domingo, 7 de novembro de 2010

O ÚLTIMO PLANO INCLINADO


O recente post de J. Norberto Pires, publicado hoje, suscita-me os seguintes e breves comentários motivados pelo "Plano Inclinado", da noite passada, em que participou o Eng. Ângelo Correia.

À crítica levantada pelo Dr. Medina Carreira, como habitualmente sem papas na língua, à promiscuidade existente entre o poder político e o poder económico (como seja, a "fuga" dos políticos para os grandes grupos económicos) defendeu Ângelo Correia essa vantagem, mormente no caso de antigos deputados, devido ao facto de o país não ser rico em "grandes cérebros". Ou seja, para se ser um bom administrador das maiores empresas do país há que satisfazer a condição "sine qua non" de se ter sido ministro ou deputado, sendo os ministérios e a Assembleia da República uma espécie de estágio (eu diria mesmo de limbo) para se alcançarem os lugares mais bem pagos do país.

Países há em que, pelo contrário, se vão buscar os "grandes cérebros" da vida cultural, científica e económica da sociedade civil para servirem a "res publica". Enfim, maneiras diferentes de encarar um mesmo problema...

23 comentários:

Grunho disse...

O Ângelo Correia ter-se-á na conta de "grande cérebro?

Rui Baptista disse...

Caro Grunho:

A essa questão, unicamente, Ângelo Correia poderá responder com (des)conhecimento de causa...

Anónimo disse...

Ângelo Correia..... sim, um homem de ideias - aliás, um cérebrozinho desaproveitado.

Aqui há uns largos anos era conhecido pelas suas tiradas brilhantes. Um totó.

O 4º poder poderia ter um papel importante mas prefere ter um papel popularucho para vender. Por mim, acabava-se o tempo de antena para estes mentecaptos políticos. Num ano estavam todos off.

Cruz Gaspar

Anónimo disse...

Entre um Medina Carreira
e um ângelo Correia
haverá mais que uma ideia
para escolher a bandeira?

JCN

Anónimo disse...

"Enfim, maneiras diferentes de encarar um mesmo problema...". De acordo. O problema de saber qual a melhor é que é complicado... por isso, em geral, não se aborda.
J. J. Ramos

depatasproar disse...

A melhor foi quando, após mais uma efabulação ufana do Eng. Ângelo Correia sobre a imprescidibilidade dos partidos e respectivos membros para o bem estar dos cidadãos -- teria mais a ver com a imperiosa necessidade de aos seus ser dada urgente oportunidade de tratar dos superiores assuntos da Nação... --, o Dr. Medina Carreira, com a sua proverbial franqueza, inquiriu com um sorriso matreiro:
-- Você acredita realmente no que está a dizer??

Anónimo disse...

"como habitualmente sem papas na língua". É verdade. Mas também não costumam por-lhe adversário à altura, põem-lhe gente da mesma opinião...assim também eu...
Ramos

Ana disse...

O facto do país estar na bancarrota e a ponderar ser "comprado" pela China é prova dos grandes cérebros que imperam na política...

Que tristeza, Rui Baptista, este país dá mesmo vontade de chorar... :(


Ps - esse senhor não deve conhecer o dito de Confucio, "mais vale estar calado e parecer estúpido do que abrir a boca e acabar com qualquer dúvida" (algo assim...)

Anónimo disse...

Para gestor de uma empresa
devia ser recusado
em sua própria defesa
um qualquer ex-deputado!

Como é fácil de supor,
o mesmo aconteceria
a ministro ou assessor
por questõea de analogia!

JCN

Anónimo disse...

A questão é saber se, realmente, existe "adversário à altura"! Cadê? JCN

Rui Baptista disse...

Caro Anónimo, 19:04:

Diz que Medina Carreira se confronta com "gente da mesma opinião".Nem sempre.

Haja em vista, por exemplo, o programa em que participou Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP, que está longe de ser pêra doce nesta espécie de debates, em que Medina Carreira desmontou o seu discurso tipicamente sindicalista, repetido até à exaustão. Esta a minha opinião pessoal, e, como soe dizer-se, as opiniões valem o que valem.

Seja como for, Medina Carreira é uma pedrada no charco da apatia nacional em aceitar o mau fado deste pobre,triste e sebastiânico país como um mal a que se não pode fugir.

Em resumo, Medina Carreira dá voz a quem não tem voz, ou sítio em que possa manifestá-la, e traz esperança a portugueses desesperançados numa hora em que são decalcadas, quase a papel químico, as razões que levaram ao fim da I República. Será que os portugueses não aprendem com os erros do passado?

Carlos Ricardo Soares disse...

Tiradas "inteligentes" como a do Ângelo Correia é que me levam a crer que se o país tivesse dispensado os políticos, vá lá... em 1910, hoje os proveitos dos grandes cérebros na economia e nas empresas seriam inevitáveis. Esses grandes cérebros consomem demasiados recursos e produzem desgoverno; apostava que são o maior empecilho ao desenvolvimento. Portugal já teria desaparecido se não fosse a clandestinidade e a economia paralela. Para os tais grandes cérebros parece não haver nada melhor.

