-vergonhas e que não eram para falar diante dos gaiatos, não é?”. “Mas, os tempos são outros, diria a mãe”. “Pois, mas é com essa que me entalas (…) se tudo isso estivesse informatizado…”
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23 comentários:
E para todas as dúvidas levantadas no texto, ou outras que eventualmente surjam, nada melhor que pedir esclarecimento(s) ao Dr Daniel Sampaio.
Ele é a mãe extremosa que "pariu" tão ingente e urgente necessidade.
Mas valha-nos que sabe tudo sobre este (e outros) assuntos que a escola (na opinião dele) deve tratar.
Eu só não percebo por que é que ele não é professor do ensino secundário. Seja como for, as melhoras já se vão notando. Pelo menos na propaganda...
Não sei porquê tantas objecções à educação sexual nas escolas. Só pode ter a ver com o pudor dos pais e gerações anteriores que tanto tabu fizeram da questão e deixaram os filhos na ignorância e com as consequências físicas e psicológicas dessa ignorância.
É um assunto a ensinar como outro qualquer, até com bastante mais relevância na vida dos jovens do que muitas outras coisas que na escola se ensinam e que nunca chegam a ter aplicação prática na vida.
Concordo inteiramente com o comentário de José Ascenção.
Quer-me parecer que a educação sexual fará de longe mais bem do que mal, por muita ironia e gozo que se possa pôr neste tema, é algo que não é de todo descabido.
Miguel Teixeira
A primeira tentativa que houve de falar em educação sexual, quando eu estudava, ainda antes do 25 de Abril, foi pelo professor de educação física. O que o estupor disse naquela aula perturbou-me negativamente durante muito tempo. O que tinha aprendido antes e depois, através de conversas com colegas e revistas da Gina, jamais me causaram perturbações para além das excitações.
Teria tido concerteza muito prazer em ter tido aulas de educação sexual com a minha professora de matemática, mas isso hoje poria a senhora em muitos maus lençóis.
Resumindo. Transformar a educação sexual em disciplina, significa que essa chegará aos alunos ao mesmo tempo, estejam ou não preparados para isso. Os alunos são todos diferentes e merecem e têm direito a uma educação sexual personalizada e de acordo com a sua própria busca.
Vá lá... haverá algum mal se falarmos na escola da "melhor diversão que um ser humano pode ter sem se rir".
Um texto imbuído de maus humores (fede ligeiramente a naftalina) de quem quem acha, naturalmente, que o sexo é uma coisa muito séria.
A educação sexual deixa de ser um problema do estado quando deixar de ser do estado o problema das doenças sexualmente transmissíveis (cada um que pague as suas contas de saúde), o problema da gravidez na adolescência (não cabe ao estado pagar os cuidados de saúde das jovens mães, nem as pensões para a criança e assim sucessivamente), quando deixar de ser da escola o problema dos jovens que não são devidamente apoiados e acompanhados pelos pais e assim sucessivamente.
Falar de educação para a sexualidade e para a afectividade, que eu saiba, não implica falar da vida pessoal de cada um. É como se o facto de falar de relações sociais, grupos, fenómenos grupais e afins nas aulas de Psicologia Social ou de Sociologia implicasse uma análise pública das minhas relações sociais, dos meus grupos, das minhas relações profissionais, etc.
IB
Sem responsabilização nada feito. As borlas e mais borlas a justificar e paliar a pobreza serão desastrosas, o que falta são os pais e as famílias na vida das crianças, o Estado não pode entrar dentro da nossa casa. Os EUA provam hoje o sabor amargo deste tipo de políticas.
Desconfio sempre que o estado mete o nariz na nossa vida privada. Temo o politicamente correcto. As aulas de educação sexual são um risco , onde politica de estado e politicamente correcto se misturam , mas "melhor não tê-las?!
Mas se não temos, Como sabê-lo?"
Sem mistificações, há muitas coisas que os jovens devem saber.
Parece que uma boa parte dos comentadores gosta que o Estado os substitua no seu papel de pais e educadores dos seus próprios filhos.
Será que estes comentadores consideram que o estado é capaz de educar melhor os seus filhos do que eles próprios? Parece que acreditam que sim e parece que não se incomodam com isso. Será que não percebem que estão a demonstrar o seu fracasso enquanto educadores dos seus próprios filhos?
Mas a questão que mais me perturba é o facto destes ensinamentos estatais serem de cariz obrigatório. Será que eu enquanto pai não posso afirmar com todas as letras que quero ser pai dos meus filhos? Será que não posso afirmar com todas as letras que quero ser responsável pela educação dos meus filhos? Será que não posso assumir com todas as letras a responsabilidade do meu filho? E se posso, como o fazer de forma simples? Será que tenho que preencher um formulário estatal e esperar que o mesmo seja carimbado por uma imensa cadeia de zelosos burocratas para finalmente poder assumir-me com pai dos meus filhos?
