sábado, 15 de novembro de 2008
A MATEMÁTICA NÃO É NENHUM PAPÃO
Minha crónica no "Sol" de hoje:
Bem podem dizer que a média dos exames nacionais de Matemática do 12.º ano subiu nos últimos anos. Contudo, só por um passe de mágica poderá a média dos alunos internos ter subido de seis valores em dois anos. O facto é que os alunos portugueses têm tido maus resultados em testes internacionais que procuram medir os conhecimentos e capacidades nessa disciplina e, como no plano internacional não funciona a magia lusitana, provavelmente não haverá melhorias tão cedo.
Quererá isto dizer que os portugueses estão condenados a ser maus a Matemática? Não seremos capazes? Não, quer só dizer que o ensino dessa disciplina não está a ser o que devia. A Matemática não é nenhum papão que amedronte os meninos no escuro, pois, se se abrir a luz, verificar-se-á que não há lá monstro nenhum. É isso que o ensino da Matemática, ao nível básico e secundário, devia fazer: abrir a luz. Sobre os modos de alcançar esse fito irá realizar-se, a 17 e 18 de Novembro, na Fundação Gulbenkian uma conferência internacional. Outros países estão a encarar de frente o problema do insucesso no ensino da Matemática, em vez de o mascarar com provas “cozinhadas” com intuitos políticos.
A superação do insucesso tem, em boa parte, que ver com a valorização do esforço que é necessário para ir subindo uma longa escadaria, degrau a degrau, onde em cada patamar se vê mais longe e melhor. Um dos problemas é que, entre nós, não se valoriza suficientemente esse esforço. Ainda há quem, sem vergonha, se gabe de saber pouco ou mesmo nada de Matemática. Mas é impossível compreender o mundo sem o enorme poder que ela nos confere. Já dizia Galileu que “O Livro da Natureza está escrito em caracteres matemáticos”. Não significa apenas que está escrito em números pois a Matemática é muito mais do que números. Está também escrito em formas. E, acima de tudo, está escrito de um modo lógico. Para perceber o mundo é necessário, em primeiro lugar, usar o raciocínio lógico, uma capacidade que nenhum país civilizado pode hoje em dia dispensar. Nós não podemos.
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4 comentários:
provavelmente não haverá melhorias tão cedo.
Com a corrente balbúrdia, se não piorar já é bom!
Infelizmente não são estes os motivos que levam aos protestos dos estudantes.
Temos que analisar algumas questões para o insucesso da matemática mas não só, primeiro temos vários niveis de docencia, ou seja professores que não o são, gente oportunista que está na educação após o 25 de abril tipo valter lemos secretário da educação, que recebeu equivcalencias pedagógicas através de aldrabices provindas de decretos de lei, essa gente que apelido de 2ª vaga de brigada do reumatico, andam a empatar o ensino em portugal, depois temos o pessoal dos anos 80 e noventa, os desesperados e os convertidos ao eduques, e finalmente os jovens recem licenciados que desesperam porque são jovens, tem pedagogia actualizada, garra e vontade de trabalhar mas tem velhos do restelo a ocupar o lugar.
O problema da matematica é o problema de qualquer outra disciplina, chegamos ao 5º ano e zás, toma fracções, equações e etc. tens que saber, ou decorar, e sem mais nem menos, n sabes para que serve, n sabes a utilidade prática, nada, tens que saber e saber fazer e acabou, o professora manda porque o ministério manda, assim sem mais, e diga-se de passagem que a pedagia do ensino é uma treta, eu eu passei 14 anos até ao secundário a levar com pedagogia errada, tirem as conclusões.
É isso mesmo: a matemática é sobretudo lógica. Comprender e raciocinar. Pensar. Não é nada difícil.
É como tudo: depois de perceber, é fácil. É como um jogo. Se perceber as regras consegue-se jogar. Mas não se consegue jogar se tão se tiver um pouco de paciência para aprender as regras.
Vale a pena fazer um esforço para compreender.
O problema é que esse esforço não é valorizado. Nem por muitos pais nem pelo Ministério. Cada vez é menos valorizado. Os meninos são incentivados a não usar a cabeça.
Basta usar a máquina de calcular...
É uma pena!
Veriam que era divertido.
Sobre este problema há um aspecto que geralmente não é tido em consideração. Será que todas as pessoas têm a mesma capacidade mental (foquemos apenas este aspecto para não complicarmos com questões sociais)para aprender Matemática? Para quem gosta desta ciência e compreende os seus meandros, tudo parece óbvio e lógico, pelo que o sucesso apenas depende da quantidade de estudo e da qualidade de ensino. Mas será assim?
Qualquer pessoa bem treinada e aplicada nos treinos pode ser um campeão em qualquer modalidade? Para se ser um bom músico basta praticar muito um instrumento e ter um bom mestre? Duas pessoas colocadas no mesmo ambiente num país estrangeiro aprendem com a mesma facilidade a língua estrangeira?
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