A minha crónica regular no "Jornal de Notícias" (16/12/2009 - "Passeio Público"):
Dizia recentemente um grande industrial europeu aos seus vários colaboradores, na reunião anual da empresa, depois de ter instalado várias unidades na China e países de leste: “Foi um erro. Temos de voltar a aprender a fazer o que sabíamos fazer. Com qualidade. Liderando a inovação técnica. E fazer aqui na nossa casa. Na Europa”. Deslocalizar a produção para reduzir custos não é sustentável e funciona contra o modelo europeu.
Portugal tem desmerecido uma estratégia que coloca o foco nas pessoas e na sua capacidade de reinventar o seu futuro. Uma estratégia clara de desenvolvimento teria tornado evidente a necessidade de reforço da capacidade científica e técnica, a necessidade de cuidar a educação como recurso nacional precioso, bem como a imperiosa necessidade de incentivar a criatividade e capacidade empreendedora. Como muitas empresas europeias, Portugal preferiu meter-se por atalhos esquecendo que o futuro se constrói passo-a-passo.
Precisamos essencialmente daqueles que investem em Portugal para utilizar a qualidade dos nossos recursos humanos, para quem constituímos uma vantagem competitiva porque identificam os nossos sucessos na transformação de conhecimento em ideias de negócio e em empresas, que reconhecem a nossa capacidade criativa. Não precisamos do investimento que tem como único objectivo salários baixos ou incentivos financeiros à instalação. São atalhos. E quem se mete por atalhos... mete-se em trabalhos.
Nessa perspectiva é muito importante reconhecer o papel do consórcio INOV-C, liderado pela Universidade de Coimbra, nessa nova atitude do Centro de Portugal. Na verdade, o consórcio permite um conjunto de sinergias alargadas num conceito de parque de ciência e tecnologia multipolar alargado à região, e no qual se inclui, entre outros, o iParque, o Biocant e o IPN. As vantagens são as da integração, da coordenação próxima, da eficácia e da não duplicação de meios e infra-estruturas. A candidatura foi aprovada pela Comissão Directiva do Programa Operacional Regional do Centro em Dezembro. Ao todo foram atribuídos cerca de 23, 5 milhões de euros de FEDER ao projecto conjunto. O iParque candidatou as suas duas fases de construção - que incluem os terrenos, as infra-estruturas, o Business Center, o edifício Nicola Tesla (acelerador de empresas), o sistema de mobilidade do parque e as infra-estruturas de comunicação – num total de 24.390.000 euros. Esta aprovação atribui ao iParque 11.045.040 euros do FEDER.
O objectivo é ser uma das 100 regiões mais inovadoras da Europa e por isso atractiva para iniciativas empresariais que signifiquem um considerável investimento estrangeiro diferenciador, que é necessariamente o investimento na nossa capacidade de sermos criativos e empreendedores. Esse é que é o investimento relevante e sustentável.
:-)
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
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