Estranha sociedade a esta que estamos a construir. Ninguém é responsável por rigorosamente coisa nenhuma. A responsabilidade é sempre atirada para uma coisa chamada estado!
Não é uma questão de o Estado substituir os pais ou de se isentar das suas responsabilidades. O mundo não é a preto e branco. Há concerteza pais capazes de educar os seus filhos quanto à sexualidade, como há muitos que o não são. A escola é um complemento da educação dos pais e a educação dos pais é um complemento da educação da escola.
As aulas de educação sexual podem ser um bom sítio, por exemplo, para se ensinar aos jovens que os homossexuais também são gente porque com tantos comentários homofóbicos que se vêm pelos sites da internet há com certeza por aí muitos pais a dar maus exemplos aos filhos.
http://fiel-inimigo.blogspot.com/2011/01/ler.html
Desculpe não ter legendas.
Os pais podem e, obviamente, devem educar os filhos, é a eles, mais do que a qualquer um, que cabe essa função. Tudo correria bem não fossem três problemas: pais que se demitem dessa função, pais que evitam este tema e aqueles que infelizmente não têm nada de bom para transmitir aos filhos neste assunto.
O facto de se falar de sexo, de sexualidade, de doenças, permite que isso seja um tema menos tabu, se é falado nas aulas torna-se mais fácil falar em casa. Assim é mais fácil aos jovens pensar e formar ideias com base no que ouviram na escola, no que os pais lhes dizem, no que comentam com os colegas e com o que eles mesmos experimentam.
Educar um filho, “assumir com todas as letras a responsabilidade” de um filho, não é ter o monopólio das ideias a que ele está sujeito ou de ditar lhe o que é certo ou errado, é ajudá-lo a encontrar respostas que sejam positivas para ele e para a sociedade em que ele vive. Ter para além da opinião e do sistema de crenças dos pais, outro, que pode ser ou não concordante, ajuda a ter uma posição mais informada sobre qualquer tema.
Pergunto-me quantas vezes não terá sido a informação dada nas escolas a salvação de filhos que de outra forma estariam limitados pelo preconceito e ignorância dos pais.
Podemos discutir a forma como se dá a informação, que informação é que se dá e etc, mas o conceito de educação sexual é, sem a mínima dúvida algo por demais necessário nos dias que correm. Todos os pais a deviam entender como um bom auxílio para ajudarem os filhos num tema tão sensível e importante.
Miguel Teixeira
"Não é uma questão de o Estado substituir os pais ou de se isentar das suas responsabilidades. O mundo não é a preto e branco. Há concerteza pais capazes de educar os seus filhos quanto à sexualidade, como há muitos que o não são."
Aí está a conversa do costume. Há pais que... e como tal o estado deve... e quem é que define os pais que são politicamente correctos e os que o não são? O estado? Através de uma portaria? Através de um decreto Lei?
"As aulas de educação sexual podem ser um bom sítio, por exemplo, para se ensinar aos jovens que os homossexuais também são gente porque com tantos comentários homofóbicos que se vêm pelos sites da internet há com certeza por aí muitos pais a dar maus exemplos aos filhos."
"há com certeza por aí muitos pais a dar maus exemplos aos filhos" E quem é define o que são bons exemplos nesta matéria? O estado? Através de quem? Quando a esquerda estiver no poder publica-se uma portaria com um teor x, quando for a direita com o teor y. Será assim?
Não será mais simples e eficiente cada um assumir as suas responsabilidades?
O estado tem servido para as minorias se imporem às maiorias. E este é apenas mais um caso. O estado até já se mete na vida privada das famílias e chega ao absurdo de ensinar sexo a crianças com 6 anos de idade, porque e cito: "há pais que..."
@RioD'Oiro: não se preocupe com a falta de legendas, acho que toda a gente percebe que o seu link mostra um filme pornográfico a simular uma aula. Devia ter-se preocupado era com a relevância do seu comentário para o assunto em questão.
