domingo, 14 de novembro de 2010

Henrik Górecki: um adeus com algo cósmico

Nesta minha primeira contribuição para este espaço virtual de referência na nossa sociedade (científica, cultural, um todo!), gostaria de começar por agradecer o convite que me foi formulado pelo Prof. Carlos Fiolhais. Sou um assíduo e atento seguidor dos pedaços de sabedoria diária que o De Rerum Natura partilha com todos nós e confesso que o primeiro sentimento que tive ao receber o convite foi um enorme "encolhimento de espírito"; perante a grandeza intelectual dos meus companheiros de blog, apenas posso citar Newton e afirmar convictamente "se vi mais longe, foi porque estava sobre os ombros de gigantes". Assim, fica aqui o meu sentido agradecimento.

Apesar da minha cabeça ser povoada pelo mundo dos livros (por profissão) e pelo mundo do Cosmos (por formação académica e paixão íntima), hoje gostaria de assinalar o desaparecimento de uma figura do mundo da música: Henryk Górecki, provavelmente o mais conhecido compositor polaco dos nossos tempos, deixou-nos no passado dia 12 deste mês.

A obra mais conhecida foi a sua 3.ª Sinfonia - "Symphony of Sorrowful Songs" - uma peça que retrata todo o turbilhão emocionalmente pesado, triste, densamente melancólico associado à tragédia dos judeus na 2.ª Guerra Mundial. Nessa mesma obra, foram incorporadas elementos vocais do texto do séc. XV "Holy Cross Lament" e algumas frases que recuperou das paredes de uma prisão da Gestapo, acrescentando assim um componente imensamente dramática nessa sua famosa sinfonia.

Porém, gostaria de realçar uma outra criação de Górecki, não tão conhecida mas igualmente poderosa do ponto de vista da beleza e da sua origem. Em 1973, a UNESCO declarou que esse seria o ano de Copérnico, uma forma de relembrar os 500 anos do nascimento de um dos mais importantes homens da revolução astronómica dos séculos XV e XVI. Quem melhor do que um seu compatriota para glorificar musicalmente o seu impacto? Assim nasceu a sua Sinfonia n.º 2, II Symfonia "Kopernikowska". Apesar de menos conhecida, é uma obra que capta todo o fascínio, mistério, deslumbramento e triunfalismo que o intelecto de Copérnico trouxe dos céus para a ciência e cultura do Homem.

Para apreciar (a sua parte final).


2 comentários:

Luis Costa Ribas disse...

Parabéns, Miguel, pela associação a um tão ilustre naipe de pensadores.

Miguel Gonçalves disse...

Obrigado, Luís. De facto, é uma honra pesada pela excelência da qualidade. Espero estar à altura.
Abraços,
MG

O corpo e a mente

 Por A. Galopim de Carvalho   Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...