Rui Baptista disse...

Caro Professor JCN (19:41):

Escreveu em duas quadras o que muitos portugueses "pensam" e defendem em prosa ou de viva voz.

Rui Baptista disse...

Caro J. J. Ramos (19:01):

Julgo ser esta a verdadeira diferença: deve servir-se a “res publica” e não servir-se da “res publica”. O "a" e o "da" fazem essa destrinça.

Anónimo disse...

De facto Medina não debate, Medina prega...e Mário Crespo afastou quem pudesse responder. O programa é intelectualmente pouco estimulante.

António Viriato disse...

Ângelo Correia é mesmo assim, capaz do melhor dito, do pensamento mais oportuno e acertado, como da pior saída, de asno acabado, que nos pretende tomar por lorpas, embevecidos das suas múltiplas capacidades.

Esta dos cérebros privilegiados da Política exportados para a Gestão das Empresas é de uma desconcertante hilaridade, até pela dose de presunção envolvida.

Mas desta, como da água benta, cada qual tomará a que quiser. Depois, porém, não se admire da reacção alheia.

Rui Baptista disse...

Caro Anónimo (22:41):

Eu não subestimaria o papel de Carvalho da Silva, doutorado em Sociologia e com um longo traquejo em debates sindicais televisivos. Ou seja,nesse debate, aliás como no debate com Ângelo Correia,Medina Carreira não pregou: debateu ideias e apresentou argumentos.

Encontrou pela frente contra-argumentos que debateu com a convicção de quem acredita que é através de discussões deste género que se podem encontrar soluções para um país a debater-se numa crise económica, política, educativa e cultural muito pouco (ou mesmo nada) animadora.

Deixar correr o marfim ou esconder a cabeça na areia como o avestruz, não me parece, de forma alguma, uma atitude de salvação nacional.

Finalmente, não gostaria de ser obrigado a comungar do pessimismo de Jorge de Sena: "Cada vez mais penso que Portugal não precisa de ser salvo, porque estará sempre perdido como merece. Nós todos é que precisamos que nos salvem dele".

Anónimo disse...

Altero a minha quadra das 18:52 para:

Entre o Ângelo Correia
e o Medina Carreira
é predominante a ideia
de este ter maior craveira!

JCN

Anónimo disse...

Uma vez apareceu o Carvalho da Silva e de outra o João Semedo. As coisas foram então diferentes. Mas quantas vezes o programa consistiu de Medina acompanhado de quem só dizia amen? Não falo das minhas opções políticas, falo só do programa do ponto de vista jornalístico. Fazia-me lembrar aquela coisa da Manuela Moura Guedes, eu até achava piada e não perdia a palhaçada mas obviamente não era um programa de debate sério. Mas fazia rir. O plano inclinado tem a aparência de sério mas, jornalisticamente, não é, raramente há debate, é mera propaganda anti-sócrates. Claro há sempre quem goste, mas aquilo é mais comício (sem o parecer) do que debate. Os comícios também têm o seu lugar, claro. Pena o Medina não ter tido estas ideias quando era Ministro. Acontece com muitos, só se lembram depois...

Rui Baptista disse...

Caro Anónimo (09:55).

A minha resposta ao seu comentário teve apenas a intenção de reforçar que nem sempre Medina Carreira se defronta com interlocutores que navegam nas suas águas. Obrigado por se ter referido à participação de João Semedo, do Bloco de Esquerda, deputado e médico de profissão que teve uma prestação sobre os problemas da Saúde muito assinalável.

Estas participações de Carvalho da Silva e de João Semedo são a prova provada (como soe dizer-se) de que Medina Carreira não faz do Plano Inclinado uma coutada própria e dos seus amigos que com ele concordam.

Quanto à prestação ministerial de Medina Carreira há que ter a isenção em reconhecer que se vivia em tempos próximos de um PREC em que a política dura e de verdadeira loucura não deixava grande espaço de manobra e em que os dinheiros da Comunidade Europeia não jorravam de de torneiras deixadas abertas em verdadeiro desperdício ou que os canalizavam para destinos pouco recomendáveis.

Respeito a sua opinião sobre a qualidade do PlanoInclinado, embora dela discorde. Já não concordo que em democracia se acabem programas televisivos que não agradem ao poder vigente como foi o caso do Programa da Manuela Moura Guedes.

A terminar, agradeço os seus dois comentários, mormente, pela forma correcta como foram tecidos. E, principalmente, por a Democracia nos permitir expor os nossos pontos de vista.

Cordialmente,

Anónimo disse...

Os deputados falando
fazem-me sempre lembrar
de inúteias sapos um bando
junto a um charco a coaxar!

JCN

Anónimo disse...

Que belo tema daria
para uma caricatura
como Bordallo sabia
com seu sarcasmo à mistura!

JCN

Anónimo disse...

Na penúltima quadra, corrijo a gralha "inúteias" por "inúteis". JCN

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