"Educar um filho, “assumir com todas as letras a responsabilidade” de um filho, não é ter o monopólio das ideias a que ele está sujeito ou de ditar lhe o que é certo ou errado, é ajudá-lo a encontrar respostas que sejam positivas para ele e para a sociedade em que ele vive. Ter para além da opinião e do sistema de crenças dos pais, outro, que pode ser ou não concordante, ajuda a ter uma posição mais informada sobre qualquer tema. "
Está a falar na substituição da sociedade pelo estado. E se o estado deixasse a sociedade respirar? Não seria melhor? Não seria melhor fazer o empowerment das famílias e em troca responsabiliza-las pelos resultados? Não seria mais eficaz? Aquilo que defende faz com que ninguém seja responsável por nada. Um dia destes ainda teremos um ministro da educação a culpar os professores e as escolas pelas adolescentes grávidas....
E quando fala em monopólio, deve haver aí um qualquer erro de interpretação dos mandamentos estatais. Repare que quem quer o monopólio nesta matéria é o estado ao tornar este assunto obrigatório nas escolas e desde os 6 anos de idade... No tempo de Salazar condenava-se a ditadura por a escola estar ao serviço do regime e hoje? Parece que hoje estamos na mesma ou até pior. Agora até existe a educação para os afectos... a escola perde tanto tempo e energia a tentar operacionalizar as utopias de uns quantos que já esqueceu do seu core business.
Ó Fartinho, essa de estarmos na mesma ou pior do que no tempo de Salazar é uma graça sem graça nenhuma não é? Que idade tem você?
A idade é sentença ou argumento?
A escola no tempo de Salazar não seguia orientações ideológicas? E agora, não?
É que gostava que tivesse respondido às questões.
Espero que aqueles que vituperam as aulas de educação sexual, não sejam os mesmos que querem os alunos, amarrados à escola, das 8h às 19h.
Eu também desconfio da intromissão do Estado nesta área, sobretudo na tentativa de educar os afectos. Mas, não podemos negar,que há assuntos que os jovens, para se protegerem, devem conhecer e debater.
Não gosto de de responder a questões, só de as pôr. Assim como Sócrates.
É que pondo-as vejo muita gente aflita...
É impossível não seguir orientações idelógicas. Caro Fartinho: agora também. A diferença está em que são outras. Faz grande diferença (para o mesmo ou pior diz você, para melhor digo eu).
Caro Anónimo das 21:30,
"Espero que aqueles que vituperam as aulas de educação sexual, não sejam os mesmos que querem os alunos, amarrados à escola, das 8h às 19h."
Claro que são os mesmos e acrescento que defendem isto para os filhos dos outros.
"Eu também desconfio da intromissão do Estado nesta área, sobretudo na tentativa de educar os afectos. Mas, não podemos negar,que há assuntos que os jovens, para se protegerem, devem conhecer e debater."
É verdade, mas na escola? Não se está a exigir demais a esta instituição? Não seria melhor centrar a missão da escola naquilo que sabe fazer bem e responsabilizar os pais pela educação dos seus filhos, tal como se está a fazer em tantos países ocidentais? É que este modelo já todos sabemos que cria mais problemas que soluções.
Não falo nunca em substituição nenhuma, aliás existirem duas perspectivas ao invés de uma não me parece em nada uma substituição mas sim uma adição que permite aos alunos formarem uma opinião melhor.
E também, ao contrário do que diz não pretendo desresponsabilizar ninguém, gostava é que me dissesse como é que pretende responsabilizar um pai por ser completamente negligente com a sexualidade dos filhos? Manda multá-lo? As grávidas adolescentes não são culpa de mais ninguém a não ser da rapariga e do rapaz envolvidos, mas acho que não pode negar que os pais, a escola, a sociedade têm um papel que pode diminuir a probabilidade de tal acontecer. Eu penso que com isto concordará não?
E repare, o estado apenas tem o monopólio no caso dos pais se demitirem deste assunto, caso contrário estes terão todo o tempo e legitimidade para defenderem as suas opiniões junto dos filhos ou estou errado? Não vejo onde entra o salazar aqui, parece-me que ninguém está impedido de questionar contrariar ou de não seguir o que for ensinado, tudo está em aberto para pais e alunos.
Quanto à idade e ao modo como as aulas decorrerão não sei se será da melhor forma, mas mais uma vez lhe digo que o que estou a discutir é o princípio de as aulas existirem, não o modelo em particular.
Gostava também que me dissesse que minorias e maiorias se refere no seu post.
E quanto ao facto de se mudarem portarias conforme o governo, concordo consigo que em muitos temas será difícil chegar a um consenso mas também verá que num grande número deles o acordo é bastante óbvio.
Também concordo quando diz que a escola tem agora muito mais obrigações para além do seu "core business" mas não encontro neste momento outra solução, a não ser que a juntar à negligência paternal (causa da necessidade das novas funções da escola) se junte a estatal, deixando os jovens ao autodidatismo que tantos problemas traz.
Miguel Teixeira
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